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Crítica | Perseguidos (2010)

Uma família em crise é colocada numa situação selvagem e arriscada!

por Leonardo Campos
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Mais um exemplar do segmento ursos assassinos que consegue ser menos intenso que qualquer notícia veiculada nos meios de comunicação sobre ataques reais destes predadores de topo na cadeia alimentar selvagem. Perseguidos, lançado em 2010, parte de uma das ramificações básicas do horror ecológico, isto é, um grupo de pessoas perdidas em meio ao habitat próprio de uma espécie perigosa, distanciados de qualquer sinal de civilização e desprovidos de aparatos tecnológicos para comunicação em busca de ajuda. Esse argumento simples já rendeu muitos filmes eletrizantes, até mesmo aqueles de baixo orçamento, mas neste caso, os ursos mais uma vez ganharam o cinema por meio de uma narrativa que desonra o seu poder no imaginário cultural, bem como a sua simbologia de poder no ambiente natural. Arrastado, com diálogos horrendos e personagens mergulhados em conflitos embasados em fórmulas desgastadas, a produção se move por breves 85 minutos que mais parecem uma eternidade. Tenso, não é mesmo?

Assistir ao filme me fez lembrar de uma notícia relativamente recente e potencialmente muito mais assustadora que os elementos cinematográficos concebidos de maneira irregular pela equipe de John Rebel, cineasta que assumiu a direção de Perseguidos, guiado pelo texto assinado por ele mesmo, em parceria com Ethan Wiley. Em meados de 2020, uma mulher conversava com o pai por telefone quando de repente, foi surpreendida por um urso que já havia dado as caras na região, mas nunca havia partido ao ataque de ninguém. O filho da jovem mulher presenciou tudo com muito horror, tal como o interlocutor por celular, apenas chocado pelos sons gorgolejantes oriundo dos últimos minutos de vida da mulher que ainda foi socorrida pelo marido que desferiu alguns tiros no animal, mas infelizmente não conseguiu salvar a esposa dessa tragédia marcante e bastante cinematográfica, haja vista o “exotismo” do acontecimento, algo que tem se tornado cada vez mais comum nas últimas décadas, haja vista a proximidade dos humanos nos ambientes de circulação da vida selvagem. Reler sobre isso antes de escrever minha reflexão suscitou o seguinte questionamento: por qual motivo a maioria dos filmes com ursos não consegue efeito catártico?

Será que nosso imaginário está muito aliado aos Ursinhos Carinhosos? Será a relação entre humanos e bichinhos de pelúcia, em especial, os ursos, espécie mais abundante neste segmento? Elucubrações à parte, Perseguidos mantém um padrão um pouco acima de desastres na linha do também irregular Fúria Sangrenta e um texto “mais sério” que O Parque Dos Ursos Selvagens, mas ainda assim, não consegue manter a atmosfera dramática por causa do elenco fraco e dos diálogos esquemáticos demais. Na trama, dois irmãos atravessam uma estrada deserta para ir ao aniversário de casamento de seus pais. Nick (Brendan Michael) e Sam (Patrick Scott Lewis) diferentes em desejos, projetos e pensamentos, um mais velho, arrogante, o mais novo, músico e envolvido com drogas. Eles discutem o tempo inteiro e estão acompanhados de suas esposas, Liz (Mary A. Stiefvater) e Christine (Katie Lowes), mulheres de mundos e estilos distintos, todos colocados para purgar diante do inesperado acidente com o carro e surgimento de um urso que vem para coloca-los para repensar as suas vidas e necessidades.

É nesta situação emergencial que segredos são revelados e conflitos adicionais são inseridos para tornar a história mais substancial que apenas um grupo de pessoas perseguidos por um urso assassino. Sem habilidade para desenvolver a história, os realizadores transformam a produção num espetáculo de marasmo, sem intensidade e com repetição de padrões vistos melhor em outros filmes do segmento horror ecológico. Há uma cena divertida de tão ruim, com uma das personagens a dizer “parece o dia da marmota na versão urso”, uma referência ao clássico moderno Feitiço do Tempo, colocada no meio do embalo entre pessoas dentro de um carro desesperada pela sobrevivência face ao horror proporcionado pelo urso ameaçador do lado externo, as vezes interno, a depender da cena de ataque que fazemos menção. O design de produção de Rose Shawfan possui pouco a fazer, haja vista a cenografia externa e com poucos elementos para inserção, diferente da trilha sonora de Steve Davis, menos interessante do que deveria ser para um filme deste estilo. Dan Branco entrega um design de som com alguns momentos irritantes do barulhento urso, mas tudo, do drama ao estético, é irregular em Perseguidos.

Perseguidos (Bear, USA – 2010)
Direção: Roel Reiné
Roteiro: Roel Reiné, Ethan Wiley
Elenco: Brendan Michael Coughlin, Patrick Scott Lewis, Katie Lowes, Bill Rampley, Mary Alexandra Stiefvater
Duração: 78 min

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