Número de temporadas: 3
Número de episódios: 71
Período de exibição: 2001 – 2003
Há reboot?: Não. Existem apenas dois filmes que dão continuidade à história da série.
Criação de Fernanda Young e Alexandre Machado para a Globo, Os Normais se tornou rapidamente uma das mais queridas séries nacionais de comédia. Durante três anos, o show acompanhou o casal mais absurdo, estranhamente real e normal da TV: a desbocada Vani (Fernanda Torres) e o irônico Rui (Luiz Fernando Guimarães). Cada capítulo era apresentado como uma crônica, um evento marcante na vida do casal protagonista, e os temas variavam bastante, embora estivessem essencialmente divididos em temáticas de brigas e discussões… ou temáticas de “situações externas“, que normalmente validavam a entrada dos atores convidados e dos problemas exteriores à dinâmica comum dos protagonistas.
Este drama de situação para coisas de fora foi, inclusive, o modelo utilizado pelos roteiristas para abrir a série, com o fantástico Todos São Normais. A identificação ou inicial proximidade com a dupla começa já na cena de abertura, que mata dois coelhos com uma cajadada só: apresenta as principais características de Rui e Vani, ao mesmo tempo que explora muito inteligentemente o formato que caracterizou a série: a quebra da quarta parede, incluindo o público nos monólogos interiores dos personagens, fazendo do espectador um confidente para todos os momentos.
A edição torna essa dinâmica ainda mais gostosa de se acompanhar. É ainda na abertura que vemos a dupla se arrumando para sair e compartilhando com o espectador os problemas do parceiro, mostrando as muitas divergências de opinião, de olhar e de sentimentos particulares que cada um tem sobre as manias do outro. E no meio de tudo isso, uma conversa sobre ser ou não ser normal, sobre fazer coisas que para si é algo simples, corriqueiro, “nada demais“… enquanto para o outro é o clássico “fim do mundo“. No fundo, Os Normais aplica de modo dramatizado e cômico uma série de questões morais e éticas ao cotidiano de um homem e uma mulher que se amam, mas que são muito diferentes.
E para apimentar essa situação inicial, o texto coloca um evento ligado a sexo, vindo com os personagens interpretados por Murilo Benício e Drica Moraes, que no restaurante acabam achando que Rui e Vani são suingueiros e iniciam um hilário jogo de conquista e interpretações para algo que, na verdade, não estava acontecendo. É a perfeita comédia de erros, mas com um tipo mais apimentado e aliado a uma porção de situações brasileiras como violência urbana, como um comentário político quase inocente ali, um comentário sobre drogas acolá, outro sobre bulimia, uso de remédios fortes sem prescrição e por aí vai.
Do título à proposta geral que esquematiza para série, Todos São Normais brinca com “os podres” de cada indivíduo. Cada casal e cada pessoa possui segredos, brincadeiras e sacanagens que jamais se sentiriam confortáveis de falar sobre com os outros. É nesse limite entre o bom senso pessoal para avaliar situações particulares e aquilo que pode ou não ser compartilhado, que esse episódio circula, nos oferecendo um drama hilário sobre liberdade sexual, visões genéricas mas ao mesmo tempo cheias de verdade sobre o comportamento médio dos homens e das mulheres em determinadas situações de estresse ou em determinados espaços. Uma das mais abertas representações de nossas loucas normalidades.
Os Normais – 1X01: Todos São Normais (Brasil, 1º de junho de 2001)
Criadores: Fernanda Young, Alexandre Machado
Direção: José Alvarenga Jr.
Roteiro: Fernanda Young, Alexandre Machado
Elenco: Fernanda Torres, Luiz Fernando Guimarães, Murilo Benício, Drica Moraes, Lídia Mattos
Duração: 25 min.