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Crítica | Patrulha do Destino – 1X13: Flex Patrol

por Luiz Santiago
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  • Há SPOILERS. Leia aqui as críticas dos outros episódios.

Até que enfim, depois de tantos episódios, o Sr. Ninguém conseguiu realizar o seu grande sonho, deixando bem clara a nossa incompetência em ligar os pontos do ego louco do personagem com os poderes de ver além das paredes da ficção. Fascinado pela ideia de ser um (grande) vilão e muito feliz após o infortúnio com os super-zeros revelar o paradeiro do Chefe em Pilot, Nobody passou esse tempo todinho tentando fazer com que o seu plano tivesse um significado maior do que apenas o sequestro de Niles (ou qualquer coisa que o vilão pudesse conseguir desse sequestro). O insano personagem queria combater um grupo de super-heróis e, de preferência, a Patrulha do Destino, final de contas ele já tinha derrotado uma versão da equipe. É claro que ele precisava dessa outra grande vitória para o seu currículo.

Aproveitando o gancho narrativo de Cyborg Patrol, tivemos aqui uma continuação inteligente e com coisas de peso a serem consideradas. Vi alguns tweets de pessoas reclamando o fato de Silas não estar morto e que isso foi algo ruim para a série/arco. Eu veria um ponto negativo nisso se Silas já voltasse com altos discursos de perdão e se já estivesse bom o bastante para ajudar o filho a superar a influência vilanesca da mente. Mas não é esse o caso. O homem está em coma e Cyborg, ao que tudo indica, está fora da Patrulha e ficará agora ao lado do pai, acompanhando a sua recuperação. É um ciclo muito interessante em termos de coerência com a estrutura da temporada e, se for mantido, lamentarei bastante a saída regular de Joivan Wade, mas confesso que não vejo nenhum problema estrutural com essa decisão.

Em termos de composição do grande ponto do episódio, o que temos é a reafirmação de algo que já estava dado como ensaio no episódio passado: a união desses indivíduos para fazer alguma coisa heroica. A diferença de uma decisão para outra (e o peso final disso é bem distinto, como vocês sabem) é que em Cyborg Patrol, a ideia e o plano partiram de Silas Stone. Aqui, estamos diante de algo realmente originado da futura Patrulha. Mesmo com o finalzinho um pouco barato demais para um roteiro não bom como este (por Niles, por Niles), toda a junção de peças e encerramento de histórias abertas durante a temporada continuam acontecendo, dando em cada uma dessas conquistas um passo à frente no amadurecimento para cada um.

Vejam que tivemos aqui a explicação para o “bebê de Rita” aludido em diversos outros episódios, com a personagem fazendo um resumo fantástico de sua trajetória e uma passagem maravilhosa de sua versão cheia de culpa para a de uma mulher que enfim fez as pazes consigo e pretende recomeçar a seguir em frente. Notem que o mesmo padrão se repete para Larry, tomando o ato altruísta de deixar o espírito negativo seguir em frente, mesmo que isso significasse a morte para o piloto — não foi explicada a possibilidade de o personagem andar SEM o espírito, mas o texto circulou bastante em torno dessa camada narrativa; para Vic, que aparentemente supera a sua desconfiança em relação ao pai, ficando ao seu lado; e para Jane, que mesmo com grande resistência, mantém um nível de entendimento e controle de personalidades para uso quando realmente necessário, algo que me fez vibrar, porque mostra que tudo o que foi feito em torno da personagem realmente teve uma consequência a longo prazo. E não há nada mais gostoso em uma série quando a gente vê uma estrutura de temporada realmente se mostrar coesa.

E aí chegamos à estrela do episódio, o musculoso de cueca de oncinha… o grande Flex Mentallo (Devan Long), mais uma das criações de Grant Morrison em 1990. Convenhamos que Doom Patrol já tem um histórico excelente de introdução de personagens, então não foi uma surpresa e sim uma constatação em ver como o roteiro se aproveitou de uma semente plantada no episódio passado para colocar em cena o super-poderoso parceiro da Patrulha, com direito a bom desenvolvimento da história dele ao longo dos anos, sua ligação com Larry e o período em que passou na Ant Farm. Sem contar o fato de que ele entende o espírito negativo, uma espécie de relação Groot/Rocket sem a emissão de palavra alguma, o que é simplesmente sensacional de tão simples e tão eficiente.

Agora com um objetivo galhofeiro alcançado pelo Sr. Ninguém, temos mais dois episódios para o encerramento do arco do Chefe, naquela que deve ser a grande batalha da temporada. E aqui, um ponto importante: o que foi essa genial sequência final do episódio? “Olhos brilhando” não é algo que consegue descrever a minha alegria e o meu grande descrédito e maravilhamento ao ver esse encerramento metalinguístico para colocar qualquer outro no chinelo. Impossível não se apaixonar pelo Sr. Ninguém e já dá pra sentir saudade dele, considerando que não deve ser o vilão da próxima temporada. Já podemos começar a sofrer?

Doom Patrol – 1X13: Flex Patrol (EUA, 10 de maio de 2019)
Direção: T.J. Scott
Roteiro: Tom Farrell, Tamara Becher-Wilkinson
Elenco: Diane Guerrero, April Bowlby, Joivan Wade, Matt Bomer, Brendan Fraser, Alan Tudyk, Riley Shanahan, Matthew Zuk, Phil Morris, Alec Mapa, Devan Long, Haley Strode, Jon Briddell, Ethan McDowell, Katina Rankin, Susan Williams
Duração: 55 min.

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