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Crítica | Perry Rhodan – Livro 59: O Regresso do Nada, de Kurt Mahr

Quando alguém tem muita margem para barganhar.

por Luiz Santiago
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Grande Ciclo: Via Láctea — Ciclo 2: Atlan e Árcon — Episódio: 59/99
Principais personagens: Tenente Marcel Rous, Fellmer Lloyd, Rosita Peres, Comissário Flaring, Perry Rhodan, O Regente de Árcon
Espaço: Planeta Mirsal II e Árcon III
Tempo: 2040 (entre setembro e outubro)

O Regresso do Nada passou quase incólume por mim, como uma provável pequena história que apenas serviria de ponte para algo mais intenso e importante na série Perry Rhodan. E foi assim até chegar ao bloco final de ações. Nele, Kurt Mahr adicionou uma porção de conferências entre o chefe do Império Solar e o Robô Regente de Árcon, culminando em mais um grandioso acordo entre as duas partes. Mais um acordo que ressalta a importância de Rhodan frente ao Império Arcônida, e que não faz muito segredo quanto ao oceano onde esse rio dramático irá desaguar.

Na maior parte do livro, porém, o que temos é uma daquelas tramas “Perry light“, ou seja, com o protagonista da série e os personagens recorrentes em segundo plano, enquanto a grande atenção é dedicada a um grupo coadjuvante — nesse caso, o trio formado por Marcel Rous, Fellmer Lloyd e Rosita Peres (esta última, apenas para ser salva pelos outros personagens, porque o seu uso é risível na história e sua presença, em termos de andamento da trama, até atrapalha a forma como o autor resolveu conduzir os diálogos e as ações dos personagens). Eles estão em uma missão de reconhecimento no planeta Mirsal II, vizinho de um planeta já consumido pelos inimigos invisíveis. O objetivo dos terranos é identificar um possível ataque e encontrar pistas para que uma investigação mais profunda possa ser feita. E para que a nave Drusus, onde está Rhodan, possa ter alguma coisa com o que trabalhar.

Um dos grandes acertos da obra foi a construção da sociedade de Mirsal II. Após o começo um tanto cambaleante do livro, quando o leitor ainda não entende por que aqueles personagens estão no planeta, o autor começa a mostrar com mais detalhes a paisagem e, principalmente, os hábitos dos nativos. Quando o trio de viajantes se estabelece em uma grande cidade ainda não atacada, eles se encontram com o Comissário Flaring, um mirsalense, e é com este personagem e seus agentes que teremos contato com o comportamento mais do que fino dos habitantes desse planeta. Eles são imensamente educados, sempre cumprimentando com grande deferência todos aqueles que encontram. E esse cumprimento é também um código social. Não cumprimentar as pessoas, em Mirsal II, é algo profundamente ofensivo, o que acaba colocando os visitantes em uma enrascada, ainda no início de sua estadia. Além disso, os gestos com os dedos e o ato de levantar ou abaixar a mão quando sabe ou não sabe de alguma coisa, são traços da personalidade desse povo que me deixaram com um largo sorriso no rosto.

Kurt Mahr empregou, no desenvolvimento da problemática com os invisíveis, muitos de seus conhecimentos de Física. Há uma parte inteira do livro dedicada à exploração desse “outro mundo” (a arte de Johnny Bruck para a capa se assemelha muito ao que eu pensei, enquanto lia — só que na minha cabeça, a iluminação do mundo dos invisíveis era de um verde lodoso, interrompido por traços de amarelo nas bordas), e as pistas colhidas pelos agentes acabam nas mãos de Rhodan, que usa desse conhecimento para barganhar com o Robô Regente. A tensão do final do livro, justamente por conta dessa visita ao planeta dos arcônidas, é imensa. Senti um desvio de foco quando o Regente começa a conversa falando de coisas que nada tinham a ver com os invisíveis (não acho que tenha sido uma boa escolha para aquele momento), mas logo Rhodan altera o rumo do diálogo e, a partir daí, é só vitória para o lado do Império Solar. Agora comandando 75% da frota arcônida, Rhodan tem muitos meios para enfrentar o perigo que tem feito milhares de pessoas desaparecerem dos planetas. Ansioso para descobrir quem são esses invisíveis que estão fazendo uma espécie de Crise nas Infinitas Terras, e como será o embate entre Rhodan e eles.

Por enquanto a Terra está a salvo de uma investida de Árcon. Perry tornou-se comandante de 75% das naves arcônidas! Em FORTALEZA ATLÂNTIDA, o invisível continua a implementar o terror às populações galácticas.

Perry Rhodan – Livro 59: O Regresso do Nada (Rückkehr aus dem Nichts) — Alemanha, 19 de outubro de 1962
Autor: Kurt Mahr
Arte da capa original: Johnny Bruck
Tradução: Richard Paul Neto
Editora no Brasil: Ediouro (1977)
165 páginas

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