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Crítica | Predador vs. Pantera Negra

Caçando vibranium.

por Ritter Fan
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Os alienígenas da espécie yautja, conhecido coloquialmente por Predador, entraram oficialmente no Universo Marvel (de quadrinhos) em Predador vs. Wolverine, uma minissérie de Benjamim Percy de 2023 que foi além de simplesmente colocar as criaturas contra o mais enfezado herói da editora, pois o roteirista criou uma série de retcons para indicar que os monstrengos caçadores de troféus sempre estiveram por aí, agindo nas sombras. Não foi uma história particularmente inspirada ou especial, mas ela pelo menos serviu para mostrar que, ao que tudo indica, os Predadores vieram para ficar, o que sempre pode ser uma novidade interessante se aproveitarem a presença de mais esses alienígenas para fazerem mais do que sucessivas rinhas de galo com super-heróis.

Em 2024, o mesmo Percy retorna para uma nova dose, desta vez colocando os yautjas em rota de colisão com o Pantera Negra, Shuri e as equipes Dora Milaje e Hatut Zeraze, em Wakanda. A escolha do Pantera como alvo dos Predadores faz todo sentido não só pelo fato de a ultramoderna nação africana ser cercada de luxuriantes florestas, ambientação clássica na mitologia audiovisual das criaturas, mas também porque se trata de um lugar escondido e isolado do restante do mundo, com direito até mesmo a um “escudo” que a torna invisível, escudo esse que, conforme aprendemos, foi originalmente inspirado justamente na tecnologia dos yautjas, pois essa é, conforme também aprendemos, a segunda vez que eles invadem Wakanda, a primeira tendo sido na época de Azzuri, o Sábio, avô de T’Challa.

Mas estou me adiantando. A premissa da minissérie nos apresenta a dois irmãos yautjas cujos clãs o pai deles faz competir por supremacia. Um dos irmãos, o mais forte, é o favorito do pai que lhe empresta uma lança feita de vibranium que ele obtivera na tal primeira visita à Wakanda, enquanto o outro é mais fraco, não tem uma perna e, claro, perde o combate, sendo deixado vivo para uma dose extra de humilhação. Mas o segundo irmão (não há nomes, então eu tenho que me referir assim…) não desiste e decide igualar suas chances de uma revanche contra o irmão obtendo mais vibranium em Wakanda, partindo com um destacamento de seu clã para a Terra com esse objetivo. Não é preciso muita imaginação para perceber que T’Challa não gosta muito dessa ideia de um lado e, de outro, os predadores ficam excitados não só com o valioso metal, mas, também, com a perspectiva que consegui outros troféus, um deles a armadura do Pantera Negra, evidentemente.

Apesar de Percy mostrar-se menos ambicioso aqui, costurando os yautjas apenas levemente com Wakanda em comparação com os citados retcons na minissérie com o Wolverine, ele compensa com uma história que é mais ampla no lado dos predadores, criando toda essa mini-mitologia de irmãos rivais, de um pai brutal e impiedoso e assim por diante, o que pode preparar o terreno para novas incursões yautjanas na Terra (houve o anúncio de outra minissérie nesse estilo para 2025, contra o Homem-Aranha, mas não está claro que se ela fará referência à família alienígena apresentada aqui). No lado de Wakanda, aquela velha história de que o Pantera Negra não quer revelar a existência de Wakanda para o mundo ou dividir tecnologia – que eu achava que estava restrita só aos filmes, já que não me lembro de Wakanda ser tão secreta assim nos quadrinhos – está muito presente e, sinceramente, ela cansa demais, pois é uma repetição temática a cada vez que T’Challa fala alguma coisa, com direito à discordâncias de Shuri, que dá vontade de virar a página logo.

E a pancadaria em si, mesmo não poupando mortes brutais de buchas de canhão dos dois lados da peleja, não é lá tão excitante. Na verdade, é muito fácil demais até, diria, com direito até mesmo a uma união com o Falcão que é extremamente providencial e conveniente. A arte não ajuda muito também, por ser oscilante com vários artistas se revezando no lápis, o que cria inconsistência que, vale lembrar, foi evitada em Predador vs. Wolverine, com cada artista ficando responsável por um momento temporal nos flashbacks. Não são, no geral, trabalhos ruins, mas por vezes eles se mostram tumultuados demais, com sequências tão cheias de personagens e todos eles repletos de equipamentos e detalhes, especialmente os predadores, que por vezes me senti em plenos anos 90, mais conhecido como o Apocalipse Artístico dos Quadrinhos.

Mesmo com seus problemas, eu encaro essas minisséries de rinha de galo como introduções dignas dos predadores no Universo Marvel que pode caminhar para algo de proporções maiores, espero, mais complexas em futuro próximo, talvez até mesmo com direito à presença dos queridos xenomorfos que também estão em processo de serem canonizados nos quadrinhos de super-heróis da editora. Só não vai ser muito legal se repetirem, aqui, a mixórdia que fizeram quando misturaram o Monsterverse com a Liga da Justiça em Liga da Justiça vs. Godzilla vs. Kong, ainda que eu desconfio que não será muito diferente em termos qualitativos…

Predador vs. Pantera Negra (Predator vs. Black Panther – EUA, 2024)
Contendo: Predador vs. Black Panther #1 a 4
Roteiro: Benjamin Percy
Arte: Chris Allen, Sean Damien Hill, Lee Ferguson
Arte-final: Craig Yeung, Jonas Trindade
Cores: Erick Arciniega
Letras: Travis Lanham
Editoria: Lindsey Cohick, Sarah Brunstad, C.B. Cebulski
Editora: Marvel Comics
Datas originais de publicação: 21 de agosto, 25 de setembro, 30 de outubro e 20 de novembro de 2024
Páginas: 112

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