Home QuadrinhosEm Andamento Crítica | Os Defensores #18 a 29 (1974-1975)

Crítica | Os Defensores #18 a 29 (1974-1975)

por Gabriel Carvalho
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Contém spoilers.

Nessas próximas edições de Os Defensores, a principal mudança a ser evidenciada é a saída do roteirista Len Wein para a entrada de seu substituto Steve Gerber. No conteúdo da revista em si muito do passado da Valquíria é abordado, com personagens como Namor e Surfista Prateado colocados de lado. O time, contudo, continua sendo composto, além da guerreira asgardiana, por Hulk, Doutor Estranho e Falcão Noturno. Outro ponto a ser notado é a boa quantidade de ameaças relevantes, que invocam realmente um senso de perigo. Além do mais, nada melhor do que encerrar esse segundo compilado com mais uma chegada dos Guardiões da Galáxia originais na Terra. Ótimas aventuras, boas histórias.

  • Observação: Leiam, aqui, as críticas das edições anteriores de Os Defensores.

The Defenders #18 e 19

O encontro dos Defensores com a Gangue da Demolição começa da onde a última edição terminou, com a chegada da equipe de supervilões, sendo que agora Luke Cage estará combatendo os malfeitores ao lado dos heróis título. O que Len Wein e Sal Buscema querem com essa história é primordialmente contar a origem dos bandidos, mesmo que tal seja feito de modo “superficial”. Em nenhum momento algum membro da gangue é humanizado ou ganha um background mais complexo, com exceção do Maça. O que importa mesmo é o coletivo, enquanto a contextualização dos personagens como indivíduos é dispensável. Neste meio tempo, a dupla continua a fazer os mocinhos enfrentarem os criminosos, em uma batalha muito bem escrita. Como objeto a ser encontrado, o macguffin da vez, temos a Bomba Gama, que revela-se vazia na edição #18 para “surpresa” do leitor – que na realidade nem se importava.

De modo desnecessário Wein coloca Valquíria para fazer uma ponta em busca de revelações sobre seu passado, algo que poderia ter sido descartado e adiado para uma outra aventura, não quebrando o ritmo do confronto. A derrota dos Defensores pela Gangue da Demolição é inesperada e extremamente apressada, para algo que estava sendo antecipado pela capa. No fim, tudo dá certo, e é de bom grado vermos a dualidade de mentalidade do Incrível Hulk com a de Bruce Banner. Uma história aceitável, que pouco faz com o convidado de honra da revista, Luke Cage.
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The Defenders #20

Continuação direta de Marvel Two-In-One #7, A Mulher Que Ela Foi apresenta o desenrolar do objetivo da Valquíria em descobrir a sua identidade anterior. Com a morte de um pai de quem ela não se lembra e a descoberta de um nome, Barbara Norris, que ela não mais se identifica como sendo dona, a Valquíria, em parceria com o sempre carismático Coisa, acaba sendo raptada por um culto, que revela-se como sendo encabeçado pela própria mãe de Val, Celesta Denton. A narrativa caminha muito bem em seu início, relembrando acontecimentos que se passaram anteriormente. A situação de Val é extremamente delicada, e o novo homem responsável pelo roteiro da revista, Steve Gerber, sabe lidar muito bem com as complicações da moça e o choque dela com as novas descobertas.

Após metade da revista, os Defensores entram de fato em ação, ao resgate de Barbara. A problemática da questão é que a história funcionaria muito melhor se abordasse apenas a questão pessoa da guerreira. O Falcão Negro, por exemplo, está na história com nenhum princípio argumentativo. A complexidade da situação na qual Val se encontra não é de muita originalidade, tendo sido de mais valia uma narrativa mais simples, e menos estapafúrdia. Algo que explorasse com mais atenção os questionamentos da personagem, que são muito interessantes. Ademais, a revelação da existência de um marido para Barbara é um ponto importante, e que seria levantado em edições posteriores.
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The Defenders #21


A Valquíria ia ganhando cada vez mais a atenção merecida pelo roteiro, e na vigésima primeira edição de The Defenders os olhos são novamente voltados à ela, que começa a desdobrar a verdade sobre seu marido. Tal intenção desperta o lado egoísta do Falcão Noturno, aqui apresentado menos heroico do que nunca. Seu interesse amoroso pela loira logo o faz se enciumar quando a mesma apenas anseia retomar sua própria vida, que em sua mente ela nunca viveste. Uma crise existencial muito séria para ser problematizada por um parceiro de equipe.

