- Há SPOILERS. Leia aqui as críticas dos outros episódios.
Chega um momento em que a série precisa crescer, e muitas vezes isso significa redirecionar a forma como os roteiros são escritos e como as tramas são geralmente arquitetadas no show. Isso é o que estamos vendo aqui na 3ª Temporada da Patrulha do Destino, especialmente após o sublimador evento em que a Patrulha zumbi comeu o cérebro do Chefe e “se viu livre” de uma intensa influência. Ocorre que, no caso da equipe, sempre aparecerá alguém representando ou portando a loucura para tornar os dias desses indivíduos mais interessantes. E é justamente esse tipo de situação que a chegada de Madame Rouge traz para eles.
Com essa nova e enigmática personagem, temos não apenas a dúvida e a curiosidade para saber de quem se trata ou qual é o seu alinhamento, mas tudo aquilo que ela pode representar para os patrulheiros. Isso sem contar a própria figura de Madame Rouge, que é um verdadeiro show à parte, ganhando na interpretação de Michelle Gomez um dos pontos altos da temporada. É através dela que a Patrulha se vê no caminho da Irmandade do Dadá, que justamente por ter ligações com um maluco e irreverente movimento artístico (para quem ainda não ligou os pontos, a referência é ao Dadaísmo) mantém o nível de avacalhação a que já estamos acostumados na série.
O roteiro desse episódio segue algo que apareceu na maioria dos episódios até o momento: a separação da Patrulha em alguma missão e o tratamento individual de cada um deles naquela condição adversa. Aqui, porém, o efeito é bem mais interessante porque estamos falando de uma manipulação da percepção da realidade; estamos falando da presença do absurdo na vida de um grupo de pessoas que já têm o absurdo na base cotidiana! A intensificação desse padrão-Patrulha só traz benefícios ao episódio e nos faz rir ou franzir o cenho a cada nova coisa muito louca que aparece na tela.
Não só os membros da Irmandade do Dadá são fantásticos (vale dizer que os efeitos especiais e a direção de fotografia nesse capítulo estão afiadíssimos!), como também a relação dramática que têm com os patrulheiros segue o mesmo alto padrão. O texto, por sua vez, procura dar um significa para além do visual, enriquecendo a proposta. Claro que o visual importa e, o primeiro contato, assim como todo o trabalho de câmera para melhor desenvolver as cenas, provam isso. No entanto, o que cada personagem do Dadá traz ou cobra dos membros da Patrulha é que deixa tudo ainda mais interessante de se ver (quem diria que um dia veria Brendan Fraser falando japonês, não é mesmo?), pois da dinâmica de cena à importância desses encontros individuais temos uma clara e bem pensada motivação.
O que me deixa ‘triste’ é perceber que já estamos no meio da temporada, logo, o que veremos daqui para frente é um desenvolvimento mais fechado e de caráter mais decisivo, menos explorador. Todavia, alguns mistérios propositalmente foram deixados para a segunda metade, como as muitas interrogações em torno da existência de Rita, a própria identidade e motivações de Madame Rouge e, claro, onde que a Irmandade do Dadá irá entrar no restante da temporada. Ela volta como inimiga definitiva ou foi apenas um primeiro contato isolado com a Patrulha? Porque está faltando um “grande inimigo“, não é mesmo? E pela forma como estão desenvolvendo a Sra. Laura De Mille, ela não vai vestir essa carapuça, pelo menos não descaradamente, como no caso da Irmandade do Dadá. É muita coisa boa e que merecia bem mais partes para se desenvolver em toda a sua insana glória…
Patrulha do Destino (Doom Patrol) – 3X05: Dada Patrol (EUA, 07 de outubro de 2021)
Direção: Kristin Windell
Roteiro: Shoshana Sachi
Elenco: Diane Guerrero, April Bowlby, Joivan Wade, Riley Shanahan, Matthew Zuk, Matt Bomer, Brendan Fraser, Michelle Gomez, Hannah Alline, Catherine Carlen, Stephanie Czajkowski, Wynn Everett, John Getz, Gina Hiraizumi, Anita Kalathara, Eric James Morris, Phil Morris, Miles Mussenden, Micah Joe Parker, Skye Roberts, Ty Tennant
Duração: 50 min.