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Crítica | Rota de Fuga

por Ritter Fan
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Rota de Fuga, até onde me consta, marca a verdadeira primeira vez que Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenegger, os dois maiores ícones da ação oitentista (que Chuck Norris não me ouça…) realmente dividem a telona do cinema. Não conto com os dois Mercenários, pois o dueto lá é forçado e Schwarza não faz mais do que pontas glorificadas.

Mas em Rota de Fuga (pois a tradução literal – Plano de Fuga – seria fácil demais, não é mesmo?) a participação dos dois é orgânica e integral à trama do filme, pela primeira vez colocando os titãs já mais para lá do que para cá verdadeiramente juntos em um filme de ação. E que diversão!

Dentre os subgêneros de películas de ação, os dois que mais fazem sucesso e têm suas fórmulas repetidas à exaustão são os de roubo e os de fuga. Rota de Fuga pega o segundo tipo e cria uma premissa intrigante: Ray Breslin (Stallone) é um profissional que vive de fugir de prisões para demonstrar suas fraquezas. Tem uma empresa bem sucedida, juntamente com seu sócio Lester Clark (o sempre ótimo Vincent D’Onofrio) e, logo depois de acabar com sua última missão, objeto dos primeiros 15 minutos de projeção, Breslin aceita tentar fugir de outra prisão, mas dessa vez uma supersecreta, construída e operada por empresa privada em local incerto e não sabido, para alojar criminosos fora do sistema legal. Vendo a oportunidade de um grande desafio e dando de ombros para o aconselhamento de Abigail (Amy Ryan) e Hush (50 Cent), seus parceiros usuais de operações, Breslin é imediatamente inserido em uma prisão envidraçada, de segurança muito mais do que máxima.

Não demora para Breslin descobrir que essa missão é diferente das outras e ele acaba tendo que reunir forças com o valentão local, o alemão Rottmayer (Schwarzenegger) para ter alguma chance de fuga. Começa, então, um embate de mentes entre ele e o diretor do presídio Hobbes (Jim Caviezel, se divertindo em papel tipicamente vilanesco).

A fita, dirigida pelo sueco Mikael Håfström (1408), é muito eficiente ao estabelecer a premissa e iniciar a ação sem nenhuma enrolação. A trama, afinal de contas, é mais do que objetiva e se resolve em rapidíssimos 116 minutos. Mas são quase duas horas cheias de reviravoltas, umas óbvias (o grande vilão é evidente desde o início) e outras nem tanto (duvido que alguém adivinhe facilmente aonde fica a prisão), só que a soma das partes resulta em um filme agradável, fácil de assistir e nostálgico para quem viveu a época de ouro dos dois astros.

Não se deve esperar muita originalidade além da improvável premissa, mas as peças do quebra-cabeças vão se encaixando com suficiente naturalidade, de forma que o diretor acaba não exigindo tanto assim de nossa suspensão da descrença. Sabemos exatamente quem vive e quem morre longo de cara e só precisamos aceitar que alguns tipos de personagens são imortais, mesmo que uma explosão nuclear ocorra a poucos metros dele (Predador vem à mente de imediato, certo?). Rota de Fuga é descaradamente um filme oitentista com a correção política dos dias atuais, resultando em algo que, apesar de completamente descartável, mesmo assim nos dá agradáveis duas horas de diversão.

Stallone e Schwarzenneger, em sua primeira efetiva parceria nas telonas, mastigam o cenário, dominam o ambiente e fazem o que sabem fazer melhor: arrancar sorrisos e sussurros de “isso aí!” e frases semelhantes sem suar, sangrar ou perder o penteado. E isso sempre foi o que esperamos deles, não é mesmo?

Rota de Fuga (Escape Plan – EUA, 2013)
Direção: Mikael Håfström
Roteiro: Miles Chapman, Jason Keller
Elenco: Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger, Jim Caviezel, Faran Tahir, Amy Ryan, Sam Neill, Vincent D’Onofrio, Vinnie Jones, Matt Gerald, 50 Cent
Duração: 116 min.

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