Número de Temporadas: 10
Número de episódios: 231
Período de exibição: 18 de outubro de 1988 até 20 de maio de 1997 (série original); 27 de março de 2018 até 22 de maio de 2018 (revival)
Há reboot?: A série ganhou uma 10ª temporada depois de mais de 20 anos do episódio final, e também tem um spin-off chamado The Conners.
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É uma pena que, atualmente, a clássica sitcom Roseanne esteja mais conhecida pelo infame tweet da comediante que dá título à série do que pela qualidade que a produção realizou à sua época. Obviamente que os atos de Roseanne Barr não apagam o legado da obra e o belíssimo trabalho que foi feito numa série de comédia que retrata uma típica e divertida família americana da classe trabalhadora, mas a mancha fica ali, meio que atrapalhando a memória afetiva e o carinho pela produção. Por muitos anos acompanhei episódios da série com meus pais, que gostam muito da sitcom, então retornar ao piloto e ver Roseanne Barr foi tão nostálgico quanto desconfortável. Não é tão difícil quanto ver um stand-up do Bill Cosby, mas é chato saber que a melhor gordinha da televisão não parece ser uma pessoa muito legal.
Dito isso, a série continua bacaníssima. No piloto, somos apresentados a Roseanne, uma mãe, dona de casa e batedora de ponto da CLT que tem dificuldade de equilibrar o trabalho doméstico, o exercício profissional e a criação dos filhos. Ao seu redor, temos seu marido Dan Conner (John Goodman), que está desempregado, e três pestinhas que completam a família. Logo de início, é refrescante assistir uma sitcom em que o patriarca é coadjuvante, explorando de forma precursora o conceito de uma mãe trabalhadora com aparência comum como a voz principal de uma série de televisão.
O comportamento sarcástico e as frases de deboche da protagonista em direção a seus filhos até causam um certo estranhamento na cena inicial do café da manhã, mas aos poucos vamos entendendo que essa é uma matriarca cansada que lida com problemas diários de uma forma bem humorada. A comediante não tem uma característica realmente distinta ou até carismática num sentido mais habitual da palavra, mas sabe lidar com o tom de gozação da personagem e seu olhar quase crítico para situações ordinárias com um timing e um modo de falar cadenciado que vai conquistando a audiência. Chega a ser interessante a forma trivial que ela anuncia os bordões.
Ademais, como o título do piloto indica, somos apresentados a uma trama episódica que lida com um dia qualquer na vida da família, fazendo coisas normais da rotina e seus problemas corriqueiros. Inicialmente temos uma cena de café da manhã com algumas bicadas entre os Conners; depois temos um bloco divertidíssimo de Roseanne lidando com um chefe insuportável e tirando sarro do mesmo com as colegas de trabalho; posteriormente a protagonista precisa conversar com uma professora sobre o comportamento estranho de sua filha; e por fim a frustração ao final do dia com o excesso de trabalho doméstico.
Tudo em Roseanne é extremamente relacionável, e melhor, retratado de uma forma simpática, sem dramatização, mas também sem negar os pequenos acúmulos de estresse e os percalços divertidos da protagonista. Já no piloto podemos ver as melhores características da produção, passando pelo retrato mais realista de uma família estadunidense comum, um humor direcionado a aspectos mundanos e cotidianos, e situações engraçadas que nascem de momentos banais do dia-a-dia, como reclamar de um chefe ou brigar pela louça suja. Roseanne, a versão ficcional, é a representação heroica e bem humorada de muitas mamães por aí.
Roseanne – 1X01: Life and Stuff – EUA, 18 de outubro de 1988
Direção: Ellen Falcon
Roteiro: Matt Williams
Elenco: Roseanne Barr, John Goodman, Laurie Metcalf, Sara Gilbert, Lecy Goranson, Michael Fishman, Natalie West, Emma Kenney, Ames McNamara, Jayden Rey, George Clooney
Duração: 25 min.