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Crítica | Ruptura – 2X09: The After Hours

Peças se movendo... no 2x.

por Kevin Rick
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios da segunda temporada e, aqui, da série.

The After Hours é um episódio que será melhor analisado depois do final de Cold Harbor, desfecho desta segunda temporada de Ruptura. Afirmo isso porque o showrunner Dan Erickson decide transformar o penúltimo capítulo do ano em uma grande preparação, fechando quase todas as pontas soltas das subtramas e dos arcos individuais dos personagens coadjuvantes para estabelecer o caminho para a esperada revelação da história: o que raios é o projeto da Lumon? Em termos de reorganização narrativa e, digamos, “liberação de espaço” para o próximo episódio, The After Hours funciona, mais uma vez, como uma ponte, assim como foi em Sweet Vitriol, mas não sem alguns tropeços.

Já vou escancarar meu problema principal com a abordagem de Erickson aqui: tudo soa extremamente corrido, o que é fora das características da produção. Algumas das tramas abordadas aqui vinham sendo meticulosamente desenvolvidas, desde o estranho relacionamento entre Dylan e a esposa do seu externo; o flerte com linhas macabras entre Burt e Irving; o confronto interno de Milchik com a estagiária Huang; e a pista deixada para os internos sobre o elevador que leva à Gemma. Em menos de cinquenta minutos, Erickson passa por cima de tudo como um trem desgovernado, dando a impressão de que o roteirista estava com uma checklist de situações que precisavam ser resolvidas antes do season finale. Vemos Huang ser “expulsa” para outro lugar, logo depois temos o fechamento do núcleo de Irving e Burt, onde a profissão do personagem na Lumon é revelada, e também o conflito de Dylan, que vai rapidamente de uma proposta de casamento para decidir se demitir/suicidar.

A direção competente de Uta Briesewitz, que mantém o tom de mistério da narrativa, e a montagem eficiente entre os vários núcleos, ajudam a suavizar o texto um tanto atropelado de Erickson, mas é perceptível como a narrativa aqui está comprimida, talvez a serviço do último episódio, mas ainda assim com uma queda de qualidade se comparado com o trabalho de queima lenta e de aprofundamento de outros capítulos da série. Inclusive, The After Hours me faz questionar a razão de Sweet Vitriol não ter sido uma trama B, já que dois episódios comportariam com mais espaçamento e organicidade todos os eventos que vemos essa semana. O que realmente segura o episódio como um todo é o trabalho intricado que foi feito anteriormente e o nosso próprio interesse nas diversas resoluções do roteiro, todas muito bem atuadas e que levantam bons ganchos para o final da temporada.

Começando pela finalização do estágio de Huang, temos um Milchik bastante sinistro, colocando a garotinha em uma situação de submissão e que resgata os elementos ritualísticos perturbadores da Lumon (o bloco inicial com Eagan e Helena também enfatiza essa característica da produção). Inclusive, fiquei surpreso com o confronto de Milchik com o Sr. Drummond, indo na contramão do seu arco de supressão de suas emoções, o que acaba trazendo uma faísca de interesse em uma possível traição do antagonista contra a empresa (quem sabe, ele é um exemplar da razão da Lumon estar criando esse projeto). Aliás, a forma gradual como a Lumon parece perder controle é um ponto bacana do texto, não só com Milchik, mas também com Cobel, Burt e Helly, realçando como o fator humano atrapalha os planos do conglomerado. Até penso que a participação tardia de Eagan na temporada vem para adicionar um tempero críptico para o clímax da história.

Apesar de achar a despedida de Irving bonita e melancólica, bem como apreciar o tema de identidade e de solidão no arco de Dylan, considerando as ressalvas que fiz acima, o team-up de Mark, Devon e Cobel acaba sendo o grande destaque do episódio. A intriga da história jaz ali e o encontro do interno de Mark com Cobel é a peça final para a revelação do quebra-cabeça da Lumon no próximo episódio. É uma pena que muitas dessas peças tenham sido atropeladas em favor de deixar tudo preparado para Cold Harbor, com Erickson, pela primeira vez na série, deixando de trabalhar a narrativa a contento, mas acredito que o grande final da temporada será recompensador, por mais que, sem dúvida alguma, estamos vendo alguns escorregões perigosos. Mas mesmo com soluços, The After Hours é um episódio acima da média, que tem muitos momentos especiais com os arcos individuais dos personagens e que deixa tudo engatilhado para o que promete ser um season finale explosivo. Quem sabe lá, veremos esse penúltimo capítulo com melhores olhos.

Ruptura (Severance) – 2X09: The After Hours | EUA, 14 de março de 2025
Criação: Dan Erickson
Direção: Uta Briesewitz
Roteiro: Dan Erickson
Elenco: Adam Scott, Zach Cherry, Britt Lower, Tramell Tillman, Dichen Lachman, John Turturro, Bob Balaban, Alia Shawkat, Stefano Carannante, Sarah Sherman, Christopher Walken, Patricia Arquette, Jen Tullock, Michael Chernus, Sarah Bock, Ólafur Darri Ólafsso, Robby Benson, James LeGros, Jane Alexander
Duração: 46 min.

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