Home Diversos Crítica | Perry Rhodan – Livro 63: Os Microtécnicos, de Clark Darlton

Crítica | Perry Rhodan – Livro 63: Os Microtécnicos, de Clark Darlton

Pepinos-engenheiros.

por Luiz Santiago
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Grande Ciclo: Via Láctea — Ciclo 2: Atlan e Árcon — Episódio: 63/99
Principais personagens: Perry Rhodan, Reginald Bell, Jost Kulman, Gucky, Berenak, Waff, Markas, Drog
Espaço: Planeta Swoofon
Tempo: Novembro de 2040

Esse livro me pegou de surpresa. Por mais que eu estivesse ansioso para voltar à trama das conquistas galácticas do Império Solar e ver Perry Rhodan e equipe em cena, não imaginaria que num volume consideravelmente simples e contido, passando-se quase que exclusivamente no Planeta Swoofon, pudesse encontrar uma história tão boa, com situações que trarão muitos progressos em pouquíssimo tempo para a Terra. Apesar de já termos ouvido falar dos swoons em O Robô Espião (Livro #61), não tivemos contato ou convivência com essa espécie, algo corrigido nesta edição da série, que traz a tripulação central do Império Solar para o planeta dos “pepinos-engenheiros” a fim de contornar mais uma quebra de contrato feita pelo Robô Regente de Árcon. Pois é. Quanto mais tempo se passa, mais raiva vou acumulando dessa lata-velha traidora.

O texto de Clark Darlton é parcialmente cômico, mas não destaca por completo o gênero. Há, em vez disso, um ótimo estabelecimento do ambiente civilizacional dos swoons e uma aplaudível criação de sociedade complexa, detalhada e tratada com bastante respeito, apesar das cômicas características físicas dos protagonistas. O autor é um dos meus favoritos na composição de ambientes novos e exposição de sociedades diferenciadas, algo que vem fazendo na série desde o Planeta Ferrol, embora eu sempre deva destacar o maravilhoso trabalho dele na criação e desenvolvimento do mundo das formigas inteligentes em O Planeta dos Mock (1964), o primeiro volume dos romances planetários de PR. Aqui em Os Microtécnicos, os habitantes de Swoofon são descritos como seres parecidos com “pepinos” — abrindo espaço para um sem-número de piadas, especialmente por parte de Bell — que podem criar máquinas absurdamente eficientes em tamanhos tão minúsculos que não podem ser vistas a olho nu.

A ida de Rhodan e companhia para Swoofon tem um propósito estratégico bem definido, mas está disfarçada de luta contra os invisíveis, arco ainda em andamento, mas não desprezado da continuidade, pois está devidamente citado e tratado como integrante do processo. A intenção de Rhodan é arranjar um modo de contornar a criação do dispositivo que impede as naves de saltar anonimamente pelo espaço. Caso esse “anulador de compensação” chegasse a entrar em funcionamento, o Robô Regente de Árcon descobriria a posição da Terra e uma guerra ou destruição poderia acontecer… sem contar a provável colocação das coordenadas do planeta nas mãos de inimigos que o Império Solar (e Rhodan, mais especificamente) foram angariando com o tempo. O autor sabe muito bem como segurar a tensão, criar momentos de enfrentamento e compensação de expectativas ao longo do livro; e mesmo que nada disso seja grandioso em termos de qualidade literária, há uma criação muito sólida de tudo o que é proposto, deixando o livro em cotação muito boa.

Gucky ainda me irritou bastante, com suas brincadeiras sem graça de suspender Bell no ar por longos períodos, mas pelo menos essa palhaçada apareceu menos vezes. Reafirmo que esse tipo de comportamento é inaceitável, e defendo que as brigas do ratocastor com o ruivo só são realmente engraçadas quando no âmbito verbal… ou quando marcadas por rápidas ações telecinéticas, como já aconteceu de Gucky fazer uma banana atingir o colega. Agora, fazê-lo passar horas pendurado é anti-produtivo e acaba saindo do aceitável para a dinâmica numa nave de missão espacial. De toda forma, a atuação do pequeno é tão bacana que encobre esse lado negativo. Sua proximidade emotiva com os swoons e a amizade feita rapidamente com Waff e Markas me deixou impressionado, assim como o destino desses dois fantásticos microtécnicos e a Universidade dos subterrâneos do planeta, realocados na Drusus como parte de um plano muito bem amarrado que eu não consegui prever. Darlton adiciona lenha na fogueira em relação ao contato do Império Solar com o regente de Árcon e segue nos preparando para o futuro encontro com os invisíveis. Duas linhas narrativas tensas que nos fazem querer correr para o volume seguinte.

Perry Rhodan – Livro 63: Os Microtécnicos (Die Mikro-Techniker) — Alemanha, 16 de novembro de 1962
Autor: Clark Darlton
Arte da capa original: Johnny Bruck
Tradução: Richard Paul Neto
Editora no Brasil: Ediouro (1977)
170 páginas

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