Home Colunas Crítica | One Tree Hill: Lances da Vida – 1X01: Pilot

Crítica | One Tree Hill: Lances da Vida – 1X01: Pilot

A rivalidade de dois meio-irmãos na quadra de basquete.

por Arthur Barbosa
2,8K views

Bem-vindos ao Plano Piloto, coluna dedicada a abordar exclusivamente os pilotos de séries de TV.

Número de temporadas: 9
Número de episódios: 187
Período de exibição: 23 de setembro de 2003 até 04 de abril de 2012
Há continuação ou reboot?: Sim, mas ainda sem data para o lançamento. Em agosto de 2024, foi noticiado que a série vai ganhar um revival pela Netflix, com a participação de parte do elenco original, como as atrizes Sophia Bush e a Hilarie Burton, intérpretes das personagens Peyton Sawyer e Brooke Davis, respectivamente. 

XXXXXXXXX

Tendo sido um sucesso no começo dos anos 2000, a série One Tree Hill: Lances da Vida, a qual contou a história de rivalidade entre dois meio-irmãos, também conquistou o coração dos brasileiros. Assim como a sua “prima” quase “irmã” The O.C.: Um Estranho no Paraíso, ela foi exibida nas manhãs de domingo da programação do SBT, além da exibição pela WB e, posteriormente, pela CW, na programação americana. A trama se passava na cidade fictícia de Tree Hill, na Carolina do Norte, nos Estados Unidos da América (EUA), em que o basquetebol tornou-se um “personagem” importante na vida de Lucas Scott (Chad Michael Murray) e de Nathan Scott (James Lafferty), dois meio-irmãos, filhos de Dan Scott (Paul Johansson), os quais tornam-se rivais nas quadras de basquete e também no coração da jovem líder de torcida Peyton Sawyer (Hilarie Burton). Enquanto o primeiro filho é completamente ignorado pelo patriarca, o segundo é mimado e valentão, que se sente intimidado com a chegada do bastardo – o filho “ovelha negra” da família – ao time de basquete da Tree Hill High School, o colégio, quando o técnico Whitey Durham (Barry Corbin) o convida para se juntar ao grupo.

Embora o piloto tenha sido um tanto morno, com a atuação de uma porta do ator Chad Michael Murray, ele torna-se promissor ao apresentar um elenco bonito em uma convidativa abertura, afinal de contas é emocionante ouvir I Don’t Want To Be, do cantor Gavin DeGraw enquanto aparece o nome e a imagem dos atores. Uma curiosidade interessante é que antes de se chamar One Tree Hill, o seriado seria conhecido como Ravens, em referência ao time de basquete da escola e ficou assim intitulado por um bom tempo nos bastidores até a decisão final para a nomenclatura oficial da série como a conhecemos desde a sua estreia, em 2003. No episódio, conhecemos ainda Karen (Moira Kelly) a mãe de Lucas, que foi abandonada por Dan quando ele descobriu a gravidez precoce da sua então namorada, e Keith (Craig Sheffer), tio de Lucas e irmão de Dan, os quais fazem de tudo para proteger o garoto de todo o mal que o pai poderia um dia acometer ao jovem rapaz. Nessa linha de raciocínio de proteção, temos a linda amizade entre Haley James (Bethany Joy Lenz) e Lucas, os quais se amam como irmãos e, justamente por existir este laço fraterno tão forte, ambos se cuidam e se amam, apesar das dificuldades da vida. 

Outra característica marcante das séries teen até meados de 2010 é o elenco jovem não condizer com a faixa etária representada nas cenas, pois os atores e as atrizes são mais velhos, em torno dos 20 e poucos anos, enquanto interpretam personagens mais novos. Eu não sei vocês, leitores(ras), mas, quando eu era criança e assistia esporadicamente alguns episódios na programação da TV Aberta do SBT, eu pensava que, quando eu me tornasse um adolescente, eu teria aquela aparência e, até mesmo, viveria boa parte do que os personagens vivenciaram ao longo de quase 45 minutos de duração deste piloto. Resultado: uma tremenda frustração, afinal de contas isso não aconteceu, tampouco a juventude brasileira tinha e/ou tem os mesmo atributos da americana. Logo, The O.C., Smallville, Gossip Girl, Dawson’s Creek, Veronica Mars, Skins e tantas outras séries juvenis, como One Tree Hill, são produtos americanizados que representam uma época passada e específica, pois a juventude de Elite, de Sex Education e de Heartstopper, por exemplo, que são série mais contemporâneas, é completamente diferente, sendo mais natural, e não artificial, com um elenco “envelhecido”.

O seriado é uma história de amor, de família, contada por intermédio das lentes do basquete. É na quadra que a trama se inicia, é na quadra que o drama se desenrola. É nesse espaço que Lucas consegue mostrar o seu talento como jogador, por mais que existem pessoas que tentam diminui-lo, como Nathan e os seus amigos. Contudo, neste ponto em específico, percebemos que Nathan só se comporta como um vilão intragável pelo fato de ele ter sido moldado pelo pai desde pequeno, ou seja, ele não tem autenticidade, muito menos autonomia em suas próprias atitudes, que o fazem ser um tremendo de um idiota. E assim como em Gilmore Girls, em que as protagonistas fazem jus ao nome em português, visto que ambas as Lorelai’s são literalmente Tal Mãe, Tal Filha, em One Tree Hill, Dan e Nathan podem ser considerados Tal Pai, Tal Filho, isto é, desagradáveis e, claro, iguais. O filho é tão malcriado e rebelde, que ele colocou um piercing no mamilo mesmo sendo menor de idade e, pasmem, ele toma banho junto com as namoradas na casa dos pais sem nenhum pudor ou cerimônia. 

Portanto, a série mostra uma trama sobre família, amizade, amor e desavenças, em uma pacata cidade interiorana da terra americana. Segredos do passado e decisões atuais acabam refletindo nas relações humanas, sejam as conjugais, sejam as afetivas. Como o próprio criador disse em entrevistas à época do lançamento, One Tree Hill, para Mark Schwahn, é “Caim e Abel [nomes bíblicos] em um time de basquete do Ensino Médio”, sendo uma excelente definição para o seriado. Só me incomodou a morosidade e a calmaria de Lucas até ele de fato escolher ser jogador de basquete, que ocorreu apenas no final do episódio, porque ele foi extremamente devagar, quase parando: levou 42 minutos para ele, enfim, entrar no time da escola. Haja paciência para esperar ele tomar a decisão, não é mesmo?! Para finalizar, não posso deixar de fazer a seguinte menção honrosa: fiquei estarrecido de não ter havido a aparição da icônica personagem Brooke Davis (Sophia Bush), que só “deu o ar da graça”, em One Tree Hill, a partir do segundo episódio da primeira temporada. 

One Tree Hill 1×01: Pilot (EUA, 26 de setembro de 2003)
Criação: Mark Schwahn
Direção: Bryan Gordon
Roteiro: Mark Schwahn
Elenco: Chad Michael Murray, James Lafferty, Hilarie Burton Morgan, Bethany Joy Lenz, Paul Johansson, Sophia Bush, Barry Corbin, Craig Sheffer, Moira Kelly, Antwon Tanner, Bryan Greenberg, Samantha Shelton, Lee Norris, Colin Fickes, Brett Claywell, Cullen Moss
Duração: 42 minutos

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais