Filme adolescente, temática triste, uma garota que sofre, já vimos isso antes. Inúmeras vezes. E na atual circunstância, vai ser meio impossível não tecer comparações com outro filme do mesmo molde, A Culpa é das Estrelas.
Mia Hall tem um único sonho: ser uma grande musicista. Para isso não mede esforços ao ter que fazer sacrifícios e ensaiar, ensaiar e ensaiar. Num desses ensaios na escola ela é vista por Adam, roqueiro em ascensão de uma banda local. O garoto fica encantado, mas, muito insegura, Mia acha que é tudo exagero de sua amiga Kim. Afinal, por que um roqueiro iria se interessar por ela? Uma garota de 17 anos que tem como maior ídolo Beethoven? Adam é igual seus pais, Kat e Denny são dois roqueiros inveterados que abriram mão das turnês e shows para viver em família. Teddy, seu irmão mais novo vai pelo mesmo caminho.
Em um dia de neve em que as aulas foram suspensas, a família Hall decide fazer um passeio e acaba sofrendo um terrível acidente. Mia acorda e vê os destroços do acidente e se desespera por não sabe onde estão seus pais. Ela faz perguntas aos socorristas do local que não a respondem. É então que ela vê que a pessoa que estão socorrendo é ela mesma. Mas, não entende como é possível. Segue com a ambulância para o hospital e descobre que sua situação é bem grave. Vagando pelos corredores ela vê seus familiares extremamente deprimidos com o ocorrido e começa a mergulhar em diversas lembranças a fim de encontrar uma resposta para seu dilema. Ficar e enfrentar a situação ou partir.
Baseado no livro homônimo de Gayle Forman houve algumas mudanças para que a história ficasse melhor adaptada no cinema o que acabou contribuindo de forma positiva.
Com narrativas em primeira e terceira pessoa, a trama é conduzida quase que unicamente pelas lembranças de Mia fazendo com que a história transite entre passado e presente. Nesse ponto, o roteiro escorrega um pouco no excesso de dramaticidade, principalmente em relação ao casal adolescente. O relacionamento entre os dois é bonito, delicado e cheio de frases prontas, o que pode tornar alguns momentos cômicos ao invés de românticos, pois o espectador ficará com a sensação de déjà vu. Mesmo assim, o casal teen convence sobre o amor deles e é prazeroso acompanhar o nascimento desse romance, com todas as discussões e empecilhos comuns a qualquer namoro.
Tudo isso se deve graças aos atores Jamie Blackley e Chloë Grace Moretz, que se entrosaram bem em cena e desenvolvem perfeitamente seus papéis. Porém, mesmo que a personagem principal seja uma atriz talentosa como Moretz – afinal ela tem um currículo para ninguém colocar defeito – são os atores Mireille Enos e Joshua Leonard quem de fato roubam a cena. Cada vez que os pais de Mia aparecem, o clima fica mais leve, descontraído e os diálogos são ótimos.
A trilha sonora foi magicamente escolhida e sem ela, certamente, o filme não teria o mesmo sentido já que a vida de todos os personagens é regida de algum modo pela música.
R.J. Cutler dirige de forma correta e consegue vender a história, tornando-a uma boa adaptação, algo que convenhamos, não é tão simples assim. O fato de não explicar exatamente o que acontece com a personagem enquanto ela fica flanando pelo hospital, não interfere em nada, ainda que alguns possam não gostar.
Se Eu Ficar cumpre seu papel enquanto adaptação e consegue se mostrar um pouco superior ao A Culpa é das Estrelas, pois há um desenvolvimento melhor de todos os personagens. Contudo, não foge de cair nos inúmeros clichês do gênero. Nesse caso, filmes como E Se Fosse Verdade e Ghost atenderiam melhor ao público, mesmo que não sejam direcionados para o público teen.
Se Eu Ficar (If I Stay – USA 2014)
Direção: R.J. Cutler
Roteiro: Shauna Cross
Elenco: Chloë Grace Moretz, Mireille Enos, Joshua Leonard, Jamie Blackley, Liana Liberato, Stacy Keach, Gabrielle Rose, Jakob Davies, Ali Milner, Aisha Hinds, Gabrielle Cerys Haslett, Lauren Lee Smith, Adam Solomonian, John Emmet Tracy, Chelah Horsdal
Duração: 107 min.