Home QuadrinhosOne-Shot Crítica | Saguaro – Vol.5: O Preço da Traição

Crítica | Saguaro – Vol.5: O Preço da Traição

O fim de um conflito e início de outro.

por Luiz Santiago
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Confesso que O Preço da Traição foi um volume decepcionante para mim, apesar de sua trama não ser ruim. Meu maior problema com essa HQ foi a sua colossal semelhança temática e narrativa em relação a Irmãos de Sangue, dando a impressão de que eu estava lendo uma variação daquele quadrinho revista por um outro escritor. Entendo perfeitamente que a série foi concebida como uma continuação direta entre as aventuras, mas peguemos como a construção desse Universo se deu até esse momento, para pensar como a escolha aqui não foi bem-sucedida. No espaço entre as 4 primeiras edições da série, essa continuidade direta não tinha amarrado as pernas dos eventos principais. Todas as edições conseguiram andar um pouco em relação à outra, e trazer algo novo, o que praticamente não acontece aqui.

Saguaro, portanto, está diante das decisões tomadas no final da edição anterior, quando poupou a vida de Nastas Begay, seu grande amigo de infância e consequentemente comprou briga com os racistas da polícia. Bruno Enna até tenta agitar um pouco as coisas, fazendo com que o protagonista seja (aparentemente) expulso pelo FBI, mas isso logo se revela parte de uma chantagem para Saguaro — que aceita ser espião a fim de salvar um indígena inocentemente, acusado de fazer parte da grande revolta vista no volume 4. Esse princípio de luta é bom, criando um conflito interno digno de nota, mas ele nunca é plenamente explorado pelo autor. E então acumulam-se diversas cenas de perseguição, brigas, tiroteios e discussões. Algumas dessas cenas são boas, outras razoáveis, mas quando pensamos na funcionalidade delas dentro da série… dificilmente encontramos uma boa justificativa e possibilidade de avanço.

E não para por aí. Assim como a visão/sonho no gelo que Saguaro teve em Irmãos de Sangue, eu achei o isolamento dele e o retorno do contato com o gavião algo muito jogado. O lapso de tempo que o autor utiliza parece mais longo do que é na verdade, e a forma como muitas coisas transcorreram em tão pouco tempo me incomodou. É verdade que isso nos leva para a parte mais “cinematográfica” da edição, o momento mais ágil e mais chamativo da leitura, com um drama urbano resolvendo o restinho de conflito que sobrou do enredo anterior, mas ainda assim, vinda por uma linha frágil e apressada, começando sem brilho e tendo pouco tempo para mostrar serviço.

Eu comecei a ler Saguaro com muita animação, gostando muito de tudo o que via. As três primeiras edições da série me deixaram muito feliz. Eu não imaginava que, em tão pouco tempo, os roteiros chegariam a um impasse de continuidade. Não gosto dessa ideia de “continuação direta a passos de tartaruga“, como o autor fez especialmente neste quinto volume. Talvez eu ainda dê uma chance para ver como a saga se desenvolve em próximos livros, mas já aqui, a minha vontade de zerar a série diminuiu consideravelmente.

Saguaro – Vol.5: O Preço da Traição (Il Prezzo Del Tradimento) – Itália, outubro de 2012
No Brasil:
Saguaro n°1 (julho de 2022) – Editora 85
Roteiro: Bruno Enna
Arte: Italo Mattone
Capa: Davide Furnò
100 páginas

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