- Há SPOILERS. Leiam, aqui, as críticas de todos os episódios da série e, aqui, de todo nosso material do universo Supernatural.
Eu não estava com muitas expectativas para o terceiro episódio de Os Winchesters, mas acabei me decepcionando com o caso da semana. Acontece que o início foi muito promissor para o padrão da CW, nos apresentando à lenda de Bori Baba, uma criatura que é invocada quando alguém deseja um item perdido. O monstro sequestra duas crianças que, por coincidência, são vizinhas de Mary. Enquanto o trio de John, Mary e Lata tentam salvar as crianças, Ada e Carlos continuam investigando por mais informações sobre o Akrida.
Acabei gostando do início do episódio por conta do conceito interessante do Bori Baba e também pela construção do seu próprio “universo”. Não é nada espetacular, até porque o design de produção do seriado deve ter orçamento limitado, mas há pelo menos um cenário diferente com o domínio do monstro, seus vários objetos perdidos e até alguns jogos de câmera vertiginosos minimamente interessantes enquanto proposta de horror. É certamente interessante ver algum tipo de criatividade visual para além de galpões, casas abandonadas, florestas e cemitérios. Até mesmo Supernatural sempre pecou muito em nos localizar em cenários que não fossem tão comuns, apesar da pegada urbana da série.
Infelizmente, nada disso é explorado no restante do episódio. Vemos o monstro mais umas três ou quatro vezes, sempre em sequências muito rápidas e sem boa direção para criar urgência ou suspense. As perseguições da criatura são bem ridículas, incluindo um “clímax” com o personagem tediosamente sofrendo para abrir uma espécie de armazém. A mitologia do personagem também é muito mal construída, com o roteiro usando Laika naquele mesmo papel de Wikipédia ambulante que citei no episódio anterior, dessa vez até com camadas de estereótipo por conta da etnia da personagem/atriz.
A solução para a caçada com o contato por rádio e a separação emocional dos objetos desejados chega a ser cômica de tão conveniente, súbita e anticlimática, sem nenhum interesse em criar um desfecho que circulasse o mito do Bori Baba. Gostava muito de como a série original encontrava determinadas regras para matar as criaturas, algo que sempre deixava as caçadas divertidas. Aqui, me parece que o roteiro utilizou o monstro apenas como “desculpa” para criar a situação de Mary se desapegando da sua vida de caçadora, através de mais discursos expositivos e sem sutilezas dramáticas, como o de John pelo rádio.
Até gosto do conflito de Mary, mas falta qualidade na construção dramática, muito por conta da péssima química entre os co-protagonistas, os diálogos ruins e a carência de algum evento por trás do drama, como acontecia com o trauma infantil de Sam e Dean no seriado original – continuo com as comparações, porque o spin-off continua copiando a obra de Kripke. A subtrama melosa de John e sua ex-namorada também só atrapalhou a história, sem necessidade de sua existência narrativa.
Além do início, o segundo aspecto positivo de You’re Lost Little Girl está no segmento de Carlos e Ada. O núcleo da dupla mantém a história principal viva, traz um encontro interessante com um demônio com o exorcismo para um bonsai (cruelmente hilário), transforma Ada em uma personagem intrigante e, claro, nos dá mais tempo de tela com o carismático Carlos, de longe a melhor figura da série. Infelizmente, o segmento curto não é o bastante para tirar Os Winchesters da categoria ruim e da impressão genérica que a obra continua passando.
Os Winchesters (The Winchesters) – 1X02: You’re Lost Little Girl (EUA, 03 de novembro de 2022)
Criação: Robbie Thompson (baseado no universo de Eric Kripke)
Direção: Claudia Yarmy
Roteiro: Gabriel Garza
Elenco: Meg Donnelly, Drake Rodger, Nida Khurshid, Jojo Fleites, Demetria McKinney, Bianca Kajlich, Jensen Ackles
Duração: 43 min.
