Inserir a temática natalina em produções seriadas devidamente estabelecidas em seu relacionamento de consumo com o público é uma estratégia adotada por quase todos os realizadores diante de suas dinâmicas de criação. Os Simpsons, Os Smurfs, Os Flintstones, Moranguinho, Pica-Pau, Tom e Jerry, dentre tantas outras animações clássicas, cada uma à sua maneira, apresentaram para os seus espectadores, especiais voltados aos desafios diante da necessidade de lidar com a manutenção do espírito natalino. Não teria sido diferente com a versão em animação de Super Mario World, personagem oriundo do mundo dos games, também traduzido para o suporte televisivo, por meio de divertidas narrativas ficcionais curtas, objetivas e com um tom pedagógico, haja vista o público-alvo majoritário ser a criançada.
Aqui, como nas demais produções mencionadas, o Natal é uma época tida como essencial para reflexão sobre a forma como nos relacionamos uns com os outros, por isso, qualquer obstáculo diante deste cenário é motivação para batalhas constantes, até que o clima de solidariedade, bondade e outras coisas associadas ao lado bom da humanidade passe pela recuperação necessária. Uma epidemia de brigas toma conta da região onde vivem os irmãos Mario e Luigi, juntamente com os seus grandes amigos. O que pode estar por detrás disso? É bem possível que o Rei Koopa seja o idealizador das tramoias focadas em destruir a espiritualidade natalina em prol do estabelecimento da maldade.
Preocupados, os irmãos encanadores, neste que é quinto episódio da série, decidem investigar e partir para a resolução da crise, tendo como base de apoio a Princesa Toadstool, única personagem feminina de destaque na jornada destes heróis. A batalha para o reestabelecimento da ordem não será nada fácil, mas a dupla tira de letra. Com o primeiro episódio lançado em 1989 e encerramento no desfecho de 1990, O Super Show dos Irmãos Mario durou 52 capítulos e encantou o seu público-alvo na época, aficionados pela presença dos famosos personagens dos games na dinâmica ficcional televisiva. O especial natalino foi um dos melhores da jornada.
Ao longo do desenvolvimento do especial natalino de Super Mario World, interessante observar a cautela dos realizadores em traduzir os elementos do game para a animação, em especial, as sonoridades peculiares que até hoje marcam aqueles que tiveram o jogo como um escape para momentos diletantes em sua infância e, ainda na atualidade, na fase adulta, como quem vos escreve, por exemplo, um admirador da dinâmica de jogabilidade do clássico. A mensagem do episódio, em linhas gerais, é sobre a importância da solidariedade e da devida compreensão do período natalino, uma época que não deve ser de interesses consumistas. Preconizamos muito os presentes e, nalguns momentos (quase todos), nos esquecemos de outros valores que não estejam associados aos interesses materiais. Enquanto texto é um capítulo interessante da animação, também funcional enquanto entretenimento, pois os personagens se movimentam bem, há um ritmo constante, os gráficos estão equilibrados para a tecnologia da época e apesar de todo o seu apelo educativo, permite que a mensagem seja transmitida sem forças demais, como geralmente acontece com produtos criados para o público infantil, permitindo que o especial se expanda para outros consumidores, como nós: adultos com um maior nível de exigência.
O Super Show dos Irmãos Mario: Especial de Natal (The Super Mario Bros. Super Show) — EUA, 1989
Direção: Dan Riba
Roteiro: Bob Forward, Phil Harnage, Andy Heyward
Elenco: Harvey Atkin, John Stocker, Danny Wells, James Murray, Robert Bockstael, Dorian Joe Clark, Greg Morton
Duração: 12 min.