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Crítica | O Trem do Terror

Slasher equivocado é puro tédio.

por Leonardo Campos
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Antes da rentável Safra 1981 do subgênero slasher, diversos realizadores aqueceram o peculiar ano para este segmento com outro feixe consideráveis de tramas envolvendo mortes em sequência, um antagonista mascarado, jovens incautos em busca de diversão e segredos do passado que retornam para atormentar os personagens do presente, geralmente como uma cobrança por algo inadequado cometido e enterrado na memória de todos, menos na visão daquele que busca a sua vingança milimetricamente planejada. Assim é O Trem do Terror, slasher morno e arrastado, levado num ritmo razoável que se acelera nalguns trechos, mas em linhas gerais, fica devendo bastante no quesito emoção e conteúdo. Tudo bem que após tantas incursões neste tipo de trama, tornou-se cada vez mais complicado criar algo substancial que não fosse a repetição exaustiva de coisas realizadas anteriormente. O problema é que aqui os envolvidos pecam na condução de algo que deveria ser, no mínimo, empolgante.

Lançado em 1980 e com Jamie Lee Curtis como outra final girl acossada por uma misteriosa figura mascarada, O Trem do Terror dialoga com outras produções com o perigo estabelecido dentro de um transporte ferroviário, tais como Expresso Macabro e Expresso do Horror. Com as pitadas de Halloween: A Noite do Terror e as diretrizes do proto-slasher dominante na década de 1970, o cineasta Roger Spottiswoode assumiu o roteiro da dupla formada por Daniel Grodnik e T Y Drake, criadores da seguinte estrutura dramática: o jovem Kenny Hampson (Derek McKinnon) passa por terrível trauma depois que os seus colegas de faculdade pregam-lhe uma terrível peça, fruto da mente perversa de Doc Manley (Hart Bochner). Eles utilizam Alana Maxwell (Curtis) como isca para leva-lo até um quarto, tendo em vista permitir a sua primeira incursão sexual com a desejada garota. No entanto, os planos reais são outros.

Eles colocam um cadáver sintético de uma mulher na cama, situação que acaba em transtorno, levando-o a ser internado numa clínica psiquiátrica. Após três anos, a história parece esquecida. O grupo envolvido programa uma festa de formatura num trem, espaço ideal para sexo, bebidas e muita diversão. O que eles não sabem é que há um assassino no local, louco para colocar os seus anseios para fora e aniquilar o máximo de vidas possíveis. Logo antes da viagem começar, um deles pede socorro antes de finalmente morrer, mas ninguém acredita, afinal, o personagem é costumeiramente palhaço, conhecido por brincar demais e pregar sustos em todos. Deixado para trás, ninguém sente falta da figura, até mesmo porque a viagem tem como proposta ser uma festa onde todos estão fantasiados. Há David Copperfield interpretando a si mesmo, num evento com truques de mágica e outros elementos para garantir a distração durante a jornada.

Poderia dizer que não demora para alguns começarem a perceber que as pessoas estão morrendo, mas seria uma afirmação indevida. Demora sim, bastante. São 97 minutos que parecem uma eternidade em O Trem do Terror. A viagem para os personagens parece divertida, mas para nós, espectadores, é um espetáculo tedioso. Os figurinos de Penny Hadfield garantem a versatilidade de fantasias, em especial, a do assassino, presente não apenas com a máscara de Groucho Marx que apareceu na campanha de marketing do filme, mas também outros trajes, tudo em prol de confundir os tripulantes. A direção de fotografia consegue estabelecer alguns acertos, dando conta de tornar o interior do trem, local concebido pelo igualmente assertivo design de produção de Glenn Bydwell, um espaço ideal para confinar vítimas em pânico.

Ademais, com uma trilha sonora razoável e proposta interessante, mas aproveitada sem esmero, O Trem do Terror é um daqueles filmes que merecia uma ótima refilmagem, algo que até então não aconteceu assumidamente, haja vista outras tramas com o transporte em questão como espaço para crimes sangrentos, no entanto, sem conexão alguma com esta narrativa falha, monótona, boba e demasiadamente óbvia. Falta emoção, ritmo e personagens mais interessantes. Além da protagonista de Curtis, o filme também conta com os demais colegas envolvidos no “trote” da fraternidade, bem como o condutor do trem e seus assistentes, possíveis vítimas deste maníaco que revela as suas intenções no desfecho, momento que chega, mas não causa impacto algum, afinal, já estamos sem paciência e desejamos, como a final girl, sair ilesos desta produção em brilho e com doses insuficientes de criatividade.

O Trem do Terror (Terror Train/Estados Unidos– 1980)
Direção: Roger Spottiswoode
Roteiro: T.Y. Drake, Daniel Grodnik
Elenco: Ben Johnson, Jamie Lee Curtis, Hart Bochner, David Copperfield, Derek McKinnon, Sandee Currie, Timothy Webber, Anthony Sherwood, Howard Busgang, Steve Michaels, Vanity
Duração: 89 min.

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