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Crítica | Perry Mason (1957) – 1X01: The Case of the Restless Redhead

por Ritter Fan
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Bem-vindos ao Plano Piloto, coluna semanal dedicada a abordar exclusivamente os pilotos de séries de TV.

Número de temporadas: 9
Número de episódios: 271
Período de exibição: 22 de setembro de 1957 – 22 de maio de 1966
Há continuação ou reboot?: A série sucede – mas não tem ligação com – seis longas cinematográficos lançados entre 1934 e 1937, além de uma série radiofônica de mais de 3 mil episódios que foi ao ar entre 1943 e 1955, e é sucedida por – mas não tem ligação com – The New Perry Mason, série de TV com outro elenco, que foi ao ar entre 1973 e 1974, com apenas 15 episódios. A série de 1957 propriamente dita foi trazida de volta à vida com Raymond Burr e Barbara Hale em uma série de 26 telefilmes entre 1985 e 1993 que, por sua vez, foi sucedida por mais quatro telefilmes, produzidos após o falecimento de Burr, entre 1993 e 1995 com elencos diferentes e sob a rubrica A Perry Mason Mystery. Em 2020, uma nova série intitulada apenas Perry Mason, que faz um reboot do personagem, foi lançada.

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Erle Stanley Gardner havia praticado Direito na Califórnia por 20 anos quando decidiu usar seu conhecimento para criar Perry Mason, advogado criminalista que ganhou seu primeiro romance – O Caso das Garras de Veludo – em 1933, imediatamente angariando sucesso, o que levaria a série literária até 1969, com 80 livros e quatro contos publicados, com mais dois póstumos lançados no começo dos anos 70. Já no ano seguinte do primeiro romance, os direitos cinematográficos foram adquiridos pela Warner, que lançou seis longas ao longo de quatro anos, com um drama radiofônico seguindo em 1943. No entanto, Gardner detestou essas versões de seu personagem e jurou não mais licenciá-lo.

Foi apenas quando seu agente literário o apresentou à atriz Gail Patrick que a maré começou a mudar, com os dois fundando uma produtora, a Paisano Productions, exclusivamente para lidar com futuras novas adaptações de Perry Mason para o audiovisual de forma a manter estrito controle criativo . O trabalho da dupla acabou resultando na extremamente bem-sucedida e longeva série televisiva de 1957, com Raymond Burr como o advogado Perry Mason, Barbara Hale como sua assistente Della Street e William Hopper como o detetive particular Paul Drake. O primeiro episódio, que foi bancado pela própria produtora como um teste para que a CBS aceitasse produzir a série pré-gravada, já que o canal queria uma série ao vivo, adapta o 44º livro da série, publicado em 1954, com título homônimo que pode ser traduzido como O Caso da Ruiva Inquieta.

Estruturalmente, o roteiro escrito por Russell S. Hughes é simples, com dois terços dedicados à investigação do caso e o estabelecimento de um Perry Mason experiente e bem-vivido, sabendo manipular muito bem as provas no limite da moralidade e agindo ele mesmo como investigador muitas vezes, e o terço final voltado ao caso no tribunal, mas, aqui, sem um julgamento completo, com júri, e sim, apenas, uma análise preliminar sobre a existência ou não de crime e da culpabilidade da acusada, por um juiz monocrático. Mas, mesmo diante dessa estrutura básica, o caso, em si, não é exatamente simples e, por isso, prende imediatamente a atenção do espectador.

Nele, vemos Evelyn Bagby (Whitney Blake), a ruiva do título, achando uma arma em seu apartamento e sendo perseguida por alguém vestido de capuz branco como os da Ku Klux Khlan (mas sem relação com o grupo de ódio). Ela contacta Perry Mason a partir de sua lembrança de seu nome na televisão ou jornal e ele passa a investigar o ocorrido para tentar entender exatamente como tudo aconteceu. Como Gardner não tinha o menor interesse em trabalhar a vida pessoal de Mason, o personagem já é apresentado diretamente como ele é e permaneceria ao longo da série, um advogado maduro e experiente capaz de fazer o que for necessário para inocentar os clientes que ele acredita serem inocentes, nem que para isso ele tenha que testar até que ponto a lei pode ser dobrada.

Burr convence de imediato como Mason, até porque o ator, já de fama razoavelmente sedimentada, tendo inclusive vivido o célebre Lars Thorwald de Janela Indiscreta, tem uma postura constantemente séria, mas transparecendo inteligência e, mais ainda, esperteza, sem parecer o típico herói de ação em razão de seu corpo longe de ser atlético. Aqui, sua relação com a Della Street de Barbara Hale e o Paul Drake de William Hopper é íntima, mas essencialmente fria e distante, como se os dois fossem meros serviçais dele. Mesmo assim, a dupla de coadjuvantes, especialmente Hale, compõe bem a mecânica do episódio e funcionam como instrumentos facilitadores da progressão da narrativa, por assim dizer.

A direção de arte é um primor. Há um constante ar de elegância e sofisticação nos cenários, que são ricos e variados, sem aparente economia no orçamento. Os figurinos seguem pelo mesmo caminho, sempre naquele estilo que determina que, independente do esforço feito pelo ator ou atriz, ele/ela sempre estará com a roupa vincada e os cabelos perfeitos, algo que faz parte do estilo televisivo da época. A fotografia faz bom uso do preto e branco, com especial destaque para as sequências externas noturnas que contam até mesmo com uma breve perseguição automobilística muito bem filmada para os padrões da época em séries de televisão.

The Case of the Restless Redhead é, sem dúvida alguma, um ótimo começo para uma das mais famosas “séries de investigação” da televisão americana. Um verdadeiro modelo que seria seguido por décadas e década a fio, encontrando paralelos até mesmo hoje em dia.

Perry Mason (1957) – 1X01: The Case of the Restless Redhead (EUA, 22 de setembro de 1957)
Criação e desenvolvimento: Gail Patrick, Erle Stanley Gardner
Direção: William D. Russell
Roteiro: Russell S. Hughes (baseado no romance homônimo de Erle Stanley Gardner)
Elenco: Raymond Burr, Barbara Hale, William Hopper, William Talman, Ray Collins, Whitney Blake, Ralph Clanton, Gloria Henry, Vaughn Taylor, Jane Buchanan, Dick Rich, Grandon Rhodes, Norman Leavitt, Helen Mayon, Jack Gargan, Clark Howat, Lorraine Martin
Duração: 53 min.

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