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Crítica | Rookie: Um Profissional do Perigo

por Roberto Honorato
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Clint Eastwood é uma daquelas figuras de Hollywood que pode fazer de tudo, e se ele quer dirigir um longa de ação policial com diversos tropos batidos do gênero, é para isso que temos Rookie: Um Profissional do Perigo. Com um elenco de primeira e sequências de ação extravagantes, esse é um dos longas mais caros da carreira do diretor.

Seguindo o formato clássico de filmes buddy cop, Nick Pulovski (Clint Eastwood) é o típico policial veterano de cabeça quente, que está investigando uma gangue envolvida em roubos de carro, liderada por um homem chamado Strom (Raul Julia). Depois de um encontro com Strom, o parceiro de Pulovski é assassinado, e assim o veterano é tirado do caso, que foi transferido para outro departamento. Inconformado, o policial decide continuar a sua investigação, mas agora precisa lidar com o calouro David Ackerman (Charlie Sheen), um detetive que segue as regras e não parece confortável com a abordagem de Pulovski.

A proposta é simples e já foi feita um milhão de vezes, mas é sempre na execução que um filme realmente prova seu valor. Através de algumas sequências de ação bem executadas, principalmente nos primeiros minutos do longa, onde Eastwood entrega uma das perseguições mais frenéticas e exageradas do cinema, o filme já começa promissor. E exagerado é um adjetivo mais do que apropriado para esse filme, o que dá certo charme a algumas cenas em que a suspensão de descrença do espectador deve ser bem resistente. Mas não é sempre que essa ação de duas horas consegue se safar, o que rende diversas situações desconfortáveis, diálogos risíveis e o desperdício de um ótimo elenco. 

Enquanto Eastwood faz o seu arroz com feijão e Sheen está entrando na fase em que os alucinógenos que tomava nos bastidores pareciam afetar suas cenas mais intensas, o elenco também conta com nomes como Lara Flynn Boyle, Tony Plana e Raul Julia, um excelente ator que sofreu bastante na mão da indústria, que tentava colocá-lo em papéis caricatos, e aqui não é diferente. Julia parece cansado e sem interesse em tentar interpretar um criminoso de ascendência alemã com um sotaque mais carregado do que uma das Magnum de Dirty Harry (se essa piada pareceu brega, tente assistir duas horas de Eastwood tentando estabelecer uma frase de efeito que nunca convence, sempre tirando um charuto do bolso e perguntando: “Tem fogo aí”).

E se Raul Julia já é um ator afetado pelo estereótipo da década, o filme ainda traz a atriz brasileira Sônia Braga, atuando pela primeira vez em um blockbuster de ação, que foi claramente contratada para contracenar uma das cenas de sexo mais desconfortáveis e problemáticas da filmografia de Eastwood. Essa não é a primeira vez que Julia e Braga atuam juntos, mas é uma pena ver que dessa vez a dupla não está em algo no nível de O Beijo da Mulher-Aranha ou Amazônia em Chamas.

Mas além das atuações ruins de ótimos atores, ainda precisamos lidar com as péssimas atuações de atores que já não são lá essas coisas, e nessa categoria não tem como esquecer Pepe Serna, que faz o Tenente Raymond Garcia. Serna é conhecido por ser um ator de improvisação, mas em um longa onde todos os atores entregam as falas de forma mecânica e os diálogos são apenas frases de efeito sem peso algum, talvez trazer improvisar não seja a melhor saída. Não tenho certeza se a intenção dele era improvisar, mas o ator claramente se destaca como um dedão podre com uma atuação caricata e desnecessariamente dramática. 

E por falar nos diálogos, eles são limitados à frases de efeito baratas, mas sem a criatividade de outros filmes do gênero que usam isso como uma maneira de não se levar a sério demais, o que Rookie não parece interessado em fazer. Além disso, o terceiro ato do longa é um dos mais engraçados da carreira de Eastwood e Sheen, mesmo que a comédia não tenha sido intencional.

Rookie pode divertir, mas não tem personagens desenvolvidos e carismáticos o suficiente para fazer o espectador revisitar a obra. A ação é boa, mesmo que a câmera fique próxima demais dos atores durante os combates corpo a corpo, mas o enredo (feito pelo mesmo roteirista de Uma Noite Alucinante 2, Scott Spiegel) não é convincente e, por mais que tentem inserir uma subtrama envolvendo um trauma do passado do personagem de Sheen, ou um mistério sobre a esposa do personagem de Eastwood, o filme nunca chega a merecer os seus momentos mais dramáticos. Mas pelo menos podemos ver um carro atravessando as chamas depois de uma explosão, isso nunca foi visto antes.

Rookie: Um Profissional do Perigo (The Rookie, EUA – 1990)
Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Boaz Yakin, Scott Spiegel
Elenco: Clint Eastwood, Charlie Sheen, Raul Julia, Sônia Braga, Tom Skerritt, Lara Flynn Boyle, Pepe Serna, Marco Rodríguez, Donna Mitchell, Tony Plana, David Sherrill
Duração: 120 min.

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