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Crítica | Pinguim – 1X06: Cúpula de Ouro

A vingança da ralé.

por Kevin Rick
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos outros episódios da série.

Seguindo a mesma deixa de Boas-vindas, o sexto episódio de Pinguim acaba passando por cima de muita coisa que às vezes merecia mais tempo e paciência, mas que infelizmente é acelerado por se tratar de uma minissérie, começando pela nova operação subterrânea de Oz. Se no episódio passado tivemos o vislumbre de uma ideia criminosa, aqui tudo isso já se concretizou, com um esquema de tráfico complexo em andamento. Tudo é resolvido em elipse, o que não é ideal, mas entendo que os roteiristas não tinham tempo de desenvolver o crescimento de Oz de míseros dois baldes de Bliss até o que vemos aqui. O texto de Nick Towne faz um trabalho eficiente em termos de contextualizar o público do que aconteceu fora de tela e como Oz ficou fora do radar da aliança Maroni-Gigante, além de não desconstruir o ótimo arco narrativo do protagonista que vinha do fundo do poço na semana anterior.

Mesmo com um mini-império em ascensão, Oz precisa trabalhar com gangues menores, ficar escondido e passa mais da metade do episódio sofrendo com a falta de luz em Crown Point, sem falar das diversas cutucadas viscerais da sua mãe. Gosto da abordagem mantida com o personagem, que segue sendo um underdog, sempre precisando achar um jeitinho. Dá até pra ver algumas críticas e comentários sociais aqui e ali, principalmente no arco de Victor, mas claro que esse não é o foco narrativo, considerando que Oz apenas usa esse discurso para manipular todos à sua volta. É divertido ver essa versão do Pinguim, irritado com a falta de respeito, a falta de poder e com o ego ferido, fazendo o que for necessário para atingir seus objetivos.

Nesse sentido, a produção continua esperta em termos de humanizar o protagonista e os coadjuvantes. É a típica historinha de simpatia pelo diabo, mas muito bem revestida de estudos de personagens excelentes e relacionamentos complexos, com destaque para as interações de Oz, Francis e Victor nesse episódio. É perspicaz como o roteiro caminha o drama entre delicadeza e perversidade nesses momentos. Num instante temos um filho ajudando uma mãe doente, ao mesmo passo que essa matriarca insinua que seu filho deve matá-la eventualmente. Em outro momento, Oz conforta Victor, mas sutilmente implica que o jovem irá matar mais vezes. Essas cenas são tão bem escritas, dirigidas e atuadas, soando quase singelas e bonitas, mas também disfuncionais e trágicas, com o adendo de uma narrativa que, mesmo entre pequenos atropelos, tem paciência com essas situações de desenvolvimento dos personagens, como a cena da cozinha, da banheira, do gerador, da dança e assim por diante.

Chega a ser engraçado como a sequência de Oz torturando um político corrupto soa praticamente justificável aos nossos olhos, da mesma forma que Sofia continua ganhando solidariedade dos roteiristas, seja na sua relação quase paternal com Salvatore (outra linha narrativa muito boa, com bons diálogos e ótimos conflitos), seja na forma de afinidade que ganha com Eve, outra personagem enganada por Oz. Essa sequência entre as duas, aliás, é pontuada por uma ótima construção de tensão, mas tem como grande destaque o quanto é acrescentado dramaticamente às personagens, ambas se respeitando ao final da cena e ambas agregando bastante à própria construção de quem é o Pinguim. Victor também não fica pra trás, ganhando um núcleo com Squid que acentua sua derrocada no mundo do crime com aspectos bastante realistas e seus laços cada vez maiores com a sua nova família completamente perturbadora.

Fora do excelente trabalho dramático em Cúpula de Ouro, a história da saga de crime em si continua pecando um pouco em termos do jogo entre os lados da guerra pela cidade, mostrando menos de Gotham do que eu gostaria e resolvendo muita coisa fora de tela ou então com muita facilidade, mas ainda penso que esses pequenos atropelos são pormenores e consequências de uma narrativa comprimida. Até a criação do grupo que dá título ao episódio, que de cara parece ser uma resolução muito fácil e súbita, faz sentido dentro do que vem sendo estabelecido narrativamente e tematicamente na produção: uma nova dinâmica de poder em Gotham, com a ralé querendo assumir sua “posição de direito” – irônico como Oz e Sofia oferecem a mesma coisa, não?. Por fim, mesmo em um capítulo mais introspectivo e de preparação para a reta final da minissérie, as reviravoltas continuam muito boas e orgânicas, como o ataque da aliança Maroni-Gigante, a saída inteligente de Oz em criar demanda pela droga e a maneira que Sofia encontra Francis e Victor, no que é um gancho espetacular para o que nos espera no grande reencontro de Oz e Sofia, dessa vez com todas as cartas na mesa.

Pinguim – 1X06: Cúpula de Ouro (The Penguin – 1X06: Gold Summit) | EUA, 27 de outubro de 2024
Criação:
Lauren LeFranc
Direção: Kevin Bray
Roteiro: Nick Towne
Elenco: Colin Farrell, Cristin Milioti, Rhenzy Feliz, Deirdre O’Connell, Clancy Brown, Carmen Ejogo, Michael Zegen, Berto Colón, James Madio, Joshua Bitton, David H. Holmes, Daniel J. Watts, Ben Cook, Jayme Lawson, Theo Rossi
Duração: 59 min.

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