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Crítica | Entre Risos e Lágrimas

por Melissa Andrade
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Filmes são obras de ficção, criados para simular aquilo que conhecemos, mas que não necessariamente existe. Diferente dos documentários. No entanto, alguns filmes conseguem chegar bem próximo da realidade simplesmente por entenderem como funciona e usar de uma linguagem apropriada.

Talvez por isso as comédias românticas pareçam tão irreais para nós e ainda assim, seja o desejo secreto de nove entre dez mulheres. Mas, sejamos objetivos, nada ali é remotamente similar ao que de fato vivemos. Nenhuma mulher acorda com penteado perfeito, sombra nos olhos e pele lisa e impecável. Não. Olheiras, cabelo desgrenhado, mau hálito e marcas de travesseiro no rosto são muito mais reais. Mesmo que nem todas admitam isso.

Dessa forma, filmes como Entre Risos e Lágrimas que é claramente uma ficção acabem se tornando tão interessante por sua honestidade. Donna Stern, a personagem da atriz Jenny Slate é uma mulher normal, de beleza normal e corpo normal. Seu maior atrativo é o humor ácido que usa nas suas apresentações de stand up em bar local no Brooklyn onde faz piadas de situações que aconteceram a ela mesma. Porém, seu namorado não gosta muito e aproveitando o gancho, decide por um fim ao relacionamento. Arrasada Donna não mais consegue se apresentar ou mesmo encarar a vida de modo animado como fazia antes. Somado a isso, sua mãe tem lhe pressionado sobre escolher outra carreira e a livraria em que trabalhava está fechando as portas.

É então que ela conhece Max, alguém com quem tem uma noite divertida e um encontro casual. Pela manhã ela sai da casa dele e está pronta para retomar as rédeas de sua vida. Só não esperava que a noite divertida fosse lhe render uma gravidez. Mesmo decidida a fazer um aborto, Donna vai confrontar a realidade de ser realmente uma mulher e não apenas fazer piadas a respeito. Enquanto isso tenta encontrar uma maneira de contar a verdade para Max que tem demonstrado cada vez mais estar interessado nela dificultando um pouco as coisas.

A beleza de Obvious Child está em fazer piada da própria desgraça, de maneira sarcástica, intensa e que continue engraçado. Isso é claro, sem deixar de mencionar a sinceridade absurda no desempenho de Jenny Slate que é o que garante o sucesso do filme. Fica fácil acreditar em tudo o que ela está passando, pois é natural e honesto, simples assim. A quase relação dela com Max não é perfeita, não vai ser perfeita, nem estava escrito nas estrelas nem nada do gênero. Ela possui percalços e é bem mais agradável vê-la lidar com essas diferentes situações do que o clássico “garota-encontra-garoto-mas-garoto-tem-ex-que-atrapalha-e-no-final-tudo-fica-bem” ou qualquer coisa similar.

Os diálogos ultra sinceros são um prato cheio e foram muito bem escritos por Gillian Robespierre que também assina a direção. Resumindo, um filme que vale a pena ser visto.

Entre Risos e Lágrimas (Obvious Child | EUA, 2014)
Direção: Gillian Robespierre
Roteiro: Gillian Robespierre
Elenco: Jenny Slate, Jake Lacy, Gaby Hoffmann, Gabe Liedman, David Cross, Richard Kind, Polly Draper, Paul Briganti, Cindy Cheung, Stephen Singer
Duração: 84 min.

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