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Crítica | Predadores Perigosos 3D – Os Mais Temidos dos Oceanos

por Leonardo Campos
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Documentar animais marinhos e suas vidas peculiares não começou exatamente na era da TV paga, nos canais a cabo, mas já vinha de uma tradição jornalística anterior em veículos mais democráticos que expunha curiosidades e características de tubarões, orcas, golfinhos, baleias, etc. Com a evolução tecnológicas, tais produções se tornaram esteticamente mais deslumbrantes, voltadas também para discursos de urgência sobre a importância da manutenção de algumas espécies para um ecossistema que esteja ao menos perto do ideal de sobrevivência dos seres humanos. Predadores Perigosos 3D – Os Mais Temidos dos Oceanos se posiciona no entre-lugar do jornalismo sensacionalista e no discurso ambiental de tantas produções contemporâneas dedicadas ao assunto. Há, no material de divulgação, a imagem do mais artísticos dos animais marinhos, isto é, o tubarão-branco, mas a produção flerta com outros seres.

O tom exagerado, semelhante ao que se tem de representação destes animais no terreno ficcional, não chega a ser comprometedor, apenas divertido, pois sabemos que determinados adjetivos empregados aos tais seres, antropomorfizados na exposição de suas características, é apenas uma estratégia de expressão da narração para tornar os 58 minutos de imagens subaquáticas mais empolgantes. Sob a direção de Timo Joh. Mayer e Benjamin Eicher, o filme mescla entretenimento de nicho para incutir algumas mensagens pró-ambientais, dedicado ao processo reflexivo da importância de várias espécies marinhas para a manutenção da vida terrestre, não apenas porque o discurso é bonito e politicamente correto, mas por envolver não apenas o mundo animal, mas os próprios humanos, afinal, como se sabe, o oxigênio que permite a existência da vida no planeta é proveniente de vários fatores conectados aos oceanos.

Com imagens captadas pela direção de fotografia da dupla realizadora, apoiada por Alexander Scheck e Petter Koller, acompanhamos desde as primeiras passagens, a vida marinha do ponto de vista subaquático. Os seres são apresentados diante de suas estratégias evolutivas, tratados como assustadores e perigosos, mas também como necessários do ponto de vista biológico. O rei, já sabemos. Se em solo o leão é tido como o rei da selva, nos mares, quem domina o negócio predatório é o tubarão, especificamente, a espécie ameaçada de extinção por causa da caça predatória e do legado cultural dos filmes de tubarões. Spielberg e seu monstro de 1975 é apontado sempre quando o assunto é a transformação da imagem do tubarão-branco no imaginário popular post-Jaws. Mas o documentário não se prende ao detalhe em questão.

As discussões aqui são divididas entre imagens das espécies em interações, juntamente aos gráficos, pouco comuns ao que estamos acostumados a ver, mas interessantes. Detalhes bem pontuais, como a cartilagem e sua possibilidade de permitir aos tubarões nadarem, a caça com espinhel e a retenção de animais em deslocamento, além de questões sobre a reprodução estão entre os tópicos abordados. É uma aula de Biologia com pitadas de entretenimento. Em determinados pontos, repete-se demais, noutros traz informações importantes com agilidade e humor. A textura percussiva de Franziska Treuther promove a devida coesão entre o que a imagem representa e os sons criados pela trilha sonora envolvente, sem ser demasiadamente intrusiva. Próximo ao desfecho, os tubarões ganham mais destaque.

O tubarão-lixa e sua calmaria, as moreias e seus dentes afiados e perigosos por causa da presença de bactérias, famintas constantemente e geralmente encontradas em regiões cavernosas, as barracudas velozes e com seus corpos esguios como flechas, o tubarão-martelo com a sua cabeça de sondar, dentre tantos outros animais marinhos, expõem as criaturas que nomeiam o documentário Predadores Perigosos 3D – Os Mais Temidos dos Oceanos. A prática do finning é mencionada, refletida como destrutiva, ilustrativa para quem desconhece o quão devastador é: a retirada da barbatana dos tubarões para venda em mercados onde são tratadas como iguarias, em especial, a cultura gastronômica chinesa e sua valiosa sopa, servida em eventos de luxo. A retirada da barbatana é acompanhada, no geral, da liberação do animal no mar para afundar, pois sem essa espécie de GPS, os tubarões não nadam mais e afundam para a morte, desarticulados de qualquer possibilidade de sobreviver.

Há um TOP 3 em relação aos mais temidos: o tubarão-branco em primeiro lugar, o tubarão-tigre em segundo e o cabeça-chata em terceiro. Lendas e casos são comentados, apresentados como espécies imbatíveis, “monstros” aptos a ceifar a vida de suas presas. É um ponto que como mencionado anteriormente, sabemos se tratar de sensacionalismo, nada que atrapalhe o entretenimento, mas um mergulho numa narrativa paradoxal ao tratar de criaturas que são animais selvagens, não ameaças para os homens que decidem adentrar os seus espaços. É uma característica geral dos documentários ambientais, algo que filmes mais recentes buscam evitar, haja vista a necessidade de debates ecológicos mais responsáveis. Até mesmo as produções ficcionais buscaram mudar o discurso e apresentar os animais como perigosos na interação, mas diante de seres humanos que assumem os próprios riscos de suas aventuras pessoais.

Predadores Perigosos – Os Mais Temidos dos Oceanos — (Ocean Predators) Inglaterra, 2013.
Direção: Timo Joh Mayer, Benjamin Eicher
Roteiro: Benjamin Eicher
Elenco:  Timo Joh Mayer, Benjamin Eicher
Duração: 58 min.

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