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Crítica | Seu Amigão da Vizinhança Homem-Aranha – 1X03 a 05: Crise na Identidade Secreta / O Grande Momento / O Unicórnio à Solta!

Homem-Aranha contra Bonnie e Clyde.

por Kevin Rick
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  • spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos outros episódios da série e, aqui, as críticas de todo nosso material do Universo Cinematográfico Marvel.

1X03
Crise na Identidade Secreta

Um leitor trouxe um bom ponto na crítica de A Sorte de Parker: não faz sentido Peter ser estúpido o suficiente para trocar de roupa dentro de um prédio com alta vigilância. É, sim, uma escolha ruim do roteiro, mas, de certa forma, meio que faz parte do senso de ingenuidade e inocência que cerca o personagem na série e em sua proposta de resgatar a essência da mitologia do aracnídeo antes de multiversos e batalhas cósmicas, além de ter sido uma reviravolta corajosa de se fazer logo no início da animação. Crise na Identidade Secreta lida diretamente com a revelação do personagem, que é colocado em uma difícil posição de ter que confiar em Osborn (Colman Domingo, muito bem no papel) enquanto lida com mais criminosos em posse de tecnologias estranhas.

Assim como acontece nos dois episódios anteriores, o roteiro é extremamente padrão e segue à risca os temas e características do arco de Peter, passando por seus problemas com dinheiro, seu grande senso de honestidade e proteção, e a sua eterna carência de uma figura paterna. Gosto bastante das cenas mais “prosaicas” com o protagonista, tanto no jantar com Osborn, nas interações com os amigos na escola e principalmente no momento quase melancólico da Tia May vendendo os objetos do Tio Ben. A produção continua muito simpática e muito confortável dentro do que se espera de uma história do teioso. Acho a direção um pouco menos estilizada nesse episódio – notem o menor uso de quadrinhos e ângulos que emulam diagramações -, mas também mais fluida na animação. Talvez sejam os meus olhos acostumando com os visuais estranhos da obra, mas gostei da luta na reta final do episódio.

No fim, Crise na Identidade Secreta confirma que Seu Amigão da Vizinhança Homem-Aranha joga seguro em sua história, mesmo seguindo a reviravolta do episódio anterior. Fora da parte técnica ousada, para bem ou para mal, fica bem claro o mais do mesmo do roteiro, que, mais uma vez, segue simpático, mas sem nenhum grande destaque. Isso fica mais notável para mim pela forma como a trama de Lonnie é substancialmente mais interessante se colocada em contraste com a trajetória de Peter. Mesmo compartilhando temas, o arco do coadjuvante tem tópicos mais espinhosos, oferece um caráter mais maduro e entrega uma narrativa bem mais intrigante de acompanharmos, principalmente pela dúvida de saber para onde o personagem vai, mesmo para aqueles que o conhecem das HQs.

1X04
O Grande Momento

O Grande Momento explora um pouco mais o relacionamento entre Osborn e Parker, ressaltando como a mentoria do possível antagonista fede a manipulação e controle. Por mais bem humorado que sejam as trocas de uniforme do personagem, esses momentos enganosamente descontraídos encaminham a narrativa para um grande desastre nos métodos estranhos do personagem e na forma como ele trata Parker como um experimento pessoal. Seu grande discurso sobre heroísmo apenas enfatiza suas características duvidosas. Por mais previsível que seja tudo isso, ainda penso que os roteiristas são charmosos e eficientes na maneira como estão construindo as coisas, incluindo a forma orgânica como inserem os acontecimentos do UCM dentro dessa linha alternativa, como o Tratado de Sokovia – confesso, porém, que é esquisito não ver o Homem-Aranha no centro de uma discussão sobre identidade secreta.

O episódio, no entanto, confirma algo que pode ser encarado como uma qualidade ou um problema: a trama de Lonnie é muito mais interessante do que a jornada do teioso, apesar de ser realisticamente esquisito que uma promessa de futebol americano – especialmente um quarterback – ficaria numa situação tão indefesa assim, sem a ajuda de ninguém. De qualquer forma, esse destaque já tinha ficado claro no terceiro episódio, mas se torna ainda mais contundente na complicada caminhada do jovem atleta pelas gangues de Nova York, com um destino sombrio se formando em torno de uma boa pessoa. A pequena expansão de mitologia com a adição do Escorpião também me agrada, com um elenco bem extenso de antagonistas nesse ponto da temporada, com maior destaque, claro, para a aparição de Otto Octavius no final do episódio – com cabeça quadrada, cabelo de cuia e tudo mais!

