Eis um caso de continuação melhor que o seu ponto de partida. Psycho Cop 2: O Retorno Maldito, Slasher Tardio lançado em 1993, é absurdamente misógino, mas proporciona aos seus espectadores o tipo de entretenimento que um slasher precisa entregar: perseguições, um antagonista macabro, mortes violentas, uma final girl habilidosa e muita adrenalina, nalguns casos, com doses generosas de humor. Diferente de seu antecessor, narrativa sobre jovens programados para se divertir numa zona distante dos grandes centros urbanos, esta sequência traz o policial satanista Joe Vickers (Robert E. Shafer) para uma metrópole agitada, figura ficcional macabra que ceifará novas vidas, desta vez, de um grupo de funcionários de um escritório que decide realizar uma despedida de solteiro com strippers, drogas, bebidas e demasiadas tentativas de diversão sexual, a maioria interrompida pelo agente da lei mórbido.
No filme, ele cumpre todos os requisitos de um slasher: matar, violentamente, aqueles que ferem os códigos da moral e dos bons costumes. Sem aderir ao ritmo monótono do antecessor, desta vez, a direção de Adam Rifkin injeta doses de adrenalina e torna o filme, dramaticamente abaixo da média, uma aventura que ao menos nos diverte, sem se importar com a tentativa de criar diálogos importantes face que o roteiro tem como mote, um fiapo de texto sobre um psicopata trajado de policial que aniquila vidas incautas numa noite qualquer. Assinado por Dan Poveniere, o material dramático de Psycho Cop 2: O Retorno Maldito traz uma quantidade exorbitante de piadas, cenas intensas de perseguição que parecem não acabar nunca e uma protagonista que nos permite um punhado de catarse, desenvolvida de maneira mais habilidosa, quase uma Laurie Strode versão Halloween H20, isto é, alguém que usa a inteligência para tentar sobreviver ao monstro que apresenta diversas características que o colocam num lugar privilegiado.
Ao longo de seus breves 80 minutos, o filme investe no painel de personagens colocados em cena para morrer violentamente, desta vez, sem inserção de cortes que anulam a experiência visual diante da trilha de corpos que é estabelecida. Um a um, os barulhentos homens e mulheres da festinha particular se transformam em vítimas do assassino, aquecimento para a batalha final travada entre Sharon Wells (Barbara Niven) e Joe Vickers. Acompanhamos, por meio da direção de fotografia de Adam Kane, as bifurcações deste espaço cheio de obstáculos inseridos pelo design de produção de Claude Viator, recursos que tornam a guerra travada entre o monstro e a mocinha mais emocionante. Aqui, a morte está representada pela figura do policial que exibe uma força anormal, imune, tal como Michael Myers, aos tiros, facadas e outras tentativas da protagonista que se desdobra o quanto pode para tentar matar o seu algoz.
Também diferente do antecessor, a maquiagem e os efeitos especiais de Michael Beth Klau entrega ao público um desenho mais visceral das mortes, tornando a narrativa uma empreitada autêntica dentro do slasher, imagens complementadas pela trilha sonora cheia de subidas extremas de tom, textura assinada pela dupla formada por George Adrian e Marc David Decker, assertiva, mas não memorável, tal como o filme, um entretenimento que é a cara de sua época, tomado por momentos exagerados de misoginia próximo ao final, com desfecho que ainda investe na possibilidade de ganhar outra sequência, algo que até então, quase três décadas depois, ainda não aconteceu e aparentemente nem vai, afinal, não há razão de ser para outra sequência, não é mesmo, caro leitor? Talvez uma refilmagem. Quem sabe?
Pyscho Cop 2: O Retorno Maldito (Psycho Cop Returns, EUA – 1993)
Direção: Adam Rifkin
Roteiro: Wallace Potts, Dan Povenmire
Elenco: Robert R. Shafer, Jeff Qualle, Palmer Lee Todd, Dan Campbell, Cindy Guyer, Linda West, Greg JoujonRoche
Duração: 89 min.