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Crítica | Quem é o Pato Donald? e Donald Contra Donald

Donald em dose dupla!

por Luiz Santiago
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Neste compilado, trago para vocês duas críticas as histórias da edição número 3 de O Grande Almanaque Disney, lançado no Brasil pela editora Culturama em fevereiro de 2020. A capa deste volume exibe um desenho original de Andrea Freccero. Qual é a sua aventura favorita dentre essas duas? E qual foi a história que você menos gostou? Leia as críticas abaixo e deixe o seu comentário ao final da postagem!

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Quem é o Pato Donald?

Escrita por Olaf Moriarty Solstrand e desenhada por Fabrizio Petrossi, essa pequena historinha reflete, sob um ponto de vista metalinguístico, a respeito do Pato Donald. O ponto de partida da aventura é o questionamento de um repórter da Gazeta de Patópolis sobre a quantidade de vezes que Donald aparece no jornal. Infelizmente, o autor não explora o diálogo com o público como deveria. Mas o caminho do profissional, na história, faz sentido. Ele passa a entrevistar diversas pessoas sobre “quem é o Pato Donald” e tenta criar um retrato geral do personagem, com base nos depoimentos recebidos. Claro que as pessoas enxergam o Donald de formas distintas. E é aí que está a graça da trama, especialmente quando chegamos nos depoimentos da Vovó Donalda e da Margarida.

Refletir sobre a existência ou sobre a essência de um personagem é sempre um caminho divertido nas histórias em quadrinhos. Em enredos assim, os roteiristas buscam fazer uma pintura coerente do personagem, ao mesmo tempo inserindo sua própria visão a respeito, tentando encontrar um ponto em comum, algo que marca definitivamente a vida do investigado. No caso de Donald, entendemos que é a sua capacidade de se parecer com qualquer pessoa comum que vive entre trapalhadas, momentos de ira, resiliência e tentativas de acertar, de fazer o melhor possível para si e para as pessoas em volta. O texto foca exclusivamente na capacidade cômica do personagem (o que não está errado), mas penso que o Donald se encaixa perfeitamente nos itens citados acima. É um dos mais interessantes e ricos personagens da Disney, com certeza.

Quem é o Pato Donald? (Hvem er Anders And?/Who’s Donald Duck?) — Dinamarca, 17 de novembro de 2016
Código da História: D 2013-141
Publicação original: Anders And & Co. 2016-46
Editora originai: Egmont Serieforlaget A/S
No Brasil: O Grande Almanaque Disney (Culturama) 3
Roteiro: Olaf Moriarty Solstrand
Arte: Fabrizio Petrossi
Capa original: Ruud Straatman (ideia) e Maarten Gerritsen (desenho)
10 páginas

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Donald Contra Donald

O escritor Fausto Vitaliano visivelmente se divertiu bastante ao realizar esse mergulho na mente de algumas versões heroicas do Pato Donald, criando uma aventura sobre a materialização da realidade e sobre a briga entre versões de um mesmo personagem, mais ou menos como temos em Doctor Who, quando Doutores de diferentes Eras encontram-se, por algum motivo. O texto aqui é envolvente, traz algumas reviravoltas reflexivas, discute um pouco a identidade do protagonista e captura a essência das múltiplas personalidades do Donald original, brincando com o fato de que todas as variações dependem do pato nervoso que conhecemos tão bem, para poderem viver de maneira plena.

Após usar uma máquina não testada do Professor Pardal, Donald começa a receber visitas de algumas de suas personalidades icônicas, que simplesmente o tratam como um “Zé Ninguém”. Aparecem aqui o Donald Duplo, o Superpato Futurista (PK), o Qua-Qua 7 e o clássico Superpato. Com eles, também aparecem alguns de seus vilões marcantes. Em pouco tempo, os bandidos passam a “tocar o terror” em Patópolis, e a arte de Emilio Urbano mostra com bastante competência cada faceta donaldiana exercendo o seu heroísmo nessa esfera de crise. Eles tentam vencer os foras da lei, mas são humilhantemente derrotados. Esse golpe no ego dos heróis até poderia abrir espaço para uma conversa sobre a necessidade do Donald em suas vidas, mas o roteiro não vai por esse caminho. O autor opta pela ação direta. Essa linha reflexiva, no entanto, pode ser aludida pelo leitor à medida que os heróis que antes riram da cara de Donald, notam que não são exatamente quem costumam ser em seus “Universos”.

O aspecto cômico da trama está tanto na briga entre essas personalidades, quanto na teimosia em assumirem que não conseguirão uma vitória em cima de seus inimigos, porque lhes falta algo. Falta-lhes… a alma, representada pelo Pato Donald. Os planos dos vilões são bem bobinhos aqui, e a trama está mais preocupada em fazer um teste de paciência e de ego dos heróis do que colocá-los para investigar e lutar de verdade, o que torna o roteiro um pouco menos interessante do que deveria ser — a “reação constante” é a tônica da aventura. Já a conclusão consegue obedecer um caminho lógico e aceitável, tocando no ponto sensível da história (a necessidade do Donald) e abrindo um curioso espaço metalinguístico, que pode ser visto como algo deslocado, mas que dependendo do leitor, pode ser recebido de maneira positiva.

Donald Contra Donald (Paperino contro Paperino) — Itália, 2019
Código da História: I TL 3315-2P
Publicação original: Topolino (libretto) 3315
Editora originai: Mondadori, Disney Italia, Panini Comics
No Brasil: O Grande Almanaque Disney (Culturama) 3
Roteiro: Fausto Vitaliano
Arte: Emilio Urbano
Capa original: Andrea Freccero (desenho), Andrea Cagol (cores)
45 páginas

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