Home Diversos Crítica | Perry Rhodan – Livro 61: O Robô Espião, de Clark Darlton

Crítica | Perry Rhodan – Livro 61: O Robô Espião, de Clark Darlton

Busca claustrofóbica.

por Luiz Santiago
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Grande Ciclo: Via Láctea — Ciclo 2: Atlan e Árcon — Episódio: 61/99
Principais personagens: Perry Rhodan, Atlan, Jost Kulman, Reginald Bell, Gucky, Muzel
Espaço: Super Encouraçado DRUSUS
Tempo: Outubro de 2040

Praticamente toda a ação de O Robô Espião se passa no interior do Super Encouraçado DRUSUS, onde Rhodan, Bell e grande tripulação estão no momento, em uma linha de tentativas para resolver o problema do “inimigo invisível“. Tal como no livro anterior, Fortaleza Atlântida, a série aborda a questão pelas beiradas, só que dessa vez, ainda mais distante. Não temos nenhum momento com teorias a respeito do tal inimigo ou sequer um enfrentamento indireto. Rhodan e Atlan falam brevemente sobre a questão… e o assunto morre por aí. Só que existe um bom motivo para isso: o agente Jost Kulman, membro do Exército de Mutantes, dá o alerta máximo (“três toques de sino“), solicitando que alguém do Império Solar vá buscá-lo. Esse tipo de procedimento só é realizado quando existe uma grande emergência, o que é muito estranho vindo de um mundo pacífico como Swoofon. Ao lado de seu novo melhor amigo, um bassê aparentemente muito valente, Kulman embarca na DRUSUS. E já no primeiro salto intergaláctico, Rhodan descobre que há um espião na nave, cujo intuito é revelar a localização da Terra para o seu misterioso mestre.

Embora todo o enredo aqui seja muito simples, Clark Darlton escreve de uma forma tal que deixa o leitor constantemente interessado pelos rumos da investigação, e mesmo que mantenha o livro em uma estrutura verdadeiramente sci-fi, o autor brinca levemente com o romance policial (ou mais precisamente, com as histórias de investigação). O período na superfície de Swoofon é bem curto. Em todo o restante do tempo estamos dentro da nave, e há que se elogiar a dinâmica narrativa do autor, que não deixa esse longo andamento claustrofóbico ficar insuportável. A estrutura da aventura é agradável de se acompanhar, e duas linhas do texto sustentam a saga: a busca pelo espião, e as ações do tal espião, tanto em relação aos outros personagens/espaços/coisas… quanto em relação às informações que transmite a quem o criou. Um “alguém” que Rhodan assume que seja o Robô Regente de Árcon. Aliás, terminamos o livro com essa certeza, inclusive com Rhodan pensando em uma “conversa séria” que precisa ter com o Regente por conta dessa traição.

O personagem de quem não gostei aqui foi Gucky, e devo dizer: tenho perdido pouco a pouco a minha gigantesca simpatia para com ele. Primeiro: depois de tanto tempo, ele ainda traz instintos de brincadeira tão desproporcionais, que claramente atrapalham o funcionamento da equipe da nave, como o próprio texto deixa claro, ao falar do cozinheiro que o rato-castor deixou flutuando por horas. E nem preciso falar da relação e das ameaças dele para com Bell, que a cada livro tem se tornado mais ridículas. Quanto mais tempo passa junto à tripulação de Terrânea — que ganha mais responsabilidades e com um cenário mais complexo e mais perigoso –, um Gucky com comportamento infantil, dado a jogos e brincadeiras irresponsáveis por longos períodos de tempo (aqui, é o livro inteirinho!) + ações que prejudicam a todos, e com atrasos ao chamado de Rhodan ou mesmo respondendo de maneira rude ao chefe (sem nem mesmo uma punição!), Gucky começa a ganhar ares de inaceitável, desagradável, constrangedor e insuportável.

Atlan é mostrado aqui a partir de um ponto de vista analítico, investigando quem é o robô espião sob um ponto de vista introspectivo, representação que eu gostei bastante, pois mostra um lado desconhecido do processo mental e prático do arcônida. Como as cenas progridem à medida que o cerco se fecha diante do espião, vemos Perry Rhodan e alguns outros membros principais da tripulação colocados em situações difíceis (como os ataques físicos, os pequenos dispositivos, o roubo das informações sobre a Terra e o “vômito” de carne e cenouras com fermento para ser digerido), contornadas de forma lógica e aceitável. Não há, todavia, um contexto geral que traga novidades memoráveis, grandes diálogos ou momentos absolutamente especiais; ou seja: este é apenas um bom livro, dentro da enorme simplicidade daquilo que propõe. O que me deixa ansioso, agora, é a futura conversa de Rhodan com o Robô Regente e, claro, o desenvolvimento da história do “inimigo invisível“. Ainda não enjoei dessa jornada de busca, mas nesse ponto da saga, acredito que os volumes precisam trazer algo na área do “progresso” para que o nosso interesse se mantenha vivo.      

Perry Rhodan – Livro 61: O Robô Espião (Der Robot-Spion) — Alemanha, 2 de novembro de 1962
Autor: Clark Darlton
Arte da capa original: Johnny Bruck
Tradução: Richard Paul Neto
Editora no Brasil: Ediouro (1977)
169 páginas

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