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Crítica | Obi-Wan Kenobi – Parte IV

Uma nova esperança?

por Ritter Fan
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  • spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios da série.

Sei que a primeira reação de muitos a esse episódio será algo como “ah, mas foi muito fácil Kenobi entrar na base dos inquisidores e salvar Leia”. E foi mesmo. Mas e daí? Afinal, sem sequer um plano minimamente pensado com antecedência, ele mesmo, juntamente com o irmão gêmeo de Leia e dois contrabandistas conseguiram entrar na primeira Estrela da Morte, uma estação espacial bélica inteiramente operacional, sem serem detectados para salvar a mesma princesa. Diria que, apesar do tempo naturalmente mais apertado aqui pelo formato da série, o resgate neste quarto capítulo foi até mais cheio de partes móveis e menos dependente da sorte do que o que vimos em 1977.

E foi divertido da mesma forma. Porque sim, esse episódio, infelizmente, não teve o subtexto que lida com o trauma psicológico de Obi-Wan Kenobi, sendo, apenas, um momento de pura ação descompromissada com o personagem titular fazendo dupla com Tala, o que retira sua substância mais apetitosa, deixando-o raso, mas não menos divertido. Aqui, vemos Kenobi um pouco mais confiante que, mesmo ferido, manipula a Força de maneira variada e não se furta de usar seu sabre de luz com, talvez, um tantinho mais de estilo do que o estritamente necessário, mas que dá para aceitar. Da mesma forma, temos uma Terceira Irmã ainda completamente caricata, no estilo “rangedora de dentes”, mas que, em contraste com a pequena Leia (ainda chata, mas indubitavelmente fofa), cria momentos simpáticos que, concordo, não trazem tensão alguma, mas que funcionam dentro do contexto.

O que eu não entendi muito bem é que informação que Reva queria arrancar da menina, pois eu não me lembro de ela saber tanto assim sobre o tal Caminho nos cinco minutos em que ela teve contato com Tala. Aliás, eu não me lembro de ela saber qualquer coisa sobre os proto-Rebeldes, pois, afinal porque ela haveria de saber? Por outro lado, não quero crer que tudo tenha sido uma encenação por parte da obsessiva inquisidora somente para conseguir inserir um rastreador em L0-La. Seria extrapolar demais minha apreciação levemente acima do mediano pelo episódio. Devo ter perdido algo no capítulo passado e não estou com muita vontade de ver de novo para fazer o tira-teima.

Outra coisa que me causou espécie foi o tal “segredo” da base dos inquisidores. Quer dizer que eles têm um museu de cera subaquático com todos os Jedi que eles mataram? Não fico nem preocupado com o quanto isso é macabro, pois nem é tanto assim (acho mais macabro cabeças de animais empalhados pendurados na parede como efeites). O que eu queria entender é porque raios isso precisa ser algo tão bem escondido, até porque o sádico que mandou fazer essa coleção (não acho que tenha sido o Vader, mas sei lá…), sempre que quiser conferi-la, terá que cortar um dobrado para chegar até o local. Não seria melhor decorar o saguão de entrada com os defuntos empalhados? Ou talvez nos corredores? Ou será que a coleção tem outro propósito (se for para extrair midi-sei-lá-o-que eu desisto…)?

Mas, voltando a falar de aspectos positivos, gostei muito do uso da tecnologia StageCraft no episódio em combinação com uma generosa quantidade de extras com fardas ou armaduras, além de dróides variados. Claro que grande parte da apreciação vem da óbvia tentativa do design de produção em emular o interior da futura Estrela da Morte, mas não só isso faz perfeito sentido, como toda a equipe está de parabéns por criar a perfeita ambientação nostálgica que dialoga muito bem com o Império como o conhecemos originalmente. E, melhor ainda, apesar da escuridão, a fotografia usou muito bem os reflexos disponíveis para manter tudo em uma penumbra consideravelmente melhor do que a que vimos no episódio anterior.

O problema da série é, para mim, o abandono de contornos potencialmente muito mais interessantes que foram esboçados principalmente no primeiro capítulo, ou seja, toda a solidão, o medo, a culpa e a tristeza de um grande Jedi que viu seu pupilo bandear-se para o Lado Sombrio da Força e um Lorde Sith que saiu debaixo das barbas de todo mundo tomar o controle da galáxia. Sem essa abordagem, o que sobra é algo que apenas ocasionalmente nos faz levantar as sobrancelhas (como a sequência da chegada de Vader no vilarejo no episódio anterior), sem nunca realmente tentar ir além do básico. Mas já pensaram se, pela Parte IV ter emulado o Episódio IV, a Parte V tentar fazer o mesmo com o Episódio V? Hummm…

Obi-Wan Kenobi – Parte IV (EUA, 08 de junho de 2022)
Direção: Deborah Chow
Roteiro: Joby Harold, Hannah Friedman
Elenco: Ewan McGregor, Vivien Lyra Blair, Moses Ingram, Hayden Christensen, James Earl Jones, Sung Kang,
Rya Kihlstedt, Indira Varma, O’Shea Jackson Jr., Maya Erskine
Duração: 38 min.

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