Home FilmesCríticas Crítica | Rebel Moon – Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes

Crítica | Rebel Moon – Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes

Puro tédio.

por Kevin Rick
11,8K views

Antes de falar da nova atrocidade cinematográfica na filmografia decadente de Zack Snyder, queria pontuar que ambas as partes de Rebel Moon vão ganhar “versões de diretor” no final desse ano. Isso é um absurdo, de verdade. Um cineasta que teve liberdade total em dois longas de grande duração que, de maneira geral, quase não têm conteúdo, anunciar novas versões apenas alguns meses após o lançamento da segunda parte é um problema para a indústria cinematográfica. Isso é tudo culpa dos “fãs”, dos desmiolados que ficaram idolatrando aquela baboseira desnecessária das novas versões de Liga da Justiça. Espero que isso não se torne algo comum e que apenas Snyder tenha sucumbido à falta de massa cinzenta desse pessoal que supostamente adora Cinema, mas que claramente não entendem NADA da Sétima Arte. O pior é que eu vou ser obrigado a assistir essa palhaçada. Haja paciência.

Feito esse desabafo, agora temos que falar dessa tragédia epopeica – e não, não me refiro à obra, e sim a tragédia de quem precisa ficar sentado assistindo essa tortura. Em linhas gerais, posso repetir todas as minhas críticas de Rebel Moon – Parte 1: A Menina do Fogo, uma vez que os problemas são os mesmos. É preguiçoso eu sei, mas esse filme não merece o meu, o seu ou o tempo de ninguém, porque é o tipo de obra ruim que não consegue nem causar raiva enquanto estamos assistindo, mas sim indiferença e até certo ponto decepção para quem gosta dos trabalhos iniciais do Snyder.

A execução de Snyder é, novamente, estupidamente genérica. “Inspirado” em Os Sete Samurais – que sacrilégio é até citar esse filme aqui -, a premissa da segunda parte envolve o grupo de heróis que sobreviveram à batalha contra Noble (Ed Skrein) retornando para o vilarejo e decidindo proteger a comunidade da invasão iminente. Os personagens continuam mal escritos, mal caracterizados, superficiais, sem carisma e sem química, tanto culpa do roteiro quanto do elenco – Djimon Hounsou é o único com um pingo de personalidade aqui -, enquanto Snyder mantém sua abordagem visual cansativa e repetitiva com uso exagerado de slow-motion e um excesso quase cômico de deixar qualquer situação “épica”.

A questão é que, de alguma forma, a segunda parte consegue ser ainda mais chata. O filme anterior pelo menos tem uma travessia pela galáxia, caminhando por cenários diferentes em uma narrativa que pelo menos se movimenta. Já  nessa segunda parte, passamos uma maldita hora com os personagens fazendo uma colheita de grãos e depois sentando para falarem de seus passados tristes da maneira mais expositiva possível. Tem até câmera lenta – várias vezes – para os personagens colhendo os grãos. Na moral, isso aqui é patifaria, não faz sentido nenhum essa perda de tempo. E nem vem me dizer que é para dar profundidade aos personagens, para mostrar a “cultura” da comunidade, etc. Isso aqui não são samurais para aprendermos seus costumes, são camponeses espaciais catando grãos. No fim, a colheita não serve para absolutamente NADA; não tem efeito ou recompensa narrativa. Chega a ser hilário.

O pior de tudo é que, em tese, tivemos uma primeira parte que preparou todo o terreno, fez todas as apresentações dos personagens e seus backstories, então porque raios estamos em uma segunda parte trazendo mais contexto? Mais flashbacks? Mais perda de tempo? Se é para o negócio ser ruim, que pelo menos tenhamos algum tipo de ação ou de movimento na trama. Mas não, ganhamos um filme de fazendinha que cospe nas inspirações supostamente usadas aqui.

Quando esse bloco finalmente termina com a chegada de Noble no vilarejo, sequer estava ligando para os acontecimentos. Podia morrer todo mundo ou ninguém que a indiferença seria a mesma, fruto de um trabalho ruim com desenvolvimento de personagens e de conexão com a história. E nem a pancadaria entretém, com sequências e mais sequências de explosões aleatórias, soldados e moradores se atacando e atirando aleatoriamente e, claro, muita câmera lenta desnecessária para deixar tudo ainda mais moroso.

O desfecho do filme ainda tem a coragem de jogar um monte de conveniências ruins para tentar indicar que estamos em uma franquia de rebelião e que teremos novas sequências sobre uma guerra genérica em um universo ordinário com heróis ruins salvando uma princesa que ninguém liga. Se você ainda está lendo o texto e, por alguma razão não viu o filme, não veja, tá? Vai assistir Os Sete Samurais ou qualquer outra obra do Akira Kurosawa; vai rever os filmes originais de Star Wars; e se quer algo provocativo, assista a Tropas Estelares. Se você viu o filme, porém, esse é um espaço seguro, pode reclamar também e até chorar se quiser. Eu entenderei.

Rebel Moon – Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes (Rebel Moon – Part Two: The Scargiver – EUA, 2024)
Direção: Zack Snyder
Roteiro: Zack Snyder, Kurt Johnstad, Shay Hatten
Elenco: Sofia Boutella, Djimon Hounsou, Ed Skrein, Michiel Huisman, Doona Bae, Ray Fisher, Staz Nair, Fra Fee, Elise Duffy, Anthony Hopkins
Duração: 122 min.

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais