Home FilmesCríticas Crítica | Rebel Moon – Parte 2: Corte do Diretor (Maldição do Perdão)

Crítica | Rebel Moon – Parte 2: Corte do Diretor (Maldição do Perdão)

Como piorar um lixo completo.

por Kevin Rick
8,K views

Lá atrás no lançamento de A Menina do Fogo e A Marcadora de Cicatrizes, a Netflix já havia anunciado o lançamento de “versões do diretor”, o que é uma piada se pensarmos que estávamos basicamente vendo dois filmes que não são as versões completas de um cineasta que teve total liberdade criativa, só para serem lançados alguns meses depois. Mas enfim, cá estamos com as produções “alternativas” de Zack Snyder, que trazem mais minutos para dois filmes já avantajados e inchados. No corte do diretor da Parte 1, a minutagem maior agrega para uma leve melhoria narrativa, trazendo mais contexto e base dramática para alguns personagens, em especial o androide JC-1435, de longe o melhor personagem da ópera espacial.

Infelizmente, o corte do diretor da Parte 2 tem o efeito contrário, com a adição de 51 minutos que apenas pioram a já tediosa e modorrenta experiência do segundo filme. Só para relembrar, A Marcadora de Cicatrizes acompanha o grupo de heróis que sobreviveram à batalha contra Noble retornando para o vilarejo e decidindo proteger a comunidade da invasão iminente. Das duas horas de duração da versão original, praticamente metade do filme é dedicada para vermos os personagens realizando uma colheita – que não tem efeitos diretos na batalha final, vale ressaltar -, com pequenos momentos de exposição dramática quando o elenco principal decide se sentar numa rodinha e compartilhar histórias tristes. É um filme chato, arrastado e idiótico ao ponto de ser quase cômico em suas sequências de slow-motion dos camponeses catando grãos.

E então, o que os extra 51 minutos efetivamente fazem? Mais cenas de colheita, obviamente. Por alguma razão, Snyder pensou que deveríamos ter um pouco mais de tempo nesse bloco do filme, o que piora o ritmo do filme e a sensação de não estarmos vendo nada substancial ou até remotamente divertido naquele estilo de ação exagerada do cineasta. Temos, por exemplo, uma cena de celeiro que é estendida apenas para vermos os personagens dançando e uma sequência extra de Kora fazendo sexo, o que não acrescentam em nada. É difícil de entender o propósito do corte de diretor aqui, que não traz mais contexto ou nada realmente único para os personagens, a história ou a mitologia desse universo, basicamente estendendo uma experiência cansada com mais cenas de fazendinha e mais momentos de reintrodução dos personagens principais que haviam sido introduzidos no filme anterior, incluindo mais minutos de flashbacks.

O que já era uma produção morosa consegue ficar ainda pior. Setenta e cinco minutos dentro do filme, Titus diz que os personagens vão se preparar para a batalha, finalmente dando início à segunda metade do longa anterior. Aqui, temos a mesma injeção de ação incoerente, histriônica e cheia de câmera lenta com uma minutagem maior, só que dessa vez com mais sangue e violência gráfica, o que também agrega pouco para a experiência além de ter um visual ligeiramente mais trash e “provocativo” (para não dizer gratuito) do que o filme anterior. O único destaque é o maior tempo de tela do androide JC-1435, que tem as melhores sequências de combate de todo o filme.

O desfecho do filme também estende o bloco em que os personagens conversam sobre o que será a próxima entrada da franquia (que aparentemente vai nos torturar por mais 6 filmes), querendo deixar a audiência instigada sobre uma mitologia ruim, personagens que não ligamos e uma guerra genérica. Se o corte do diretor da Parte 1 melhora um pouquinho a versão original, o mesmo não pode ser dito de Maldição do Perdão, que tem o feito de arrastar ainda mais a narrativa na primeira metade do filme e que apenas adiciona mais momentos de ação mal dirigida e mal editada na segunda metade. O que Snyder faz aqui é quase inacreditável: ele piora uma produção já tenebrosa.

Rebel Moon – Parte 2: Corte do Diretor Maldição do Perdão) | (Rebel Moon – Part Two: Curse of Forgiveness – EUA, 02 de agosto de  2024)
Direção: Zack Snyder
Roteiro: Zack Snyder, Kurt Johnstad, Shay Hatten
Elenco: Sofia Boutella, Djimon Hounsou, Ed Skrein, Michiel Huisman, Bae Doona, Ray Fisher, Anthony Hopkins, Dustin Ceithamer, Staz Nair, Fra Fee, Cleopatra Coleman, Stuart Martin, Ingvar Sigurdsson, Alfonso Herrera, Cary Elwes, Rhian Rees, Elise Duffy, Jena Malone, Sky Yang, Charlotte Maggi, Corey Stoll, Stella Grace Fitzgerald, Greg Kriek, Brandon Auret, Ray Porter, Dominic Burgess, Tony Amendola, Derek Mears
Duração: 173 min.

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais