Home Diversos Crítica | Perry Rhodan – Livro 9: Socorro Para a Terra, de W. W. Shols

Crítica | Perry Rhodan – Livro 9: Socorro Para a Terra, de W. W. Shols

por Luiz Santiago
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Grande Ciclo: Via Láctea — Ciclo 1: A Terceira Potência — Episódio: 9/49
Principais personagens: Perry Rhodan, Reginald Bell, Tako Kakuta, Crest, Homer G. Adams, Clive Cannon, John Marshall, Ras Tschubai
Espaço: Terceira Potência (Deserto de Gobi), Chicago e Nova York (EUA), Lua, Vênus.
Tempo: Junho – Julho de 1972

Depois da parcial decepção que foi Base em Vênus, o oitavo e mais fraco volume dessa saga até o momento, eu estava curioso para ver como os escritores iriam trabalhar o novo passo da Terceira Potência frente aos países ainda resistentes ou temerosos à iniciativa de Perry Rhodan no Deserto de Gobi. Da mesma forma, esperava um definitivo enfrentamento dos mocinhos contra os Deformadores Individuais (DI), pois o título do livro e a ilustração original da capa já apontavam para esse acontecimento.

O gancho para a continuidade aqui funciona que é uma beleza. Começamos com a equipe ainda em Vênus, procurando explicações para algumas descobertas e fazendo os treinamentos que aquela equipada base deixada pelos arcônidas num passado distante poderia promover. Rhodan engajou-se numa longa conversa com o cérebro positrônico da base, e esse papo abriria as portas para a criação de um plano de emergência que a versão do cérebro existente na Terra ajudaria a criar, a fim de identificarem os DI. É muito curioso que o nível de ação e engajamento que esse volume nos apresenta, contando até com uma pequena batalha espacial, superam imensamente o plot de Base em Vênus, que por excelência deveria causar o mesmo tipo de sensação no leitor.

Minha impressão, à medida que a trama avançava para o seu segundo ato — ou seja, as ações diretas da Terceira Potência para lidar com uma invasão massiva — é que estava lendo uma aventura noir, algo que fica ainda mais forte quando a narrativa se desloca para Chicago e temos as sequências com o mafioso Clive Cannon. Confesso que torci o nariz para a entrada desse personagem na obra, pois imaginava que teria pouco ou quase nada para oferecer a uma trama como esta. E foi ótimo descobrir que eu estava errado. O nível de tensão gerada pelo contato com Cannon e todo o plano para levá-lo com vida até o Gobi foi algo muito bem modulado pelo escritor W. W. Shols, colocando em interação o lado humano, com recursos terrenos, contra o lado alienígena e sci-fi da série, um estilo de abordagem que ele fez também de modo notável em seu livro anterior, O Exército de Mutantes.

Eu havia comentado em uma das minhas críticas passadas que estava esperando alguma citação direta sobre a produção e consumo de alimentos pelo pessoal da Terceira Potência e… voilà!, aqui temos duas exposições bem claras sobre isso, inclusive com uma ação bem legal por parte da nova nação, criando um espaço de cultivo ali no meio do deserto. Ao que tudo indica, há água corrente saindo da Terceira Potência e isso tem atraído pequenos aldeões mongóis, que agora vivem nas cercanias da cúpula energética. Uma ótima e orgânica relação do autor para com o início de qualquer grande civilização da Terra.

O plano para derrotar os DI foi realmente bem arriscado e a cadência de ação foi uma das melhores nesse início de ciclo. É claro que a intenção foi resolver o problema, mas não tirar por completo a impressão de medo para a possível volta dos vilões, e em número ainda maior. O consolo é que a Terceira Potência já conseguiu desenvolver um identificador de ondas cerebrais de um DI, e há planos para um aprimoramento dessa arma, o que dá à humanidade um certo alívio.

O grande evento desse livro serviu como definidor de uma amizade total das nações da Terra para com a Terceira Potência. O texto também dá a entender que os problemas diplomáticos internos não acabaram — o que é óbvio: questões sociopolíticas nunca são simples e raramente perduram muito tempo sem algum tipo de ataque, mesmo após acordos fechados — mas pelo menos o embate e estranhamento direto contra Perry Rhodan e seus compatriotas terceiropotentes estão superados. O tom de união após a tormenta e o olhar promissor para o futuro encerram o livro em ótimo patamar, já apontando para uma Nova Era, agora com o conhecimento de todos e adesão da maioria.

A Terceira Potência obrigou os DI a bater em retirada, repelindo uma invasão vinda das profundezas do espaço, invasão esta a que o restante da humanidade teria de assistir completamente indefesa. Perry Rhodan e seus homens sentem-se orgulhosos. Mas também estão preocupados, pois sabem que para a Terceira Potência, e posteriormente para toda a humanidade, vai ter início à Era Galáctica. O 10º volume da coleção nos conduzirá ao limiar dessa Era.

Perry Rhodan – Livro 9: Socorro Para a Terra (Hilfe für die Erde) — Alemanha, 3 de novembro de 1961
Autor: W. W. Shols
Arte da capa original: Johnny Bruck
Tradução: Richard Paul Neto (Ediouro) e Rodrigo de Lélis (SSPG)
Editora no Brasil: Ediouro (1976) e SSPG (20/08/2022)
110 páginas

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