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Crítica | Perry Rhodan – Livro 51: O Soro da Vida, de Kurt Brand

Uma missão impossível.

por Luiz Santiago
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Grande Ciclo: Via Láctea — Ciclo 2: Atlan e Árcon — Episódio: 51/99
Principais personagens: John Marshall, Laury Marten, Rohun, Huxul, Otznam, Man Regg, Futgris, Conde Rodrigo de Berceo
Espaço: Planeta Tolimon
Tempo: 2040

Antes de começar a crítica de fato, quero deixar o quanto eu amei a capa de Johnny Bruck para este livro. Para mim, é a MELHOR CAPA dos livros de Perry Rhodan até o presente momento. A cena que ela exibe, a ligação com o título e as interpretações possíveis são absolutamente fantásticas. E medonhas. Coitado desse Ser esfolado sendo manipulado pelos médicos Aras!

***

Eu estou verdadeiramente encantado com o novo formato narrativo utilizado pelos editores da série Perry Rhodan a partir deste segundo ciclo, Atlan e Árcon. Diferente do primeiro, que tinha como base uma grande história geral dividida em pequenos blocos internos — apenas às vezes separados da grande narrativa primordial de eventos –, esta nova fase abraça com muita desenvoltura a narração desmembrada, alternando diferentes acontecimentos expostos em cada livro. Eu já andei dando uma olhada na estrutura sequencial e notei que em alguns casos existe uma sequência da história de volume para volume (como vai acontecer nessa trama com os Aras), mas ela são a exceção, não a regra. E isso é absolutamente fascinante.

Adotar uma grande estrutura narrativa ao mudar de ciclo foi uma escolha muito inteligente dos editores, que capturam o leitor não apenas pelas inúmeras novidades vindas com esta nova fase da Terra, do Império Solar e dos personagens, agora em 2040 (falei sobre isso em detalhes na minha crítica de Atlan, o Solitário do Tempo), mas pelas surpresas que consegue fazer ao segurar a trama por um tempo, enquanto volta sua atenção para outra parte do Império, num evento importante. Foi o que aconteceu do livro anterior para este. Passamos da interessantíssima narrativa sobre Atlan e entramos em uma corrida contra o tempo feita por dois agentes do Exército de Mutantes: John Marshall e Laury Marten (filha de Anne Sloane e Ralf Marten). Eles estão no planeta Tolimon a fim de tentar colocar as mãos em um soro prolongador da vida que supostamente os Aras estão desenvolvendo. 

Essa corrida contra o tempo tem um motivo que torna tudo ainda mais impressionante. Thora e Crest entraram em um processo de envelhecimento e degeneração que não se pode barrar. Os terranos tentaram de tudo, mas foi em vão. Só quando ouviram, dos mercadores galácticos, uma conversa de que os Aras tinham uma forma de prolongar a vida, foi que Rhodan resolveu agarrar essa oportunidade para salvar sua esposa. Criou uma base no planeta desabitado mais próximo (Hellgate) e enviou dois telepatas para Tolimon com o objetivo de conseguirem o soro. Durante a leitura, percebi que há uma certa confusão em relação à nomenclatura, e mais uma vez não sei se é um problema de furo textual do próprio escritor Kurt Brand ou se o problema está na tradução de Richard Paul Neto. O fato é que a ideia do “soro da vida” é apresentada como uma novidade dos Aras, algo recente, que foi ouvido pelos agentes do Império Solar e acendeu as esperanças de Rhodan. Mas há um outro lado, que indica que isso não é tão recente assim.

Basta olharmos para o Conde Rodrigo de Berceo para pensarmos a respeito. Ele nasceu no México, em 1652; filho da princesa asteca Uxatelxin e do conde espanhol Juan de Berceo. Em 1674, ele e três outras pessoas foram sequestradas da Terra pelos Aras e levados para Tolimon, para viverem no Zoológico Galáctico do planeta. Ou seja, ele só chegou ao ano de 2040 porque lhe foi aplicado o soro da vida, se não a versão X-1076 (mais adiante nomeada como U-Lf54: este é o tubo que Laury rouba do laboratório), pelo menos alguma outra versão anterior. Mas nesse caso, a coisa toda não deveria ter sido vendida como uma grande novidade. De todo modo, é algo que chama mesmo a atenção e pode curar a doença de envelhecimento e degeneração celular de Thora. Todo o livro, portanto, é a narração de como Marshall e Laury tentam colocar a mão nesse soro. É muito bom ver a exposição de uma missão perigosa, com dois agentes separados em um largo espaço geográfico e utilizando ao máximo os seus poderes para conseguirem alguma coisa. Tirando os pequenos momentos românticos de Laury com Rodrigo, todo o livro tem uma progressão interessante, nunca deixando o leitor entediado.

Por mais que utilize os seus poderes telepáticos e do influenciador comportamental e mental, Marshall não é um homem invencível, não se torna apelão, nem chato. Ele corre perigo o tempo todo, é pressionado em diversas situações, precisa tomar decisões inteligentes para não colocar a missão em perigo e tem que se valer muito mais de sua experiência pessoal e astúcia do que dos poderes. Assim, não estamos diante de uma história onde as grandes habilidades de um personagem facilitam tudo e tiram da obra o seu aspecto de emoção. Em termos de construção, o único momento em que achei que há uma falha no texto é quando todos estão fugindo dos guardas dos Aras e, de repente, parece que a perseguição é dissipada e o trio de foragidos estão em uma caverna. O autor faz questão de falar da perseguição por terra e pelo ar, mas logo tudo isso deixa de correr atrás dos fugitivos — ou simplesmente é enganado por eles. Não há uma boa exposição dessa fuga pelo deserto, então a parte fica solta, causando relativa estranheza.

É elogiável o tipo de enredo que Brand construiu aqui, em O Soro da Vida, deixando um ótimo gancho para o volume seguinte, que contará com a presença pessoal de Rhodan no resgate. Aliás, é impossível não desejar que logo tenhamos a revelação para o Universo de que Perry está vivo e de que a Terra ainda existe. Nesta altura do campeonato, é certo que os terranos já estão bem equipados e podem se defender do que vier. Tenho a impressão de que Rhodan ainda quer segurar essa informação por mais tempo. Porém, ele não poupará forças e recursos para conseguir resgatar os telepatas de Toliman e levar o soro da vida para Thora. Já tinha um tempinho que eu não ficava tão animado por três livros seguidos nessa série. Não canso de dizer o quão positivas foram as mudanças criadas pela equipe criativa nesta nova fase.

John Marshall e Laury Marten, dois agentes cósmicos enviados a Tolimon – um dos mundos dos Aras – conseguiram um êxito parcial quando se apoderaram do soro revitalizador. Mas não conseguiram sair de Tolimon. Mais uma vez, Perry Rhodan se vê obrigado a intervir pessoalmente. Chegará acompanhado de Gucky, como O PSEUDO. Este é o título do próximo volume da série Perry Rhodan. 

Perry Rhodan – Livro 51: O Soro da Vida (Jagd nach dem Leben) — Alemanha, 24 de agosto de 1962
Autor: Kurt Brand
Arte da capa original: Johnny Bruck
Tradução: Richard Paul Neto
Editora no Brasil: Ediouro (1977)
182 páginas

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