- Há SPOILERS do episódio e da série. Leia, aqui, as críticas dos outros episódios.
A gente já sabe que tudo o que está ruim, pode piorar, segundo a sabedoria popular. E isso também tem se tornado uma verdade para Jesse e Tulipa nesta fase da série, que no presente episódio, contou com a apresentação do Grande Pai D’Aronique (interpretado por Jonny Coyne) e do Culto Les Enfants du Sang, já mostrando brevemente Eccarius, interpretado por Adam Croasdell.
Eu já havia demonstrado a minha extrema felicidade com o retorno da série à loucura divertida, no episódio The Tombs, e isso volta a aparecer aqui, com uma boa mistura de coisas de Orgulho Americano e Rumo ao Sul. O roteiro de Mary Laws faz uma junção bastante sólida de diversos elementos dramáticos da temporada, tanto dos que já haviam aparecido, quanto dos que serão explorados mais adiante. É um episódio narrativamente bastante rico, mas na maneira como mostra seus seus segmentos é até bastante simples (o que nem de longe é algo negativo), não se furtando de exprimir a abordagem maluca que tanto esperamos do show.
O afastamento de Cass era algo que precisava acontecer. Isso tirou de cena o romance exageradamente adocicado que ele formava triangularmente com Tulip e Jesse, e ainda permitiu que o personagem voltasse a ter um notável destaque em sua própria condição de vampiro. No capítulo anterior, vimos isso acontecer em ligação com a narrativa central e aqui, já de modo independente, tal camada abre as portas para a introdução dos Filhos do Sangue e ao mesmo tempo, para a curtição de uma bad por parte de Cass, que sabemos funcionar muito bem em situações extremas, encontrando no ator Joseph Gilgun o ponto de partida perfeito para esse tipo de ação. Quem também se destaca aqui — aliás, a melhor atuação do episódio, a meu ver — é Pip Torrens, que recebeu um roteiro extremamente cínico para trabalhar, pondo o silêncio e a ação à toda prova um pouco de lado. O resultado? Cenas impagáveis, como a sequência em que ele conversa com o Grande Pai D’Aronique e segura o seu ódio.
A luta, o uso de armas e as mais diversas expressões de bizarrice por parte de estranhos indivíduos são o núcleo central de Preacher, marcados no atual capítulo, pela interação rápida e decisiva entre elas. Alguns pontos pareceram ceder à facilidade didática, mas de forma alguma se tornaram ruins ou atrapalharam o episódio. Apenas foram mais fracos em relação ao todo, visto em alta conta. Cenas como a prisão de Jesse no caixote — terminada com um “pouquinho” de Ex Machina + MacGyver — ou o desfecho da prisão de Tulip — terminada da mesma forma; na verdade, o único ponto ruim do capítulo, por não ter ao menos uma sólida ironia à guisa de explicação — possuem um pequeno peso na verossimilhança e nos faz revirar os olhos, mas nada disso interrompe o fluxo de maluquices adoráveis que o show segue mostrando. Em torno de Deus e sua busca, segue o turbilhão de perturbados e os mais diversos tipos de pecadores. Quem bom. É assim que é pra ser.
Preacher 3X05: The Coffin (EUA, 22 de julho de 2018)
Direção: Millicent Shelton
Roteiro: Mary Laws (baseado nos personagens de Garth Ennis e Steve Dillon)
Elenco: Dominic Cooper, Joseph Gilgun, Ruth Negga, Pip Torrens, Julie Ann Emery, Malcolm Barrett, Colin Cunningham, Betty Buckley, Jeremy Childs, Mark Harelik, Tyson Ritter, Jonny Coyne, Adam Croasdell, Lucy Faust, Vincent Fuentes, Eduardo Losan, Stephanie Dunnam
Duração: 42 min.