O Hulk é outra figura a despontar aqui, com momentos-chave curiosíssimos. As relações do Gigante Esmeralda com os cidadãos que ele interage nesse número perpetua o contínuo preconceito do povo, devido ao medo concebido da imponência do monstro. O Doutor Estranho também ganha mais uma camada, ao demonstrar preocupação com Barbara. Enfim, mesmo que a história module mais uma vez uma insistência da polêmica sobre o Falcão, a mesma reapresenta o ridículo vilão Homem-Gorila. Não dá para se levar a sério definitivamente.
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The Defenders #22, 23, 24 e 25

Em uma sociedade ainda tão afligida com o mito da supremacia branca e outras teorias ultrapassadas e fracassadas é de estranhar-se que uma história feita nos anos 70 ainda tenha muito mais critério visado no simples bom senso, respeito, compreensão e até não, amor ao próximo – e suas diferenças. E qual grupo mais diferente da Marvel naquela época que os Defensores? Com os Filhos da Serpente, não só Steve Gerber pode formular um conto mais relevante, como ele pode desenvolver os vilões mais passíveis de ódio – teoricamente. Com os criminosos queimando prédios pobres com o ideal de “limpar a raça”, ou outras atribuições próximo, é difícil não torcer para que o nosso supergrupo chegue lá e acabe com a bagunça.

A participação do Jaqueta Amarela é uma grata surpresa. Esta ainda dá margem para a revelação da identidade do homem que há números já perseguia suspeitosamente a Valquíria. Steve Gerber e Sal Buscema ainda aproveitam para lidarem com a cada vez mais presente forma humana do Hulk, e as implicações dadas por isso. A narrativa também movimenta outros personagens, ao colocar como o chefe dos Filhos da Serpente, um executivo da Richmond Enterprises, empresa do Falcão Noturno. A grande questão é a contradição envolvendo a própria etnia de Pennysworth, que é afro-americano, algo que pode gerar tantas críticas negativas como positivos, mas acima de tudo, fará o leitor pensar.
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The Defenders #26, 27, 28 e 29

A começar pela cena inicial, Tempo Selvagem já coloca Valquíria em uma posição delicada com Jack Norris, marido de sua contraparte Barbara. Uma cena forte, com diálogos bem escrito. Indo para o que realmente interessa, a premissa do encontro entre os Guardiões da Galáxia (os originais, não a equipe que conhecemos pelos filmes e quadrinhos mais recentes) e os Defensores já começa bem ao não envolver um conflito entre os dois grupos. Surgindo do futuro, os Guardiões pedem aos Defensores ajuda para livrar a Terra dos dominadores Badoon, no século de onde vêm, ou seja, o século XXXI. O grande momento da história, no entanto, é a introdução do mais novo integrante da equipe galática, o Starhawk, que aparecera em Guardiões da Galáxia Vol. 2 sendo interpretado por Sylvester Stallone.

O primeiro número joga muito bem com a questão de viagem no tempo, tornando o Doutor Estranho essencial para o prosseguimento das tarefas. Por outro lado, a história acaba resolvendo optar por dividir os grupos, sem no entanto aproveitar de tal divisão para construí-los como indivíduos e como grupos menores. Seria uma boa maneira de criar relacionamentos, não necessariamente amorosos. Tudo soa como uma grande confusão, sem propósito algum de fato. Todavia, não pode-se dizer que a mesma não é divertida, colocando Yondu e Hulk em um cenário de gladiador, por exemplo. E também não pode-se dizer que a mesma não é bem escrita, esquecendo um pouco dos personagens, mas desenvolvendo um bom enredo, que utiliza como chave a figura do próprio Starhawk.

Os Defensores #18 a 29 (The Defenders #18-29) — EUA, 1974/5
Roteiro: Len Wein, Steve Gerber
Arte: Sal Buscema, Gil Kane
Arte-final: Dan Green, Vince Colletta, Sal Trapani, Mike Esposito, Bob McLeod, Jack Abel, John Tartag
Capas:
Gil Kane, John Romita, Klaus Janson, Danny Crespi, Frank Giacoia, Gaspar Saladino, Ron Wilson
Letras: Dave Hunt, John Constanza, Charlotte Jetter, Gaspar Saladino, Tom Orzechowski, Ray Holloway, Joe Rosen
Cores: Glynis Wein, Petra Goldberg, George Roussos, Stan Goldberg, Don Warfield, Phil Rachelson, Al Wenzel
Editora original: Marvel Comics
Páginas: 28 a 32 páginas por edição.

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