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Crítica | Os Ritos Satânicos de Drácula

Ressuscitado de numerosas maneiras, agora é a vez de recorrer ao satanismo, numa descida ainda mais veloz pela perda de qualidade narrativa.

por Leonardo Campos
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Nos anos 1970, as polêmicas em relação ao satanismo estavam em alta e a cultura cinematográfica não deixou de se aproveitar deste esquema social para desenvolver histórias que conseguissem captar o tópico temático e assustar ainda mais as suas plateias, arrepiadas com as discussões em questão do lado de cá, espaço que chamamos de realidade. O mais icônico vampiro da história, neste caso, não ficou de fora e surfou na onda. Os Ritos Satânicos de Drácula, lançado em 1973, por sua vez, não foi a primeira investida dos realizadores da Hammer em torno desta proposta. O conde inspirado no personagem do escritor irlandês Bram Stoker já tinha sido ressuscitado por meio de rituais outras vezes. Em sua última incursão no panorama vampiresco do estúdio britânico de produções de horror, Christopher Lee desempenha mais uma vez um dos papeis mais marcantes de sua carreira, encerrando a sua participação num segmento que a esta altura, se encontrava mais que exaurido de boas ideias.

O lançamento de um vírus letal com o desafio de devastação da humanidade. O surgimento de figuras misteriosas supostamente inspiradas nos quatro cavaleiros do Apocalipse, responsáveis por emitir uma praga que traria morte aos humanos e, consequentemente, deixariam o monstro e seus seguidores sem possíveis vítimas para se alimentar da substância básica para a sobrevivência dos vampiros, o sangue, demarcam as escolhas questionáveis e malucas de Os Ritos Satânicos de Drácula, um dos piores da franquia criada pela Hammer desde a década anterior, saga conhecida por resgatar uma das criaturas monstruosas mais icônicas da Universal. Com roteiro de Don Houghton, o filme desenvolvido às pressas e sem cuidado algum com a sua estrutura dramática é um desfile de loucuras e chatices que o tornam a definição cabal do tédio, algo perigoso para uma narrativa focada em lucrar diante daqueles que buscam entretenimento.

Personagens à beira da insanidade ou já tomados por profundas paranoias, cenas desenvolvidas com uma considerável falta de bom senso e de lógica básica. Esta é a base da trama que se inicia com uma imagem de Drácula projetada numa sombra, preâmbulo breve que corta logo para um curioso ritual satânico. Tirando os personagens do gótico de suas histórias anteriores e inserindo massivamente a trama num contexto atual e urbano, o filme abandona os castelos, as aldeias isoladas e outros signos do estilo para o vampiro ficar os seus caninos na agitação comum aos grandes centros urbanos. É o que contemplamos ao longo dos 87 minutos da narrativa, escolha espacial que reverbera na direção de fotografia de Brian Probyn e no design de produção de Lionel Couch, ainda menos interessantes que a queda de qualidade dos exemplares que antecedem este suspiro cadavérico que representa Os Ritos Satânicos de Drácula.

Com uma funcional, mas nada memorável trilha sonora, executada por John Cacavas, o filme nos apresenta o conde reencarnada em D. D. Denham, um milionário socialmente conhecido por desempenhar a função de um poderoso empresário. Envolto numa conspiração para tomar o poder no mundo, ele precisa confrontar, dentre os seus tantos obstáculos, a investigação de Hanson (Maurice O’Connel), um agente que no encalço de ações envolvendo rituais satânicos na cidade, em busca daqueles que estão por detrás de uma seita demoníaca assustadora. Realizados na mansão Pelham House, tais rituais pretende reforçar o esquema de destruição da humanidade e reiterar o poder do vampiro em escala global. Abraham Van Helsing, interpretado por um cansado Peter Cushing, também faz parte do confronto para acabar com a iniciativa liderada pela sacerdotisa Chin Yang (Barbara Lu Ying).

O desenvolvimento e o resultado são óbvios e apesar de não termos Drácula em si, o seu legado na Hammer ainda seria sentido no tenebroso A Lenda dos Sete Vampiros.

Os Ritos Satânicos de Drácula (The Satanic Rites of Dracula, Reino Unido – 1973)
Direção: Alan Gibson
Roteiro: Don Houghton
Elenco: Christopher Lee, Dennis Waterman, Jenny Hanley, Christopher Matthews, Patrick Troughton, Michael Gwynn, Michael Ripper, Wendy Hamilton, Anouska Hempel, Delia Lindsay, Richard Durden
Duração: 95 min.

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