Embarcando na onda de sucesso de Pânico, Eu Sei O Que Vocês Fizeram no Verão Passado (1997) brincou com sua versão psicológica e previsível de coisas manjadas em filmes slashers, principalmente a ideia de que alguém estaria determinado a um acerto de contas sangrento, como visto em A Morte Convida Para Dançar (1980). Com uma investida “moderna”, Semana do Pânico trouxe seus talentos para se enquadrar no subgênero, contudo, pior do que não ter nada reinventar a roda, foi não saber o que fazer com a própria ideia.
Recém-formados, os seis amigos holandeses decidem comemorar partindo em uma viagem no final de semana para o litoral, com direito a muitas festas e gincanas — o chamado Sneekweek. Pondo o fim em toda curtição, o passado conturbado dos jovens vem à tona para provar que nem tudo pode ser esquecido. A base de pouquíssimos galões de sangue falso, a viagem se tornará o pior de seus pesadelos.
Carregado de tons voltados para o terror e a comédia, o filme dirigido por Martijn Heijne se lançou numa visão extensa para explorar os mistérios por trás do killer muito simples na vestimenta: luvas de borracha barata, capa de chuva e máscara plástica. Já as armas, qualquer furadeira ou serra circular deu para o gasto. Falando assim, qualquer mascarado em histórias do tipo se apropriou dessas características, mas aqui vai um grande exemplo de um slasher com um assassino nada marcante, ou melhor, que não cumpre o papel de intimidar e dar medo.
Tendo dois quesitos importantes para desenvolver, o primeiro sendo a identidade do assassino e o segundo o suspense em volta dele, foi pedir demais para algum desses fatores darem certos. Mesmo com a obviedade do subgênero de quando o vilão, trajado com sua máscara cinza cintilante iria agir contra suas vítimas, a direção de Heijne conseguiu ser convincente. Nesse caso, foi atirando em cima da breguice e mirando no humor despojado que alcançou um resultado tosco combinado de um elenco que não domina uma atuação eloquente — exceto por Carolien Spoor, que sobressaiu. Embora tivessem a função clara de impulsionar o mistério, os personagens, acompanhando a série de erros, se tornaram outro fator que nada acrescentam para a trama: sem desenvolvimento relevante, são resumidos em atitudes infantis e diálogos bestas na intenção de gerar alguma tensão.
Mais do que um filme sofrível, tudo evocava terror mais do que o vilão mascarado, inclusive, a temida edição e erros de continuidade: ora mostrava cinco personagens, em seguida um sumia totalmente da cena e aparecia minutos depois… diante de tantos tropeços, a direção não se deu conta de quão ruim estava se tornando a história, se esquecendo de preparar o enredo para o clímax e até mesmo de elaborar todas as ideias para um ritmo empolgante. Com mais de uma hora de filme, estávamos a par de um terror fraco, onde o vilão era incapaz de exercer sua vilania, além de um mistério nada interessante do roteiro escrito por Alex Van Galen.
O reflexo de altas coincidências e exposições demais para espectros que sabemos que não são usados com frequência no gênero soluciona o enigma rapidamente para quem estava atento e não esperando pistas. Desprovido de talento para ser um thriller favorável, Semana do Pânico se apoiava em obviedades e fazia exatamente o imaginado ao reproduzir os tropos dos filmes que inspirava (mesmo não assumidamente) além do retrato negativo ao reforçar a hipersexualização feminina.
A promessa era de que um slasher iria invadir o final de semana e explodir com consequências do passado, porém, antes de ser um slasher, não dá para ser um bom filme sem uma boa execução. Sneekweek, aí vamos nós, para um evento desastroso.
Semana do Pânico (Sneekweek/Scream Week – 2016)
Direção: Martijn Heijne
Roteiro: Alex Van Galen
Elenco: Carolien Spoor, Jelle de Jong, Jord Knotter, Hollly May Brod, Yootha Wong-Loi-Sing
Duração: 107 minutos