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Crítica | Os Trapalhões (1977) – 1X01: Episódio 1

Um marco na TV brasileira.

por Ritter Fan
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Bem-vindos ao Plano Piloto, coluna semanal dedicada a abordar exclusivamente os pilotos de séries de TV.

Número de temporadas: 18
Número de episódios: não conseguimos verificar com exatidão
Período de exibição: 13 de março de 1977 a 27 de agosto de 1995
Há continuação ou reboot?: A série foi antecedida por outra série homônima, com os mesmos atores e personagens, na TV Tupi que, por sua vez, foi antecedida por versões da mesma série tanto em formato de série quanto de filmes, com outros nomes e um mix de outros atores, só mantendo Renato Aragão (Didi Mocó) e Manfried Sant’Anna (Dedé Santana) no elenco central. Além disso, dezenas de filmes foram produzidos desde a concepção original do programa. Em 2017, uma nova série com um elenco completamente novo foi produzida, mas logo cancelada.

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A semente do que viria ser a versão mais famosa de Os Trapalhões, programa dominical pré-Fantástico na TV Globo a partir de março de 1977 surgiu em 30 de novembro de 1960, quando Renato Aragão, então com 25 anos, encarnou seu personagem Didi (o restante do nome só veio mais tarde) no programa Vídeo Alegre da TV Ceará, o que lhe permitiu galgar degraus, um deles Didi e Dedé em que ele contracenou pela primeira vez com Manfried Sant’Anna, que, por sua vez, repetia seu papel do programa imediatamente anterior Dedé e Dino, até que, em 1966, trabalhando na TV Excelsior, teve a oportunidade de criar seu próprio programa, batizado de Os Adoráveis Trapalhões em que ele contracenaria novamente com Sant’Anna, além de Ted Boy Marino, Wanderley Cardoso, Ivon Curi, Vanusa e Roberto Guilherme e que duraria até 1968.

Depois, Aragão e Sant’Anna continuaram juntos em dois outros programas, um deles Os Insociáveis, de 1971, em que, em 1972, passaram a formar um trio com Antônio Carlos Bernardes Gomes, o Mussum, com Mauro Faccio Gonçalves, o Zacarias, chegando a participar de alguns programas. Quando a trinca migrou para a TV Tupi em 1974, finalmente criando Os Trapalhões, Aragão convidou Gonçalves a fazer parte efetiva do grupo, formando então a mais do que famosa quadra humorística que somente acabaria como tal em 1990, com o falecimento de Zacarias. O sucesso do programa da TV Tupi – cujos episódios, até onde pude pesquisar, não sobreviveram na integralidade – abriu os olhos da TV Globo que, em 1977, convenceu os quatro a levarem o programa para lá, nascendo, então, a versão que grande parte da população brasileira conheceu.

A estrutura de esquetes foi mantida e Renato Aragão, como Didi, imediatamente solidificou-se como líder absoluto do grupo, ainda que todos tenham personas cômicas distintas e impagáveis que, porém, claro, reforçavam estereótipos variados, como o nordestino esperto e golpista, o mineiro tímido e infantil, o carioca negro cachaceiro e o niteroiense certinho e educado, normal e pejorativamente tendo sua masculinidade desafiada por Didi. E essas personas cômicas, criadas de maneira mais completa na TV Tupi, foram completamente carregadas para a Globo e já se mostram presentes no primeiro episódio que, apropriadamente, tem sua primeira esquete focada apenas na “dupla original” Didi e Dedé em uma nada apropriada abordagem típica da época em que as mulheres eram objetificadas, com os dois correndo atrás de “mulé boa” na piscina de um hotel de luxo em que entram de penetra. A malemolência e os gestos de Didi e a hesitação e desespero de Dedé criam situações humorísticas básicas, sem nenhuma pretensão de ser mais do que uma versão quase improvisada de O Gordo e o Magro e outras duplas famosas do audiovisual.

Não demora para Mussum e Zacarias aparecerem no famoso esquete recorrente S.U.A.T., em que eles satirizam a então na moda série de TV enlatada americana S.W.A.T., com o caminhão blindado de lá sendo substituído por uma bicicleta com um caixote na frente. Os quatros, juntos, funcionam harmonicamente e as piadas fluem literalmente deles e de suas ações, com o jeito bobo e infantil de Zacarias falar e as famosas palavras terminadas em “is” de Mussum, especialmente “cacildis”, fruto de uma sugestão de Chico Anysio para o humorista quando ele participou de uma versão ainda preliminar da Escolinha do Professor Raimundo.

Com o improviso e a “tosquidão” marcando a sinergia entre os quatro e deles com o elenco de apoio e com animação e música de abertura marcantes, Os Trapalhões marcou sua época (e as seguintes!) já com seu primeiro programa que parece literalmente ficar de pé única e exclusivamente por causa da quadra de humoristas formada por Dedé, Didi, Mussum e Zacarias. Não é o tipo de humor para as suscetibilidades modernas, sei muito bem, mas deixando a imaginação retornar no tempo e relaxando um pouco a necessidade de se abraçar o politicamente correto custe o que custar, a comicidade peculiar deles por incrível que pareça ainda funciona.

Os Trapalhões – 1X01: Episódio 1 (Brasil, 13 de março de 1977)
Criação:
Wilton Franco
Direção: Augusto Cesar Vannucci
Roteiro: ?
Elenco: Renato Aragão, Manfried Sant’Anna (Dedé Santana), Antônio Carlos Bernardes Gomes, Mauro Faccio Gonçalves
Duração: 35 min. (cada episódio)

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