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Crítica | Perry Mason – 2X07: Chapter Fifteen

Intriga internacional.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Não sei se meu sentimento sobre o penúltimo episódio da segunda temporada de Perry Mason terá algum eco diante da meia dúzia de espectadores que a série infelizmente tem, mas pela primeira vez eu me deparei com um pecado capital narrativo que, apesar de não ter força para desmontar a ainda ótima temporada, acaba detraindo do que vinha sendo tão cuidadosamente construído pelos novos showrunners Jack Amiel e Michael Begler. Falo especificamente da revelação do pano de fundo criminoso que envolve não só Lydell McCutcheon, como também sua parceira/rival no crime, a pianista Camilla Nygaard.

Que Camilla estava envolvida com a trama, não tinha a menor dúvida e que ela envolvia de alguma forma o petróleo, eu também já esperava. Mas a internacionalização da intriga que traz um Japão expansionista e imperialista no período entre guerras e McCutcheon e Nygaard ilegalmente vendendo o ouro negro para eles em uma operação marítima talvez mais complicada do que ela precisasse ser me fez coçar a cabeça e não por incompreensão. Afinal, uma reviravolta dessas acontece comumente em filmes e séries de menor qualidade, em que novos personagens e novas situações são completamente tiradas da cartola para fazerem as peças todas se encaixarem. No entanto, de forma alguma eu esperava isso de Perry Mason. E menos ainda com o grau de didatismo que é apresentado aqui, seja pela incursão improvável de Perry e Pete no navio do magnata – e, ainda por cima, tendo que voltar nadando… -, seja pelo enfrentamento bis in idem de Perry e Lydell para explicar o que já era evidente.

É quase como se o sétimo episódio da temporada fosse de outra série ou tivesse sido escrito sem a supervisão dos showrunners, o que obviamente não é possível. E o mais triste é notar que isso poderia ser evitado com discretas inserções desse contexto nos episódios anteriores, de forma a evitar que tudo precisasse ser exposto exclusivamente aqui. Seja como for, digo “quase” porque os demais elementos do episódio funcionam muito bem, especialmente a investigação do misterioso carro azul pela dupla de marido e mulher Paul e Clara Drake que é muito bem conduzida não exatamente pelo que acontece, mas sim pela química entre os dois atores realmente nos convencendo sobre a situação marital deles. Também funciona o momento da verdade entre Della e Ham em que ela finalmente o faz confessar que vem sendo chantageado com fotos picantes sobre seu relacionamento homossexual. É perfeitamente possível ver a ameaça que paira sobre a própria Della pela mesma razão e que não foi ainda efetivada única e exclusivamente porque Camilla parece ter gostado da sofisticação da futura advogada.

A própria maneira mais técnica com que o juiz lida com a descoberta da arma do crime no cofre de Perry Mason é interessante e pouco usual, assim como é a forma como Perry e Pete lidam com o entrevero entre eles. Em outras palavras, há muito o que se apreciar no episódio, mesmo levando em consideração que ele traz uma trama literalmente externa para explicar os acontecimentos e, claro, para colocar Camilla como a mandante do assassinato de Brooks McCutcheon.

Não é, lógico, a melhor maneira de se jogar esse jogo, mas, agora, como dizem por aí “a Inês é morta” e temos que viver com esse pecado capital inserido sem cerimônia na história. Agora só nos resta torcer para que o último episódio da temporada encerre o caso de maneira digna e faça a série retornar à sua usual excelência.

Perry Mason – 2X07: Chapter Fifteen (EUA, 17 de abril de 2023)
Showrunners: Jack Amiel, Michael Begler (baseado em personagem criado por Erle Stanley Gardner)
Direção: Nina Lopez-Corrado
Roteiro: Mauricio Katz, Pedro Peirano
Elenco: Matthew Rhys, Juliet Rylance, Chris Chalk, Shea Whigham, Justin Kirk, Diarra Kilpatrick, Verónica Falcón, Paul Raci, Jee Young Han, Sean Astin, Matt Bush, Gayle Rankin, Eric Lange, Fabrizio Guido, Peter Mendoza, Jen Tullock, Katherine Waterston, Christopher Carrington, Hope Davis
Duração: 53 min.

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