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Crítica | Resident Evil: A Vingança

por Iann Jeliel
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Resident Evil: A Vingança

  • Confira aqui, críticas sobre tudo do universo Resident Evil.

Depois de Resident Evil 6 ficamos muitos anos sem um novo título de Resident Evil nos jogos. Isto porque, aquela continuação representou a máxima da transformação tão questionada da saga, de um survivor horror para uma super franquia de ação com espionagem, guerra biológicas e zumbis inteligentes. Transformação essa já designada aos dois títulos anteriores dessas animações co-produções entre Japão e EUA de computação gráfica, que apesar de serem parte do canon oficial, se comportam isoladamente, como os vários outros títulos da saga, em mais um de vários incidentes da cíclica guerra biológica que vem preenchendo esse universo. Eis que a Capcom decidiu ouvir seu público e propor um retorno às origens do terror com Resident Evil 7, ao mesmo tempo que não queria abandonar a narrativa épica encabeçada pelo sexto, tornando Resident Evil: A Vingança meio que um experimento da aceitação ou não, dessa proposta mais megalomaníaca.

Engraçado que se fossemos levar a história aqui contada através de um gameplay, teríamos literalmente um Resident Evil 6.5, onde primeiramente voltamos a origens nostálgicas, com um primeiro ato destinado a Chris Redfield (Kevin Dorman) explorando uma mansão de mise en scene idêntica a Spencer no primeiro jogo, além de trazer Rebecca Chambers (Erin Cahill), sobrevivente parte do time daquele incidente para “protagonizar” novamente a história. Pelo menos até certo momento que ela tem que ser uma princesa indefesa de um outro super vilão nível Wesker – denominado Glenn Arias (John DeMita) –, onde Chris mega bombado e Leon S. Kennedy (Matthew Mercer) super ninja indestrutível se unem para resgatarem-na em meio a outro ataque de nível bioterrorista global de outro super vírus – denominado A-Vírus, com direito a mesmíssima transmissão por gás do C-Vírus anterior – e lógico, um outro Nêmesis chefão para ser derrotado no climática com muito esforço.

Apesar do teor praticamente formulaico da estrutura, devo admitir que ela nunca me desagradou na crescente da transformação para a ação em larga escala, nem mesmo no sexto jogo, quanto menos aqui. As sequências de pancadaria é um dos pontos mais altos de Resident Evil: A Vingança, embora aquela perseguição dos cachorros zumbis ao Leon na moto seja questionável em nível de coerência a personalidade do personagem – pois o agente emo não parece se importar com os civis como de costume –, de modo geral, elas possuem uma elaboração graficamente empolgante, uma micrológica momentânea do “impossível” que as fazem serem verossimilhantes na execução, algo vindo de uma boa noção de temporalidade do diretor Takanori Tsujimoto. Essa observação, vale também para o terror emplacado no primeiro ato, que possui naquele período, uma construção bem interessante na  maturação de suspense – a cena do carrinho é bem legal, assim como a do laboratório –, mesmo que dure pouco, é algo melhor do que o oferecido pelas outras duas animações quando se arriscaram em fazer também essas pontes ao gênero de origem.

Pena que ambas as pontes, para o terror ou ação, se tornem basicamente inúteis na progressão canônica. Claro, sou a favor de uma história que funcione por si só e afirmar isso para a de Resident Evil: A Vingança é verídico, apesar de certas limitações dramáticas evidentes no roteiro. O fator “vingança” do título não consegue ser plausível, além de afundar o subtexto político superficial que se demonstra necessário para dar uma base motivacional aos eventos globais, aqui, reduzidos a uma escala pessoal mal desenvolvida, tanto pelo Chris que fica na busca Arias como se ele fosse um Wesker, sem a devida contextualização, quanto de Arais e sua motivação para querer destruir o mundo ser estapafúrdia e ilógica – porque ele queria replicar o casamento com Rebecca afinal? Como só ele sobreviveu “ileso” ao ataque do casamento, sendo que só ele era o alvo? Porque realmente estava sendo perseguido para inicio de conversa?

Incomoda mais, quando pensamos no aspecto contínuo, que valoriza a rivalidade de Chris e Leon porque convém ao fanservice – ok, é super foda quando os dois se juntam contra os zumbis – e ignora o background dramático de ambos após os eventos traumáticos da história gigantesca que teoricamente passou pouco tempo antes, como o fato de Chris ter ficado psicologicamente abalado lá com as perdas de seus soldados e aqui ele praticamente nem senti quando ver alguns morrendo em sua frente. Fora que essa particularização da história, não leva a nenhum desdobramento remetente a nenhum dos lados adotados testados pela Capcom, nem ao eventual retorno da premissa gigantesca em um Resident Evil 8 – considerando a época de lançamento próxima ao sétimo, obviamente, pois sabemos que o lado escolhido pelo verdadeiro oitavo, no caso, o Village, foi o mesmo, direcionado para o retorno do terror –, nem a algum gancho que justificasse o desvio da loucura para algo menor.

Faltou um gancho mais direto a história global da franquia, como o feito Condenação, apesar de aquilo ter sido um problema daquele filme, nesse, pelo contexto, certamente era melhor do que o adotado somente a essa história específica, que até hoje não demonstrou reflexos no canon, uma vez que não foi bem aceita pelo público, para variar. Como dito, não sou desse lado da fanbase contra ação em Resident Evil, pelo contrário, até gosto bastante pensando em possibilidades cinematográficas principalmente, já que nenhuma vez a franquia apresentou tamanha complexidade narrativa como foi no sexto jogo, que apesar de não replicada nem de longe por esta animação, poderia ser prosseguida através dela na história com maior firmeza. Resident Evil: A Vingança fica entre esses caminhos e outros, sendo a mais fraca das três animações lançadas até então pelo caráter experimental, mas ainda é bom, pois consegue ser bem dirigido e divertido.

Resident Evil: Vingança (Resident Evil: Vendetta | EUA – Japão, 2017)
Direção: Takanori Tsujimoto
Roteiro: Makoto Fukami, Joe McClean (Baseado na criação de Shinji Mikami, Noboru Sugimura e Hideki Kamiya)
Elenco: Kevin Dorman, Matthew Mercer, Erin Cahill, John DeMita, Fred Tatasciore, Cristina Valenzuela, Arif S. Kinchen, Arnie Pantoja, Kari Wahlgren, Alexander Polinsky, Jason Faunt
Duração: 97 minutos

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