Home Diversos Crítica | Perry Rhodan – Livro 26: Duelo de Mutantes, de Clark Darlton

Crítica | Perry Rhodan – Livro 26: Duelo de Mutantes, de Clark Darlton

por Kevin Rick
314 views

Grande Ciclo: Via Láctea — Ciclo 1: A Terceira Potência — Episódio: 26/49
Principais personagens: Perry Rhodan, Reginald Bell, Clifford Monterny, Julian Tifflor, Klaus Eberhardt, Tatiana Michalovna, André Noir, John Marshall, Betty Toufry, Gucky
Espaço: Marte, Terceira Potência (Terrânia), Estados Unidos (Salt Lake City /  Nova York)
Tempo: 1981

Duelo de Mutantes continua a batalha da Terceira Potência contra o hipnotizador/telepata/gênio/excessivamente poderoso Supercrânio. Confesso que a falta de régua e limites para os poderes do antagonista super-mutante, assim como a inexistente construção de suas motivações para além do básico ódio/inveja, me deixam um tantinho irritado com os autores. Ainda que a trama de mutantes vs. mutantes seja extremamente interessante do ponto de vista de conflito terráqueo, o vilão genérico e maniqueísta priva a história de ganhar uma dimensão ideológica de embate entre ele e Perry Rhodan em um campo que não seja apenas de poder.

Para mim, isso é especialmente problemático com a inserção da conveniente Tatiana Michalovna, uma mutante controlada pelo Supercrânio que tem a faculdade de bloquear o poder hipnótico do antagonista. A partir do momento que a personagem cai de paraquedas na narrativa, ficou extremamente claro que a russa era uma saída fácil do texto para vencer o vilão. O artifício narrativo cômodo da personagem não apenas retira uma camada de risco, como também afasta o embate principal entre Perry e Supercrânio. Para mim, essa é uma decisão questionável por parte de Clark Darlton, pois desconsidera o intrigante conflito de humano versus mutante oferecido no volume anterior, quando vemos o antagonista irritado com o fato de Rhodan, “apenas” um ser humano normal, estar em par de luta estratégica com ele.

O confronto principal dos personagens ainda é demonstrado levianamente com a liderança de Perry contra o controle mental do antagonista, mas, por fim, é Tatiana quem termina sendo a personagem decisiva no contra-ataque da Terceira Potência. Por outro lado, a introdução da personagem para além de artifício barato do autor, consegue ser interessante presencialmente, seja pela personalidade firme da russa, como também a ótima prosa descritiva das batalhas mentais entre ela e Supercrânio (e jogo na caixinha André Noir e Betty). Além disso, ela assume o papel de entregar ao leitor o background do Supercrânio, um cientista chamado Clifford Monterny, que, bem, a despeito de injetar informações necessárias do vilão, não concebe nada substancial para torná-lo mais complexo.

No entanto, o antagonista, se desinteressante pessoalmente, consegue exercer um papel ameaçador com o domínio mental. Darlton se resolve satisfatoriamente nesse sentido, desde o ótimo bloco inicial espacial no qual acompanhamos alguns cadetes da Terceira Potência combaterem um dos destróieres roubados, até o clímax que dá nome ao livro. O autor tem um ótimo senso de espaço e ritmo nas batalhas, dinamicamente minuciando a ação com a descrição dos comandos perversos do antagonista. Aliás, algumas sequências, como a morte do Capitão Hawk ou o assassinato de um mutante por ordem hipnótica, são muito bem apresentadas em termos de melhorar o quadro de intimidação do Monterny e aumentar o nível de risco da aventura – contudo, seria bem mais interessante se um integrante significativo da Terceira Potência viesse a falecer.

Por fim, Duelo de Mutantes faz jus a seu título e oferece uma leitura com um ótimo ritmo e variação dos combates (temos batalhas espaciais, mentais, invasão de base e lutas armadas) dos mutantes da Terceira Potência contra o exército hipnotizado de Monterny. Tenho vários probleminhas com a construção do vilão, algumas saídas narrativas fáceis e pouco recompensadoras, especialmente pensando na desvalorização do embate entre Perry e o Supercrânio, mas Darlton entrega o comprometimento do conflito mutante prometido. O desfecho do 26º livro ainda oferece uma camada extra de contexto e possíveis desdobramentos com Perry confrontando as potências da Terra para criarem um governo mundial, terminando o volume em uma ótima nota política ao vincular as consequências da ações manipulativas de Monterny com a criação de uma unidade governamental.

O duelo de mutantes foi decidido. A grande maioria dos homens que o Supercrânio quis submeter ao seu domínio hipnótico foi libertada e, uma vez submetidas a um processo de reorientação, poderão se transformar em valorosos combatentes da Terceira Potência. Mas o Supercrânio não foi capturado, e é ali que está o maior perigo. Enquanto ainda existirem pessoas submetidas ao domínio do hipno, a ameaça continuará de pé. O DOMÍNIO DO HIPNO, este é o título do próximo volume da série Perry Rhodan.

Perry Rhodan – Livro 26: Duelo de Mutantes (Duell der Mutanten) — Alemanha, 02 de março de 1962
Autor: Clark Darlton
Arte da capa original: Johnny Bruck
Tradução: Richard Paul Neto
Editora no Brasil: Ediouro (1976)
128 páginas

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais