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Crítica | Perry Rhodan – Livro 36: O Flagelo do Esquecimento, de Clark Darlton

Um novo tipo de guerra.

por Luiz Santiago
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Grande Ciclo: Via Láctea — Ciclo 1: A Terceira Potência — Episódio: 36/49
Principais personagens: John Marshall, Tako Kakuta, Kitai Ishibashi, Tama Yokida, Gucky, Enzally, Ralv, Ralgor, Etztak, Perry Rhodan.
Espaço: Planeta Goszuls.
Tempo: Início de 1983.

Os perrengues que a equipe de Perry Rhodan designada para agir em Goszuls enfrentou no livro 35, O Planeta dos Deuses, tem aqui em O Flagelo do Esquecimento uma espécie de caminho de finalização. De fato, este é o penúltimo livro do arco Os Saltadores (que voltariam em breve, para mais um curto arco, no final dessa primeira jornada) dentro do ciclo A Terceira Potência, com tudo parecendo se encaminhar para um entendimento, pelo menos temporário, entre alguns povos. Ou para uma situação que gerará novos conflitos no futuro, o que é bem provável, dada a natureza de alguns Saltadores, como ficou bem claro nesse livro.

Os membros do Exército de Mutantes que estão trabalhando em Goszuls (John Marshall, Tako Kakuta, Kitai Ishibashi, Tama Yokida e Gucky) precisam levar a cabo uma missão que parece bastante perigosa, mas que Clark Darlton pouco a pouco dá informações que diminuem o peso daquilo que esperávamos da tal doença que leva ao “flagelo do esquecimento”. E não, não estou me referindo a isso como algo negativo. As brincadeiras que o autor faz com a bactéria, as manchas vermelhas na pele dos contaminados e a perda da memória, possuem a sua aplicação prática na trama e cumprem um papel verdadeiramente importante nela. A informação final, de que é algo que se dissipa em alguns meses, vem já ao cabo do livro, numa conversa bem humorada entre Rhodan e Bell.

No desenvolvimento da história, os mutantes terranos precisam convencer aos habitantes de Goszuls que estão lutando pelo bem de todos, e que querem expulsar os Saltadores dali. Não é, como alguns leitores podem interpretar, uma ação altruísta. Aliás, a série Perry Rhodan, por mais esperançosa que seja em relação à humanidade e ao futuro brilhante que podemos ter, não se engana em caminhos de gentileza vazia vindos de um grande império nascente como é este da Terra… ou de um líder como Perry Rhodan. Sim, o espírito geral é mesmo de ajuda a quem precisa, mas o livro não abraça aquele tipo de narrativa à la “caridade galáctica”. Os terranos estão empenhados nessa luta principalmente porque estão com medo dos Saltadores e esta é uma das formas de distraí-los, de vencê-los, de mostrar para eles que o nascente Império da Terra tem poder para se colocar diante dessa frota de comerciantes monopolistas, por mais que eles odeiem isso.

A criação das condições para a explosão das bombas que iriam trazer a guerra bacteriológica ao planeta tem bons momentos, mas estes não são a maioria. Existem muitas ações protocolares seguindo de maneira lenta alguns eventos (páginas e páginas para pegarem as caixas deixadas temporariamente no fundo do rio, por exemplo), o que é compreensível para esse tipo de série, mas que não necessariamente é algo bom para a história. Pelo menos não nesse caso. Claro que já passamos por eventos onde o andamento compassado e mesmo as assumidas “encheções de linguiça” casavam bem com aquilo que a trama pedia. No caso de O Flagelo do Esquecimento, aquilo que se tem para fazer é muito pouco, por isso a lentidão narrativa parece ainda maior do que realmente é. Isto, porém, não torna a história ruim.

Gucky continua sendo o personagem mais dinâmico nesse tipo de trama onde os coadjuvantes ganham destaque de ação. O mesmo papel intenso e interessante que ele teve no arco do Planeta Homem de Gelo (que começa num livro anterior, mas Gucky só entra na jogada em Perigo no Planeta Gelado) se repete aqui. O fato de ele não ser humano, de ter um pensamento bem particular em relação a algumas coisas, por manter a essência de brincadeira de sua raça (e “brincar”, para ele, pode ser uma verdadeira batalha, em termos humanos), de ser muito corajoso e movido por interessantes impulsos faz com que sua presença torne cenas mais banais em algo bem forte. Isso sem contar o porte nobre que Gucky tem, sempre se colocando com grande autoridade; ou a sua relação morde-e-assopra com Bell, atualmente, a minha favorita de toda a série.

Rhodan optando por conversar com os Saltadores doentes que restaram em Goszuls mostra mais uma vez o lado diplomático do personagem, desenvolvido à medida que a Terra encontrava nos planetas e novas civilizações. Além disso, Rhodan vem de uma situação planetária que sempre esteve marcada pela guerra, pela disputa entre lideranças, algo que ele não quer reproduzir em seu sonho de expansão. Pelo menos não por opção primária ou permanente. Se a conversa, se a diplomacia não dá certo, aí sim entra a força, o que no caso da relação entre terranos e Saltadores é bastante justa, vista a diferença de poder bélico entre os dois povos. Agora o líder da Terceira Potência tem a possibilidade de convencer os Saltadores a deixarem a Terra em paz. Depois do que esses comerciantes passaram em Goszuls, a probabilidade de um acordo é grande, ainda mais porque os contaminados “acordarão” de seu apagão de memória 20% mais inteligentes. Pensando bem… será que foi mesmo uma boa ideia contaminá-los? Afinal de contas, a inteligência pode ser utilizada para a maldade e a vingança. A própria História da Terra tem milhares de exemplos disso.

Os Saltadores têm pavor do FLAGELO DO ESQUECIMENTO. Mais pavor do que da própria morte. Por este motivo, abandonam furtivamente o planeta e libertam os goszuls, que até então serviam de escravos para eles. Que acontecerá, porém, se os Saltadores anteciparem sua volta? Perry Rhodan já tem resposta para esta eventualidade. Chama-se O PLANETA LOUCO, o título do próximo volume.    

Perry Rhodan – Livro 36: O Flagelo do Esquecimento (Die Seuche des Vergessens) — Alemanha, 11 de maio de 1962
Autor: Clark Darlton
Arte da capa original: Johnny Bruck
Tradução: S. Pereira Magalhães
Editora no Brasil: Ediouro (1976)
155 páginas

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