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Crítica | Profissão de Risco

por Melissa Andrade
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O cinema possui alguns recursos interessantes que são comumente usado em seus filmes. O mais comum talvez seja o plot twist. Para quem não sabe, esse é um termo dado aquele momento na trama em que ocorre uma reviravolta que ninguém esperava. Mais ou menos como o que acontece em O Sexto Sentido, excelente exemplo de plot twist bem feito. Em outros momentos, ele não é tão bem elaborado e acaba não tendo o efeito necessário. Ou o filme em si é tão desastroso que nem faria diferença.

Profissão de Risco conta a história de Jack, um assassino de aluguel (ou algo pior, não fica bem explicado) que tem uma única missão: apanhar uma bolsa com um conteúdo misterioso, que ele não pode abrir para ver o que tem dentro, e levar até o quarto 13 de um motel de beira de estrada e aguardar lá até que seu chefe, Dragna apareça para apanhá-la e então receber por seus serviços. Parece simples não? Mas, antes mesmo de chegar ao tal motel, Jack é interceptado pelo o que ele presume, seja outro capanga do Dragna e leva um tiro na mão. Não vemos o embate, apenas o corpo do tal sujeito no carro de Jack e sua mão ensanguentada.

Ele finalmente chega ao tal motel e tem problemas ao se registrar pois o atendente faz muitas perguntas e desconfia do fato de que ele não possui cartão de crédito. Ao caminhar para o quarto, dá de cara com uma mulher bem alta, trajando roupas provocantes e uma peruca curta azul. Ela lhe faz um gracejo, mas ele se esquiva, entrando no quarto e não demora muito, alguém bate a porta pedindo um abridor de garrafas, algo que Jack obviamente não possui. Desconfiado, ele vai até seu carro, coloca um silenciador em sua arma e parte em direção a porta do quarto ao lado, onde dois homens de terno não têm nem tempo de pensar, pois Jack sai atirando neles, o que dá início a todos os problemas, uma vez que os homens tinham uma maleta com a foto da bolsa que Jack carrega, dando lhe a certeza de que precisa: todos querem a bolsa.

Espectadores mais experientes irão sacar no ato o conteúdo da bolsa (o qual não será revelado aqui) e indagar sobre todos os acontecimentos estranhos nesse filme. Aqueles não tão experientes ficarão curiosos, mas de qualquer forma terão a mesma dificuldade em aceitar o que estarão vendo. Profissão de Risco é uma sucessão infindável de erros, começando do elenco e indo até a direção.

Há tempos John Cusack não tem um bom dedo para escolher seus papéis já que seus últimos trabalhos em Hollywood tem ido de medíocres a deploráveis. Ele parece perdido no que fazer a seguir e carece urgentemente de um novo agente. Uma pena, pois se trata de um bom ator, mas que está jogando a carreira na lama. Sua atuação nesse filme é similar a tantos outros papéis antigos, do herói não convencional e ele não parece se dedicar muito nem a isso, mas quem pode culpá-lo? Seu colega de elenco, Robert de Niro, mesmo possuindo outro papel medíocre nesse filme está num patamar que alguns consideram diferente, já ter feito tantos filmes de sucesso e agora se dar ao luxo de interpretar papéis mais inferiores. Um ou outro tudo bem, é aceitável, mas, faz tempo que ele não tem um papel memorável. Talvez a surpresa (não tão aprazível) fique por conta da brasileira Rebecca da Costa que tem um papel de destaque e é uma das peças chave no enredo. Todavia, sua atuação é muito fraca e seu domínio do idioma necessita de melhorias.

O diretor David Grovic mesmo munido de uma boa ideia não soube transformá-la em algo aceitável, pois não basta só a ideia, é preciso desenvolvê-la da forma correta e isso ele não soube fazer. A fotografia, os diálogos, as atuações, as poucas cenas de ação, são de um amadorismo sem igual e faz com que o espectador não veja a hora de sair da sala de cinema.

E o que tem dentro da bolsa? Bem, depois de um tempo você acaba esquecendo-se disso e quando finalmente é revelado não tem mais tanta importância, pois o filme já naufragou.

Profissão de Risco (Bahamas e EUA – 2014)
Direção: David Grovic
Roteiro: David Grovic e Paul Conway
Elenco: John Cusack, Robert de Niro, Rebecca da Costa, Crispin Glover, Dominic Purcell, Sticky Fingaz, Martin Klebba, David Shumbris, Theodus Crane, Mike Mayhall e Danny Cosmo
Duração: 108 min.

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