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Crítica | Os Marvel Super-Heróis – 1X01: A Origem do Capitão América! / A Ruína Caminha Entre Nós / O Caveira Vermelha Ataca

As (des)animações que catapultaram as animações Marvel!

por Ritter Fan
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Bem-vindos ao Plano Piloto, coluna semanal dedicada a abordar exclusivamente os pilotos de séries de TV.

Número de temporadas: 1
Número de episódios: 65 (195 segmentos)
Período de exibição: 05 de setembro de 1966 a 02 de dezembro de 1966
Há continuação ou reboot?: Não.

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Não tem muito tempo (ok, já tem quatro anos…) encarei as mais de 5 horas do motion comic (ou quadrinhos em movimento) de Watchmen e lembro-me claramente que a primeira coisa que me veio a cabeça quando comecei a empreitada foi o quanto adorava – idolatrava! – as famosas (des)animações produzidas pela Grantray-Lawrence Animation nos anos 60 que literalmente pegavam as páginas dos quadrinhos da Marvel Comics e as transformavam em uma série de TV, a primeira baseada nos personagens da editora (se descontarmos, claro, o serial do Capitão América de 1944, já que, àquela época, a Marvel sequer existia como tal e, tecnicamente, serial é filme que passava em partes no cinema e não série de TV). The Marvel Super Heroes ou, como foi estranhamenta batizado por aqui, Os Marvel Super-Heróis (custava colocar o Marvel depois de Super-Heróis?) marcou sua época e, de certa maneira, serviu de catapulta para o início de uma fase consideravelmente prolífica de animações (agora não mais desanimadas – ou pelo menos não tanto) baseadas em personagens Marvel.

A ideia por trás da produção era maximizar os lucros minimizando os gastos, o que é a base de qualquer empreitada, especialmente no audiovisual. Com base nisso, a literalidade do que eu mencionei acima, sobre as páginas das HQs serem transformadas em série realmente aconteceu. Com episódios compostos de três segmentos de algo como 6 ou 7 minutos cada, com cada um deles sendo uma história de uma HQ de determinado super-herói (normalmente escolhidas dentre os quadrinhos no formato antologia, como Tales of Suspense, que continham mais de uma história por edição), a animação foi mantida no mínimo necessário, como bocas e lábios sendo movimentados, além da simulação de movimento de câmera como um pan and scan das páginas. Se pensarmos bem, a ideia é genial, pois pega o que já estava consagrado nas bancas de jornal e leva diretamente a uma outra mídia. Canções de abertura e encerramento foram compostas e inseridas, artistas de voz trabalharam os diálogos exatamente como escritos e pronto, era só colocar no ar.

Quem nunca viu nada dessa série ou das mais recentes motion comics que foram produzidas – Watchmen é só, talvez, o exemplo mais importante – pode achar essa ideia tenebrosa, mas o resultado é melhor do que se pode imaginar. De um lado, fica evidente a economia meio safada que foi feita, mas, por outro, a série depende mesmo do material base para funcionar e das vozes para darem “vida” aos personagens. No primeiro episódio, com três segmentos dedicado ao Capitão América – a série era originalmente transmitida cinco dias da semana nos EUA, um para cada herói dos seguintes além do Capitão: Hulk, Homem de Ferro, Thor e Namor – vemos uma história consideravelmente contínua que conta uma versão muito simples da sensacional origem do bandeiroso e como ele conheceu Bucky Barnes, que segue imediatamente em outra que lida com um nazista que usa truques de hipnotismo e, finalmente, a terceira que introduz o arqui-inimigo do Capitão, o Caveira Vermelha.

Levando Tales of Supense #63, #64 e #65 (publicadas em março, abril e maio do ano anterior) para a TV, o que a produção fez foi fazer da arte de Jack Kirby (no caso específico do piloto) uma das mais conhecidas das ondas hertzianas. Se seu estilo inconfundível era já algo apreciado pelos jovens fãs de quadrinhos da época, a transmissão o elevou a outro status, ainda que isso nunca tenha revertido financeiramente para ele, como todo mundo bem sabe. Portanto, as três pequenas histórias encantam imediatamente pelos traços poderosos e inconfundíveis de Kirby que ganham uma animação que não é tão tenebrosa assim como muitos talvez achem que é. Dentro das limitações que a produção se autoimpôs para cortar custas, é muito interessante ver como tudo acaba funcionando bem no final, com a combinação de animação bem limitada e bons trabalhos de voz resultando em uma agradável experiência.

Em uma era em que a escassez de obras baseadas em super-heróis levava à valorização de qualquer coisa nessa seara (bem diferente da atual, em que a abundância leva á banalização), Os Marvel Super-Heróis cavaram seu espaço no imaginário popular e ajudaram toda a indústria de animações a investir nesses personagens extremamente coloridos da Marvel Comics nos anos seguintes, já começando com Os Quatros Fantásticos (assim mesmo, não Quarteto Fantástico), em 1967. Será que um dia a hoje toda-poderosa Marvel se animaria em lançar esses clássicos no Disney+ ou, quem sabe, produzir (des)animações de outras HQs deles? Eu sei que eu assistiria!

Os Marvel Super-Heróis – 1X01: A Origem do Capitão América! / A Ruína Caminha Entre Nós / O Caveira Vermelha Ataca (The Marvel Super Heroes – 1X01: The Origin of Captain America / Wreckers Among Us / Enter Red Skull – Canadá/EUA, 05 de setembro de 1966)
Criação:
Robert L. Lawrence (baseado em criações de diversos autores de quadrinhos)
Direção: ?
Roteiro: ? (baseado em quadrinhos de Stan Lee e Jack Kirby)
Elenco: Bernard Cowan, Carl Banas, Paul Kligman, Vita Linder, Gillie Fenwick
Duração: 18 min. (cada episódio)

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