Não sei se é a familiaridade com o protagonista falando muito alto, mas a impressão que fica até aqui é de que os roteiristas estão jogando seguro com o aracnídeo e se divertem com a maior falta de amarras na trama de Lonnie, o que pode tanto ser encarado negativamente, com uma produção do Homem-Aranha ficando de coadjuvante para outro personagem, ou positivamente, com uma construção muito boa de um vilão meio B indo de amigo até antagonista. De qualquer forma, a série se mantém agradável, talvez apostando menos do que deveria, mas entregando um pouco de tudo sobre o universo do teioso e nos apresentando uma subtrama que chama a atenção. A reta final do episódio, porém, volta a trazer os holofotes para o Homem-Aranha – em um traje bonito, apesar de “sem vida” -, com uma direção muito boa nos saltos do personagem pelos prédios, na perseguição de um roubo e no salvamento de alguns civis. Fico apenas com a dúvida se a escolha de fazer com que Harry também saiba a identidade de Peter é realmente boa, mas veremos.

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O Unicórnio à Solta!

Outro bom episódio da série, O Unicórnio à Solta! é talvez o capítulo mais divertido da série até aqui, muito por conta de seus vilões. Começando pela participação curta, mas muito boa do Doutor Octopus, com direito a ótima caracterização, falas de megalomania muito boas e até uma trilha sonora comicamente sinistra seguindo o personagem, o episódio se diverte com o exagero dos antagonistas, com destaque para o grupo de criminosos russos que tomam de assalto a narrativa. Vemos algumas das melhores coreografias da animação da obra até o presente momento, além de algumas das melhores piadas do Homem-Aranha em ação.

Confesso que não estou completamente vendido com Harry como o “cara da cadeira”, mas o personagem trouxe um bom tom de humor em suas interações com Parker, bem como uma fricção com a Nico, que cresce com ciúmes do protagonista. Bacana como os roteiristas seguem dando importância para esse lado juvenil da história, algo que pode desagradar alguns dos espectadores mais velhos, mas que faz parte da essência do personagem, sendo que a alienação do Peter sobre redes sociais não poderia ser mais assertiva e muito identificável para qualquer nerd/geek por aí. Senti um pouco a falta da presença do Norman Osborn, que traz um quê de manipulação e uma presença forte em tela, mas de maneira geral temos mais uma trama simpática.

Do lado de Lonnie, as coisas seguem indo de mal a pior, com o coadjuvante gradualmente deixando de lado suas responsabilidades e aos poucos aderindo ao mundo do crime. Não estava esperando que ele fosse começar a gostar de tudo isso, porque pensei que o roteiro iria mais no sentido dele ser obrigado a participar dessa vida, até para não descaracterizar o que foi apresentado dele até agora, mas é uma ideia interessante, sem dúvidas. Mostra uma malícia que sempre existiu no personagem, apesar de eu preferir muito mais o outro tipo de proposta. A história em si de Seu Amigão da Vizinhança Homem-Aranha segue sem muito brilho, mas sigo me divertindo razoavelmente com a simpatia da obra. Veremos o que os próximos episódios prometem com tantos vilões do personagem já participando da história e o que o futuro aguarda para o Lápide.

Seu Amigão da Vizinhança Homem-Aranha – 1X03 a 05: Crise na Identidade Secreta / O Grande Momento / O Unicórnio à Solta! (1X03 a 05: Secret Identity Crisis / Hitting the Big Time / The Unicorn Unleashed) | EUA, 05 de fevereiro de 2025)
Criador por: Jeff Trammell (baseado na criação de Stan Lee & Steve Ditko)
Direção: Stu Livingston (1X03 e 05), Liza Singer (1X04)
Roteiro: Jeff Trammell (1X03 e 05), Charlie Neuner (1X04)
Elenco: Hudson Thames, Kari Wahlgren, Grace Song, Eugene Byrd, Zeno Robinson, Colman Domingo, Cathy Ang, Leilani Barrett, Paul F. Tompkins, Aleks Le, Erica Luttrell
Duração: Aprox. 30 min. cada

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