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Crítica | Perry Rhodan – Livro 62: Os Anões Azuis, de Kurt Mahr

Um desvio que demora a se compensar...

por Luiz Santiago
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Grande Ciclo: Via Láctea — Ciclo 2: Atlan e Árcon — Episódio: 62/99
Principais personagens: Horace Mullon, Fraudy Mullon, Milligan, Pashen, Harper, Glannon, Cislarczik, Chellich
Espaço: Planeta Fera Cinzenta (Sistema Myrtha)
Tempo: 2040

Passei um bom tempo procurando sentido nesse desvio que os editores da saga Perry Rhodan fizeram com os golpistas do Império Solar, dando-lhes um arco inteiro de histórias dedicado ao acompanhamento da vida no planeta Fera Cinzenta. Numa visão puramente objetiva, entendo que o líder terrano precisava mesmo saber o que os humanos daquele lugar descobririam ou conseguiriam desenvolver, com o tempo. Mas não acho razoável dedicar livros inteiros aos meandros insossos da vida naquele lugar, ainda mais porque essas são pessoas com ideias conflituosas que não receberam grande exploração na saga principal e, por isso mesmo, não precisavam aparecer em destaque agora. Apenas nas 10 últimas páginas deste 62º livro é que consegui ver onde Kurt Mahr quis chegar, e só então vi a relevância dessa linha dramática, que acabou se elevando um pouquinho na minha avaliação final.

As Aventuras Coloniais se iniciaram em O Atentado (Livro 57), e eu sinceramente esperava nunca mais ouvir falar nesses oito mil golpistas exilados. Confesso, no entanto, que apesar de não estar bem amarrada à saga principal, eu acabei gostando dessa historinha aqui, que, de maneira mais ou menos distanciada, me lembrou alguns capítulos daquelas tramas iniciais da série, quando os humanos chegaram a Vênus. Ocorre que o Fera Cinzenta não tem um espaço geográfico tão hostil e rico; e também não consegue apresentar uma trama que engaje o leitor por muito tempo em mais de uma linha dramática. O princípio, porém, é o mesmo, e essa exploração do território somada à descoberta de algo incrível — nesse caso, os “Anões Azuis”, uma nova espécie — acabou me divertindo, no geral.

Quanto ao nome dos nativos [bom, imagino que sejam nativos, pois não há indicação contrária a isso neste volume], devo dizer que odeio o termo “anões azuis“, porque não faz nenhum sentido para a espécie dos “paninhos esvoaçantes“. E, claro, porque quando lemos a palavra “anões“, já temos um correspondente disso em nosso mundo, e esperamos que tal correspondência seja cumprida. Por um momento, achei que se tratava de um mau gosto/erro de tradução, mas não é! O título original da obra é Die Blauen Zwerge, sendo esta última palavra a nomenclatura germânica para “anão“. Seria melhor terem criado um nome completamente diferente. Mas, paciência, seguimos assim. Com a entrada desses “anões azuis“, uma pitada de surpresa é adicionada e o leitor fica apreensivo, tentando entender o papel que os “paninhos” irão desempenhar. Por um momento, cogitei que esses seres poderiam ser úteis ao Império Solar, e qual não foi a minha surpresa quando cheguei às páginas finais e vi que pelo menos a existência dessas criaturas não passaria despercebida aos ouvidos de Perry Rhodan.

Agora está claro que o planeta Fera Cinzenta não está apenas posando de enrolação inútil na saga. Sabendo que existe uma vigilância ativa determinada por Rhodan, e pelo menos um agente do Império Solar in loco, passo a ter mais tolerância com essas histórias. É fácil perceber quando os autores estão amarrando pontas para criar uma linha de conexão adiante. Isso é bom. Entretanto, é válido dizer que as aventuras isoladas no planeta não são páreo para aquelas da linha principal. Sem contar que o autor demora uma eternidade para fazer com que os personagens sejam minimamente suportáveis. Só do meio do livro para frente é que notei o resultado do desenvolvimento dos protagonistas, e a reviravolta que acontece na segunda expedição de Hollander à floresta ajudou bastante nessa percepção geral (me pegou de surpresa, de verdade). Não é o meu arco preferido do ciclo, mas nas próximas edições, certamente lerei essas Aventuras Coloniais com outros olhos.

Perry Rhodan – Livro 62: Os Anões Azuis (Die Blauen Zwerge) — Alemanha, 9 de novembro de 1962
Autor: Kurt Mahr
Arte da capa original: Johnny Bruck
Tradução: Richard Paul Neto
Editora no Brasil: Ediouro (1977)
166 páginas

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