Home TVEpisódio Crítica | O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder – 2X08: Sombra e Chama

Crítica | O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder – 2X08: Sombra e Chama

Mais introdução do que desfecho.

por Kevin Rick
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos outros episódios da série, e, aqui, de todo nosso material de Senhor dos Anéis.

O season finale do segundo ano de Os Anéis de Poder segue a abordagem narrativa da produção até aqui, com mais preparações do que conclusões. Talvez essa seja a sina da série por ser um prelúdio, gradualmente preenchendo lacunas para desfechos que já conhecemos. Ainda assim, é difícil não ficar decepcionado com Sombra e Chama, que acaba por ser um capítulo focado em amarrar pontas soltas do que verdadeiramente interessado em criar um clímax para a história principal e as suas diversas subtramas, que mais uma vez parecem soltas e desinteressantes no quadro geral do enredo para além de referências e promessas.

Temos bons momentos no episódio, claro, mais uma vez com destaque para os núcleos de Eregion e Khazad-dûm. Particularmente, gosto bastante da conclusão para o drama familiar entre Durin IV e seu pai, de longe o relacionamento melhor desenvolvido no seriado até aqui, com diálogos tocantes e bonitos entre os personagens antes da aparição trágica de Balrog. Obviamente que a morte do rei dos anãos acaba copiando bastante o sacrifício heróico de Gandalf em A Sociedade do Anel, mas não deixa de ser uma sequência poderosa e com ótimos efeitos visuais, ainda que talvez um pouco rápida.

Também gosto dos grandes confrontos de Sauron no episódio, tanto com Celebrimbor, que tem um desfecho trágico, porém triunfante em sua “profecia” em forma de um grande monólogo para a futura queda do antagonista, quanto com Galadriel, que tem conotações mais sentimentais por conta do passado entre os personagens, mas que também conta com bons diálogos e, de longe, a melhor participação da personagem nesta temporada que a deixou um pouco escanteada. Também gostaria de elogiar a boa direção e coreografia na luta entre Sauron e Galadriel.

No entanto, mesmo nesses núcleos tenho algumas críticas a algumas cenas “jogadas”. A chegada dos anãos em Eregion é tão súbita quanto indiferente, sem o impacto narrativo que merece, tampouco com o tempo de tela merecido, já que o restante da batalha na cidade é pouco mostrada. A fuga de Galadriel também é mal dirigida e mal construída no episódio, sendo facilmente capturada, sem falar que a “mudança de coração” de Adar logo antes de ser traído da maneira mais boba possível não me desce bem, com uma despedida agridoce para um personagem que, na minha visão, tinha potencial para ter sido mais relevante. Ainda assim, porém, sua morte perversa na mão de seus filhos enquanto Sauron assiste é dramaticamente marcante.

Fiquei com a sensação de que o núcleo de Eregion merecia mais foco, continuando a abordagem de Que a Morte Escolheu, mas entendo que os roteiristas tinham que passar pelas outras subtramas, que, ressalto, não têm me agrado e que muito claramente tiram a força da série quando se desvia da principal linha narrativa. Basicamente tudo que acontece em Númenor, Pelargir e Rhûn tem um sabor de “cenas dos próximos capítulos“, sendo que pouca coisa aqui chama minha atenção, principalmente em Númenor e Pelargir. Continuo sem entender a lógica por trás da tomada de poder de Pharazôn e agora essa caçada aos fiéis (ainda mais após a façanha de Míriel), tampouco me interesso pela historinha de Isildur e sua namorada ou Theo, que agora por algum motivo totalmente sem sentido é o líder da colônia.

Em Rhûn, acho que as coisas finalmente andaram, com a revelação de que o estranho é Gandalf, que agora seguirá em seu caminho contra Sauron, enquanto os pés-peludos devem sair em busca do Condado. O desvio entre os personagens tem lá sua emoção e penso que serviu para estabelecer a relação de Gandalf com os pequeninos antes de um certo Hobbit entrar em cena, mas é uma trama que ficou muito estagnada ao longo de duas temporadas e que entregou uma recompensa apenas razoável no embate final com o Mago Sombrio (possivelmente Saruman?). Nessa temporada em si, quase não vimos esses personagens, então a participação nesse episódio soou quase protocolar para finalizar o arco de Gandalf no seu encontro final com Tom Bombadil (outro que veio para fazer hora extra, apesar da musiquinha final ter sido divertida).

Sombra e Chama é um episódio que considero quase regular, colocando-o ainda como um resultado final razoavelmente positivo por conta de alguns bons momentos em Eregion e Khazad-dûm, além de que algumas das pontas amarradas geram curiosidade, especialmente a nova intriga familiar com a disputa pelo trono de Durin III e a nova jornada de Gandalf agora que tem suas memórias (ou pelo menos parte delas) de volta. Mas, sei lá, apenas “ok” continua sendo uma régua muito baixa para um material tão rico como esse, que claramente merece mais. Mesmo assim, é difícil não ficar feliz com o final inspirador e triunfante dos Elfos, que mais uma vez irão partir para a batalha contra a escuridão.

O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder – 2X08: Sombra e Chama (The Lord of the Rings: The Rings of Power –2X08: Shadow and Flame | EUA, 03 de outubro de 2024
Criação:
J. D. Payne, Patrick McKay (baseado no universo de J. R. R. Tolkien)
Direção: Charlotte Brändström
Roteiro: J. D. Payne, Patrick McKay
Elenco: Morfydd Clark, Charlie Vickers, Will Fletcher, Lenny Henry, Sara Zwangobani, Thusitha Jayasundera, Maxine Cunliffe, Dylan Smith, Markella Kavenagh, Beau Cassidy, Megan Richards, Robert Aramayo, Benjamin Walker, Ismael Cruz Córdova, Geoff Morrell, Nazanin Boniadi, Tyroe Muhafidin, Charles Edwards, Daniel Weyman, Owain Arthur, Sophia Nomvete, Peter Mullan, Rory Kinnear, Ciarán Hinds
Duração: 72 min.

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