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Crítica | Perry Rhodan – Livro 50: Atlan, o Solitário do Tempo, de K. H. Scheer

Senhoras e senhores... bem-vindos ao Império Solar!

por Luiz Santiago
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Grande Ciclo: Via Láctea — Ciclo 2: Atlan e Árcon — Episódio: 50/99
Principais personagens: Atlan (também como Phil Holding e Skörld Gonardson), Tombe Gmuna, Tenente-general Peter Kosnow, Perry Rhodan.
Espaço: Planeta Terra e Planeta Hellgate, único planeta da estrela ZW-2536-K957.
Tempo: Fevereiro a Abril de 2040

Eu fiquei genuinamente impressionado pela forma como o escritor K. H. Scheer deu início a Atlan e Árcon, o segundo ciclo da saga Perry Rhodan. Assim como em seu excelente texto para o primeiríssimo livro da série, Missão STARDUST, o autor conseguiu começar esta nova fase com uma abordagem verdadeiramente diferente, dando um salto de 56 anos em relação ao livro anterior e mostrando um pouco da Terra já no ano de 2040, organizada em um estágio em que já é considerada como o planeta central do “Império Solar”. As mudanças são muitas, tanto em termos de colonização quanto de exploração de matérias-primas em nossa vizinhança, além de muitas deixas para um crescimento enorme de toda a sociedade, política e poderio bélico do planeta azul. É um livro verdadeiramente introdutório, mostrando tudo como uma grande novidade até para quem completou toda a jornada de A Terceira Potência. E isso é absolutamente sensacional.

A grande diferença aqui se dá no ponto de vista da escrita. É o primeiro livro da série narrado exclusivamente em primeira pessoa, e esta narração é do arcônida Atlan, em sua primeira aparição na série. Todavia, este não foi o meu primeiro contato com o personagem e nem com a estrutura narrativa que ele traz para a obra. Tendo lido os Romances Planetários intitulados No Berço da Humanidade e A Fuga dos Androides, eu já tinha alguma noção das capacidades, da personalidade e postura geral do arcônida, o que não me impediu nem um pouco de aproveitar a presente introdução. Aliás, foi muito bom ver como Atlan foi concebido na série original; qual era o status de seu período de despertar e adormecer, e em que estágio da linha do tempo da Terra ele fez isso pela última vez. O texto não explora muito a parte das motivações ou explicações, fazendo deste livro um misto de “carta de apresentação para uma nova Era” e aproveitando a oportunidade para encher o drama de informações que deixam o leitor com muita curiosidade, dentre as quais devo destacar o casamento de Rhodan com Thora, o filho que eles tiveram e aquilo que o líder do Império Solar estava fazendo no Planeta Hellgate. O que existe de tão especial ou diferente nesse local absurdamente quente? E como foi que os terranos acabaram construindo uma base nesse local?

Utilizando-se de muitas elipses, o autor desconecta o público daquilo a que já estava acostumado. Não temos, até quase o final da obra, nenhum personagem conhecido na obra, e mesmo Rhodan demora muito para entrar em cena, tendo ainda um papel constantemente escanteado pela perspectiva de seu “inimigo” Atlan. O que vemos, nas primeiras páginas, é uma exposição do narrador para uma dinâmica que, como saberemos mais adiante, é uma prática sua há milhares de anos. Ocorre de que, dessa vez, ele resolve dormir como uma forma de fuga, num momento de grande crise do Planeta Terra — para ser mais específico, na quase Terceira Guerra Mundial que rolou entre o segundo e o terceiro livro da série). Ou seja, para Atlan, os 69 anos anos que passou hibernando representaram o maior salto tecnológico e civilizacional da Terra, e ele simplesmente perdeu tudo. Nós o vemos descobrir que não houve guerra nuclear alguma e que o mundo está muito melhor do que era antes. É o tipo de construção dramática que vai se descortinando como total surpresa para o leitor, que não conhece o personagem, não sabe como ele vai agir ou quais são as suas intenções. O mesmo vale para esse mundo de Rhodan, no futuro, que a gente também não conhece e fica curioso para desvendar.

Em Atlan, o Solitário do Tempo, a série recobra o seu ar de pura novidade. Agora ficou perfeitamente claro para mim porque essa saga conseguiu sobreviver até os dias de hoje. Se todas as renovações de ciclo tiverem esse tipo de choque, de novidade, de uma legítima e muito bem arquitetada sensação de descoberta — especialmente considerando um salto temporal — então é uma forma muito inteligente de manter o público periodicamente curioso para o que vai acontecer após encerrada uma grande fase narrativa. Até Perry Rhodan está diferente aqui, tendo conseguido dominar melhor os seus poderes psíquicos desde a última vez que o vimos, no livro A Morte da Terra, no ano de 1984. Em alguma medida, as elipses ao longo do livro foram deixando uma sensação de pulos grandes demais ou de mistérios que poderiam ter um pouco mais de pistas e elementos conhecidos, mas não vejo isso como um ponto verdadeiramente negativo. Afinal, é parte da graça da obra todo esse oceano de mistérios e destinos que devemos esperar para reconhecer nas próximas obras. E por falar nisso, eu já vi a capa do livro seguinte e devo dizer que é a mais bonita desenhada por Johnny Bruck até aqui! Espero que o livro mantenha ou supere a qualidade dessa instigante aventura com Atlan — que nos presenteou até com um bloco inteiro no deserto de Hellgate, numa grande sequência de resistência ao extremo calor, em uma angustiante batalha de Rhodan contra Atlan. A série recomeçou muito bem. Que siga assim!

Apesar das bem sucedidas campanhas de Perry Rhodan nas Galáxias, sua obra ainda estava incompleta. Sua luta pelo reconhecimento da Humanidade no Universo esbarrava sempre nos poucos recursos da Terra, em relação aos padrões cósmicos. Desde a aparente destruição da Terra em 1984, já se passaram 56 anos. Há uma nova geração. Da Terceira Potência surgiu o governo mundial. Assim, depois de fortalecida esta Terceira Potência, aparece a organização do Império Solar. Marte, Vênus e as Luas de Júpiter e Saturno já estão povoados. Os outros planetas inadequados para serem habitados se transformam em inesgotáveis fornecedores de matérias-primas. Não foram descobertos outros seres inteligentes no Sistema Solar. Os terranos são, pois, senhores absolutos do Grande Império Solar. A capital é Terrânia e o líder permanente é Perry Rhodan. Com este Império Solar bem armado, pensa Rhodan em novas conquistas fora do nosso sistema. Em O SORO DA VIDA, novos episódios emocionantes vão acontecer. 

Perry Rhodan – Livro 50: Atlan, o Solitário do Tempo (Der Einsame der Zeit) — Alemanha, 17 de agosto de 1962
Autor: K. H. Scheer
Arte da capa original: Johnny Bruck
Tradução: S. Pereira Magalhães
Editora no Brasil: Ediouro (1977)
179 páginas

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