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Crítica | Os 300 de Esparta (Graphic Novel)

por Guilherme Coral
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estrelas 5

Inspirado no filme de 1962, Os 300 de Esparta, a graphic novel de Frank Miller é uma retratação fictícia da Batalha das Termópilas e os eventos que a precederam. A história é contada sob o ponto de vista do rei Leônidas e vale lembrar que ela não é e tampouco precisa ser cem por cento historicamente correta.

Miller utiliza uma técnica similar à de Sin City, realizando um grande trabalho de luz e sombras que destacam não só as reações de cada personagem, como garantem a emotividade da cena. Muitas vezes pensamos estarmos diante de uma obra em preto e branco, até que uma cor é precisamente evidenciada por Lynn Varley, ao passo que, em diversos quadros, nos situamos através das diferenças entre as tonalidades – o vermelho e dourado espartano ganham um especial destaque.

A trama progride através das ilustrações que são economizadas ao máximo, nos contando tudo o que podem através de um só quadro. Por isso, diversas vezes, inúmeros balões de fala ocupam a página, lutando para ganhar evidência em meio ao ótimo desenho de Frank Miller. Porém, ao mesmo tempo que temos tal presença dos balões, as falas também são econômicas ao máximo e adotam um tom de poesia que garantem o tom épico da empreitada dos 300 – Nós marchamos.

Originalmente, a graphic novel, foi publicada em cinco edições e, por isso, vemos alguns elementos de reminiscência dos capítulos que passaram. Contudo, 300, é de melhor aproveitamento ao ser lido de uma vez, especialmente na edição de capa dura, que junta as páginas divididas da edição da revista, colocando-as em uma só panorâmica. São poucas páginas e o tom de poesia assinalado no parágrafo anterior se torna ainda mais presente dessa forma. Independente da forma que é lido, contudo, o autor consegue nos transmitir uma ideal passagem do tempo que distanciam o início da história de seu fim.

Os momentos de batalha em si ocorrem nos dois capítulos finais, enquanto que os outros preparam o cenário através de flashbacks do rei Leônidas,menos contando do treinamento dos espartanos, e  a origem das desavenças com Xerxes. Em certos pontos nos são contadas da progressão da guerra em outras frontes, como os atenienses nos mares que serão abordados na continuação Xerxes e no filme 300 – A Ascensão de um Império. Nestas narrações não faltam comentários irônicos dos espartanos em relação aos atenienses – aqueles pederastas.

Tais comentários garantiram críticas a Frank Miller que vão desde a homofóbico até historicamente impreciso. Vale lembrar mais uma vez que esta é uma obra de ficção e, como dito no primeiro parágrafo, não precisa ser historicamente correta. Além disso tais comentários na narrativa servem para ilustrar as desavenças entre as poleis gregas, especialmente entre Atenas e Esparta. De forma interessante, ainda, Miller faz citações a Licurgo, legislador espartano cuja biografia (provavelmente fictícia) é contada por Plutarco.

300 é uma graphic novel de força e consegue prender o leitor tanto através de suas imagens precisas quanto de sua bem construída narrativa. É uma ótima retratação da Batalha das Termópilas e mesmo que não seja historicamente precisa será de grande agrado por qualquer amante da história. No fim o sacrifício espartano fica nas nossas memórias e suas famosas palavras ecoam em nossa mente – aqui, pela lei espartana, jazemos nós.

Os 300 de Esparta (300) — EUA, 1998
Roteiro: Frank Miller
Arte: Frank Miller
Cores: Lynn Varley
Editora: Dark Horse Comics (EUA)
No Brasil: Devir
92 páginas

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