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Crítica | Os Winchesters – 1X01: Piloto

Repetição e nostalgia.

por Kevin Rick
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  • SPOILERS. Leiam, aqui, as críticas de todos os episódios da série e, aqui, de todo nosso material do universo Supernatural.

Diferente do meu colega Ritter Fan, que não tinha contato com o universo de Supernatural quando fez a crítica do piloto do seriado, eu sou fã das aventuras de Dean e Sam há anos. A produção da CW foi uma das primeiras séries que maratonei, e, como a maioria do público, acredito que o seriado se estendeu além da conta e se tornou repetitivo/cansativo por grande porção do seu período de lançamento, apesar de sempre conter diversão em menores doses por conta da dupla principal e um elenco coadjuvante de muito carisma.

Por ter sido eternamente a série que não acabou no momento certo, o anúncio de um spin-off de Supernatural parecia apenas que estavam tirando mais leite de pedra. A presença de Jensen Ackles como produtor amenizou muita gente, mas apenas me levantou mais receio, afinal, por que eu deveria acreditar em Ackles como contador de histórias? De qualquer forma, cá estamos, no piloto de Os Winchesters, o prelúdio da série original que acompanha as aventuras de John (Drake Rodger) e Mary (Meg Donnelly), pais de Dean e Sam.

Sem muitas surpresas, o piloto serve para estabelecer os elementos do seriado e introduzir o que veremos ao longo da temporada. Entendemos um pouco do passado de John e Mary e como o drama da obra será sobre romance e não irmandade, conhecemos alguns dos personagens coadjuvantes que veremos nos casos semanais e ganhamos uma trama bastante similar aos primeiros cinco anos de Supernatural, com ambos os personagens principais procurando seus pais desaparecidos.

A repetição menos criativa da série original contribui para um início pouco inventivo, apesar de trazer certas familiaridades aconchegantes para quem conhece a franquia – não à toa, o piloto é recheado de referências e acenos para a mitologia deste universo, como os homens de letras, demônios e a pegada procedural da história. O fanservice mesclado com ingredientes copiados da série original me fazem torcer o nariz para o começo do spin-off, principalmente pelo sentimento de estar vendo tudo de novo, mas dessa vez com personagens que não tenho afeto e sem a magia de Eric Kripke para as caçadas aos monstros.

Podemos ver esse problema já no piloto. A aventura aqui é bastante genérica, sem nenhum tipo de momento especial ou minimamente satisfatório para se tornar tenso ou divertido. A construção de mundo não é interessante, apenas puxando elementos que conhecemos sem inovação, e também não gosto do design de produção da época (mais artificial do que natural) ou da fotografia estranhamente escura e com um filtro que passa a impressão de que estamos vendo um flashback – notem como a rápida cena com Dean parece mais viva e menos saturada do que os segmentos no passado.

A narrativa não tem paciência, jogando John no universo de monstros com algumas conveniências e reações bizarras do personagem, que se acostuma rápido demais para as novidades que lhe são apresentadas. Podemos ver como o roteiro está correndo para finalizar a introdução para focar na relação dos protagonistas, mas faz isso sem deixar o romance fluir organicamente. Tudo parece jogado em tela, como se alguém estivesse nos contando uma história e não vivenciando ela, algo reiterado pela narração de Dean.

Tudo isso está bem no molde novelesco e adolescente da CW de contar histórias, algo que até esperava até certo ponto, como no drama batido sobre traumas que assistimos (Mary com a vida de caçadora, e John com a historinha clichê do ex-soldado). Mas é o caso da semana que realmente me decepcionou. Não senti nenhum tipo de intriga com a investigação ou pelo menos um sentimento de entretenimento, considerando a péssima direção de Glen Winter para horror juvenil (a cena que John mata o Lobisomem é risível), e também não encontrei carisma nos atores principais, talvez com exceção do excêntrico Carlos.

O piloto de Os Winchesters é protocolar, funcional e genérico. O showrunner Robbie Thompson fez uma introdução banal que não apresenta novidades para a mitologia da franquia, e sem um momento autoral que salte aos olhos ou algum elemento, seja do roteiro, da direção ou das interpretações, que traga algum vislumbre de entusiasmo para além de sabermos o passado dos Winchesters. É o proverbial tirar leite de pedra, apesar de que a revisita a esse universo acabe apertando minha nostalgia. Fico na esperança das próximas caçadas serem mais divertidas, de que a narrativa principal tente se distanciar da série original e, quem sabe, uma abordagem mais sequencial, apenas para quebrar o molde. Até agora, porém, a aventura de John e Mary parece o pior que Supernatural pode oferecer.

Os Winchesters (The Winchesters) – 1X01: Piloto (EUA, 20 de outubro de 2022)
Criação: Robbie Thompson (baseado no universo de Eric Kripke)
Direção: Glen Winter
Roteiro: Robbie Thompson
Elenco: Meg Donnelly, Drake Rodger, Nida Khurshid, Jojo Fleites, Demetria McKinney, Bianca Kajlich, Jensen Ackles
Duração: 43 min.

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