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Crítica | Raised by Wolves – 1X10: The Beginning

por Luiz Santiago
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  • SPOILERS! Para ler as críticas dos outros episódios clique aqui.

O Finale desta 1ª Temporada de Raised by Wolves foi uma verdadeira surpresa, especialmente do meio do episódio para frente. Aqui estão assumidas todas as características que esperávamos de uma obra com a mão de Ridley Scott na produção, e essas características tornam as coisas mais complicadas para todo mundo em Kepler 22-B, dos que já estavam lá até os recém-chegados, que certamente terão muita dor de cabeça assim que aterrissarem aquela gigantesca nave ateia.

Se essa primeira temporada foi marcada por uma força da religião na tentativa de dominação do lugar, a 2ª sinaliza para o contrário, tendo, evidentemente, o revés de Marcus, Paul e outros adolescentes religiosos acreditando na existência do Sol, o que muito rapidamente deverá trazer os conflitos mais fortes do segundo ano. Mas isso são hipóteses. O que temos aqui em The Beginning é uma indicação de que a colonização do planeta deverá começar agora, e isso é preocupante de tantas maneiras que fica difícil medir.

O primeiro grande problema a se considerar é o filhote-cobra gerado virtualmente na Mother e que parece ter alguma ligação com a civilização que dominou aquele lugar e, por algum motivo, involuiu. Como essa geração teve um início tecnológico, ainda quero crer que as coisas aparentemente sobrenaturais da série sejam, por falta de uma melhor palavra agora, uma magia tecnológica desconhecida pelos humanos. De todo modo, penso que faltou aqui a sensação de propósito, de motivação. Ao que tudo indica, aquele ritual que a Mother viu em suas visões tinha alguma coisa a ver com a gestação e as muitas forças agindo sobre a gravidez falam por si só. Ainda assim, não tivemos nada que forrasse bem o chão para que o público pudesse saber o por quê as principais coisas estão acontecendo.

Em uma só tacada tivemos uma das mais ternas e tristes interações entre Mother e Father, e devo elogiar mais uma vez as incríveis atuações de Amanda Collin e Abubakar Salim. As conversas estranhas vindas de dois androides, o ciúme do Father e a reconexão do “casal”, ao fim, foi algo verdadeiramente emocionante, engrandecido pela incrível trilha sonora. Juntamente com a música dos três capítulos de abertura, acho as peças compostas para esse Finale pequenas obras-primas (aliás, vale destacar que o compositor aqui é Marc Streitenfeld, de Rede de Mentiras e Prometheus), fazendo um trabalho similarmente sombrio ao de Ben Frost, mas experimentando em outra seara, na do arranjo em si, não da escolha múltipla e improvável de instrumentos.

Confesso que não gostei da virada com Paul. É verdade que o garoto já mostrava um comportamento e um tipo de abordagem cheia de disfarces diante da mãe (e do pai!), mas todo esse furor ligado ao Sol e o fato de realmente conhecer os segredos de Sue — e ainda atirar nela — me pareceu um avanço demasiado de linha. Por outro lado, Campion teve um final de temporada humilde, com uma certa quietude naquela promessa de que ele iria dominar o lugar. Agora temos Marcus, Campion e Paul como candidatos e uma cobra voadora que está aqui para fazer… não sabemos o quê.

Aquelas perguntas legais de final da temporada, com duas possibilidades de resposta, também não poderiam faltar. Afinal, Mother e Father morreram? Se o filhote conseguiu, ao que parece, reverter o tempo, ele pode salvar os androides, não? E por falar nisso, vale perguntar: a gente sabe se esse bicho é vilão ou não? Minha aposta é sim, mas nunca se sabe. E com a chegada dos ateus e os já fortes “problemas no Paraíso”, as respostas para isso serão mais do que interessantes. Apesar de ter sido um final com a apresentação de muita coisa importante e falta de uma melhor motivação para essas coisas, foi um daqueles episódios que mudam a nossa opinião sobre ele a cada cena, especialmente na reta final. Ainda bem que a série foi renovada, então pelo menos essa lombriga de curiosidade (hehehe) a gente mata no retorno do show.

Raised by Wolves – 1X10: The Beginning (EUA, 1º de outubro de 2020)
Direção: Luke Scott
Roteiro: Aaron Guzikowski
Elenco: Amanda Collin, Travis Fimmel, Abubakar Salim, Winta McGrath, Niamh Algar, Jordan Loughran, Felix Jamieson, Ethan Hazzard, Aasiya Shah, Ivy Wong, Gerrard Lewu, Milton Schorr, Carolyn Forword, Tamer Burjaq
Duração: c. 53 min. (cada episódio)

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