SPOILERS!
A esperança, definitivamente, é a última que morre, não é mesmo? A essa altura, eu desejava apenas que tivéssemos episódios um pouco acima da linha “ok“, em Patrulha do Destino, para que a série terminasse num tom solar e deixasse saudades sem gosto amargo, como foi o caso da imensamente promissora, interessante, mas massacrada pela produção, Swamp Thing. Qual não foi a minha surpresa terminar Portal Patrol quase em lágrimas, após presenciar um dos momentos mais lindos da série, um momento de revelação e criação de uma variante completa, integrada e sugestivamente mais poderosa de Jane, chamada Kaleidoscope. Fui tomado por emoções que me remeteram à paz de Elliot, no final de Mr. Robot, e de todas as coisas que eu estava esperando aqui, esse tipo de sentimento e construção dramática não estavam entre elas.
Também não esperava que, na reta final da temporada e da série, tivéssemos uma surpresa de elenco como a que tivemos aqui, com o retorno do Chefe. Ver Timothy Dalton novamente nesse cenário e presenciar um evento tão importante quanto o que faz com que ele ficasse de cadeira de rodas superou todas as minhas expectativas no que concerne à história. E para ser sincero, o roteiro fez alguns milagres com o que tinha em mãos. Eu já havia indicado nas críticas das semanas anteriores que seria um pouco difícil um encerramento fluído e que desse conta de fechar bem as principais janelas abertas, ou encontrar um estágio minimamente interessante para a Patrulha do Destino, depois de tudo isso que passaram juntos. Principalmente neste ano, onde tivemos um pesadelo mais prolongado e mais opressivo.
Foi um episódio para fechar feridas abertas. A última oportunidade para justificar certas atitudes e entregar uma condição de mudança para a equipe principal da série, com exceção de Rita, que não aparece aqui, e é apenas citada. Não gostei desse sumiço, mas entendo que, sendo a mais bem resolvida no grupo — até porque o arco de análise e reconstrução dela começou na 1ª Temporada e se estendeu por muito tempo –, não teria muito o que encontrar, consertar ou confrontar aqui. De todo modo, penso que sobraria espaço para ao menos uma indicação visual da personagem. Não é o fim do mundo, mas excluir uma protagonista no penúltimo episódio não é lá uma escolha incrivelmente inteligente, convenhamos.
Falarei de maneira mais detalhada apenas sobre o principal bloco de criação, que é o de Jane. Em primeiro lugar, todos os louros possíveis à atuação de Diane Guerrero, e como ela, com a maquiagem de idosa e num entendimento tardio, mas finalmente regenerador de suas personalidades e de seu Ser, conseguiu fazer surgir uma nova mulher. Absolutamente tudo nesta sequência me encantou. É a melhor parte da direção de fotografia do episódio (a outra é a sequência na Fazenda de Formigas, com a excelente cena de Michelle Gomez), tendo passagens épicas de filtros de cor imitando um caleidoscópio (especialmente na paleta quente) e uma conclusão inesperada e muito bem pensada para o mistério do quebra-cabeça. Poético e revelador, este bloco foi um uma grande demonstração de que as melhores mentes por trás da Patrulha do Destino ainda estão trabalhando. Torço para que a mesma equipe tenha tido a liberdade de realizar um final digno para o programa. Saberemos em uma semana.
Patrulha do Destino – 4X11: Portal Patrol (Doom Patrol) — EUA, 2 de novembro de 2023
Direção: Chris Manley
Roteiro: Bob Haney
Elenco: Diane Guerrero, April Bowlby, Joivan Wade, Skye Roberts, Riley Shanahan, Matthew Zuk, Matt Bomer, Brendan Fraser, Michelle Gomez, Ana Aguilar, Hannah Alline, Stephanie Czajkowski, Timothy Dalton, Amanda Dunn, Jackie Goldston, Shay Mack, Elijah R. Reed, Mark Sheppard, Aniya Syndelle, Jordan Makale Williams
Duração: 45 min.