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Crítica | Rocketeer (1991)

por Ritter Fan
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Quando Joe Johnston foi anunciado como diretor de Capitão América: O Primeiro Vingador, minha reação imediata foi lembrar de Rocketeer, clássico super-heróico baseado em quadrinhos, mas completamente esquecido. Afinal, trata-se, assim como no caso do longa do Capitão Américo, de uma história de origem de natureza camp que lembra os serials dos anos 30 e 40 e que se passa às vésperas da Segunda Guerra Mundial e uma trama envolvendo um experimento secreto que é alvo da cobiça nazista.

Criado por Dave Stevens em 1982, com publicação original pela finada Pacific Comics, o personagem é a simplicidade encarnada: um piloto de acrobacias chamado Cliff Secord encontra um jetpack que o permite voar e, com alterações feitas por seu mentor A. “Peevy” Peabody, inclusive um capacete que serve de leme e esconde sua identidade, assume o codinome Rocketeer. E a adaptação da Disney não inventa moda, com o roteiro de Danny Bilson e Paul De Meo mantendo-se muito fiel ao material fonte e Johnston a todo o espírito dos quadrinhos originais que foram criados justamente com a intenção de homenagear as clássicas matinês de sábado de outrora nos EUA, em que eram comuns as adaptações cinematográficas dos mais diversos heróis, como por exemplo os do Superman e do próprio Capitão América.

Na história, depois de Secord (Billy Campbell) triunfalmente usar o jetpack que acha no celeiro da pista de pouso e decolagem onde trabalha, ele passa a ser perseguido perseguido pelo FBI, que quer recuperar a invenção de Howard Hughes (Terry O’Quinn) e por gângsteres liderados por Eddie Valentine (Paul Sorvino), que são contratados pelo ator Neville Sinclair (Timothy Dalton fazendo uma ótima paródia de Errol Flynn) com o mesmo objetivo, além do capanga pessoal de Sinclair, o gigantesco Lothar (Tiny Ron Taylor). Envolvem-se nesse imbróglio, ainda, o mentor de Secord e inventor Peevy (Alan Arkin, sempre simpático) e a namorada do mocinho, a aspirante a atriz Jenny Blake (Jennifer Connelly, caracterizada como a famosa e estonteante Bettie Page).

Do começo ao fim, o tom aventuresco da narrativa é delicioso. Até mesmo a unidimensionalidade dos personagens é um aspecto trabalhado de maneira proposital, fazendo parte do espírito do longa. Claro que atores como Arkin, Dalton e Connelly (ela mesmo em começo de carreira já mostra suas habilidades mesmo em um papel como esse) conseguem emprestar uma autoconsciência sobre seus personagens que acaba tornando tudo melhor, mesmo que eles nunca saiam de seus respectivos estereótipos de cientista maluco, vilão daqueles que enrolam o bigode com os dedos e dama em perigo. Billy Campbell, ator que continuou sua carreira no cinema e na TV firme e forte, mas sem nunca ganhar qualquer destaque, é o protótipo do herói clássico – bonitão, inocente, altruísta e um pouco atrapalhado -, divertindo com suas acrobacias e com o belo uniforme que é a cópia exata do que Stevens desenhou nos quadrinhos.

Johnston, em apenas seu segundo longa, mostra bom domínio de sua técnica, com uma decupagem inteligente que mantém o ritmo do filme em uma agradável constante, utilizando de maneira bastante econômica os efeitos de voo que, vale dizer, são muito bons. A trilha sonora de James Horner é eficiente em evocar a época, com fanfarras marcantes cheias de metais que enriquecem a história nos momentos certos e que emprestam o tom heroico às sequências de ação, mesmo que muitas vezes elas sejam de viés cômico.

Rocketeer é, por assim dizer, juntamente com Darkman no ano anterior, um dos precursores modernos dos filmes de super-herói, mais especificamente até da pegada leve e humorística que é a marca do Universo Cinematográfico Marvel. Aliás, diria até que Rocketeer é um personagem perfeito para ganhar uma nova versão live-action, quiçá até em uma série de televisão (além da série animada recente, claro).

Rocketeer (The Rocketeer – EUA, 1991)
Direção: Joe Johnston
Roteiro: Danny Bilson, Paul De Meo (baseado em história de Danny Bilson, Paul De Meo, William Dear, por sua vez baseada em quadrinhos de Dave Stevens)
Elenco: Billy Campbell, Jennifer Connelly, Alan Arkin, Timothy Dalton, Terry O’Quinn, Ed Lauter, James Handy, Paul Sorvino, Jon Polito, William Sanderson, Margo Martindale, John Lavachielli, Clint Howard, Melora Hardin, Rick Overton, Max Grodénchik, Tiny Ron Taylor, Eddie Jones, Don Pugsley, Nada Despotovich, America Martin, Michael Milhoan, Daniel O’Shea, Joe D’Angerio
Duração: 108 min.

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