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Crítica | Cuidado com os Microrrobôs (Perry Rhodan #43), de Kurt Mahr

Muitas perguntas diante de uma decisão atropelada.

por Luiz Santiago
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Grande Ciclo: Via Láctea — Ciclo 1: A Terceira Potência — Episódio: 43/49
Principais personagens: Perry Rhodan, Julian Tifflor, Dr. Hayward, Major Chaney, O’Keefe, Halligan, Nathan
Espaço: Planeta Honur
Tempo: 1984

Ainda não resolvemos toda a questão com o Robô Regente de Árcon — tanto que o sub arco, nesse momento, é justamente sobre ele –, mas esse entrave maior e mais complexo acabou colocando Perry Rhodan diante de problemas paralelos, com os quais ele precisa lidar imediatamente, tendo na manga um “acordo” estranho com o cérebro positrônico. E eu digo “acordo estranho” porque o traço narrativo que os autores estão fazendo com isso tornou-se parcialmente confuso ou, no mínimo, incompleto. Sim, o Robô Regente deu a nave Titan a Rhodan. Mas Rhodan está fugindo do Robô, impedindo que ele saiba as transições da nave pelo espaço. Por que? A resposta, aqui, não pode ser “porque ele não quer que o positrônico encontre a Terra“, uma vez que voltar para casa não está nos planos, pelo menos por enquanto. Rhodan ainda tem coisas para resolver. E parece que essa birra ou desconfiança meio neurótica com o Robô se mantém na lista de pendências. Espero sinceramente que o fim desse sub arco, ou pelo menos até o fim do primeiro ciclo, essa situação seja trabalhada de forma direta; resolvida ou condicionada, sem meias palavras ou intenções.

A fuga que a Titan fez ao final de S.O.S.: Espaçonave Titan foi apenas temporária. Aqui em Cuidado com os Microrrobôs, os personagens voltam ao Planeta Honur, a fim de descobrirem o que está por trás da doença da hiper euforia (que recebeu o nome de argonina) e quem é o inimigo que mandou os robôs atacarem os terranos. É um retorno esperado pelo leitor, e que começa com todo o cuidado possível por parte da tripulação. É estranho não ver Bell no meio da equipe, e por um breve momento até senti um pouco de falta de algo que já não estava suportando mais: as brigas entre ele e Gucky — que aqui são substituídas pelas igualmente insuportáveis brigas entre O’Keefe e Halligan. É, portanto, um livro que procura explorar o território de Honur através de uma outra perspectiva, ou seja, a fim de encontrar o perigo e uma possível resposta para essa doença terrível que colocou toda a primeira tripulação da Titan de cama.

É bom acompanhar uma narrativa com uma equipe majoritariamente distinta daquela que já conhecemos bem. No começo da série isso era muito mais comum, mas com as equipes fixas em longas viagens espaciais, esse tipo de protagonismo de diferentes personagens em diferentes núcleos narrativos quase desapareceu. Este, portanto, foi um dos aspectos que eu mais gostei do livro, apesar de sentir genuína falta de Bell. Nenhum personagem novo aqui se destaca ou é bem explorado, mas a intenção de Kurt Mahr não era essa mesmo. A ideia do livro é mostrar detalhes não vistos sobre os ursinhos (os nonus ou nonos), sobre os Purificados (honos) e sobre os vilões da história, que é onde a coisa se torna um tanto estranha, bem na reta final. Durante o desenvolvimento, pouca coisa acontece, mas a narrativa não é ruim. Ela mantém o mistério e vai colocando diferentes equipes em diferentes perigos, seguindo os rastros do que a gente já teve na série antes, inclusive.

Um pouco depois da metade do livro é que as coisas começam a ficar feias e o ritmo do texto se acelera, trazendo uma profusão de eventos importantes. Tiff, O’Keefe e Halligan é o trio que encabeça praticamente toda essa segunda metade do livro, que mostra a infecção de mais 19 homens com argonina e que os Purificados não necessariamente eram o que diziam ser. A descoberta da cidade subterrânea, a luta do trio contra os microrrobôs e a chegada final de Rhodan compõem a parte ágil e gostosa do texto. Em relação a isso, eu não tenho nenhum problema. A parte anterior tem seus momentos pouco interessantes, mas não cai muito em qualidade. O final da obra é que traz uma resolução tão abrupta e tão estranha que gera muito mais perguntas para o leitor, e nesse caso falo principalmente dos Aras, uma variante (albina) da raça dos Saltadores, que estavam ali em Honur. As primeiras perguntas são: como, por quê e para quê? Eles estavam lá apenas para roubar naves? Eram empregados? Náufragos? O que eles estavam fazendo lá, de verdade? Isso não é explicado.

Sobre esses indivíduos, o autor nos dá alguns trechos informativos que servem apenas de apresentação geral, não respondem as perguntas importantes relacionadas ao contexto da história: “Não existe doença na Galáxia que os Aras não conheçam e saibam curar […] E existem mais algumas que eles mesmos inventaram, e de que lançam mão sempre que acham que isso se torna necessário […] Os Aras são os maiores industriais de medicamentos de que a Galáxia tem conhecimento“. Dito isto, Rhodan estabelece duas ações imediatas que geram ainda mais perguntas. A primeira, é falar com o cérebro positrônico. A grande questão que fica é: para quê? Contar a aventura em Honur? Isso tem alguma coisa a ver com os moofs? Porque esta era a situação em aberto, no acordo entre o Robô Gente e Rhodan, não era? Eu já vi a capa do próximo livro e sei que os moofs voltarão, então torço para que haja um atamento dramático a contento aí.

Por fim, é muito estranha essa sede de Rhodan em rastrear e mostrar para os Aras que ele é forte e que ninguém deve mexer com a Terra. Que indícios existem que os Aras, em Honur, sabiam que Rhodan era da Terra e contaram isso para seu povo? Rhodan está muito neurótico e muito exterminador ultimamente! Estou muito curioso e muito apreensivo pelo prosseguimento desses eventos, torcendo para que seja uma finalização de sub arco que não jogue fora essa jornada toda no sistema de Árcon.

Perry Rhodan sente-se desesperado. A nova missão em Honur revelou a identidade dos causadores da peste dos nonus, mas não lhes proporcionou o precioso soro que cura a doença artificial. Será que o cérebro positrônico que governa Árcon conhece o antídoto? Perry Rhodan espera que sim. Entra em contato com o robô, mas apenas para receber outra missão, à qual não pode fugir. Perry Rhodan em O HOMEM E O MONSTRO irá viver lances de inimaginável emoção!

Perry Rhodan – Livro 43: Cuidado com os Microrrobôs (Rauschgifthändler der Galaxis) — Alemanha, 29 de junho de 1962
Autor: Kurt Mahr
Arte da capa original: Johnny Bruck
Arte da capa utilizada nesta crítica: Gray Morrow (Beware the Microbots, Ace Books, 1973)
Tradução: Richard Paul Neto
Editora no Brasil: Ediouro (1977)
168 páginas

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